“Ao aceitar a entrada de dirigentes do PAIGC na sede do MADEM-G15, Braima Camará pisou a linha vermelha e deve abandonar o partido. Imediatamente. Se não renunciar o cargo de Coordenador o mais breve possível, no futuro, será obrigado a deixar o partido e não vai gostar”. Palavras de José Carlos Macedo, Coordenador do MADEM para a região de Gabú, suspenso há mais de 3 meses. Para ele, a entrada de dirigentes do PAIGC na sede do MADEM “é uma traição à memória daqueles que foram expulsos, e que se lutaram para a criação desta formação política”.
Numa reunião convocada a revelia das estruturas do partido na região de Quínará, mas com o objectivo de incentivar a criação de Movimentos de Apoio para o segundo mandato de Umaro Sissoco Embaló, José Carlos Macedio falou de Braima Camará como um líder que perdeu rumo, que dispõe neste momento de três dirigentes (Abdú Mané, Djibril Baldé e Abel da Siulva) para falarem em nome do partido, sem que os verdadeiros responsáveis (demais Coordenadores) sejam consultados. Nas suas declarações, Macedo Monteiro enalteceu o papel que Umaro Sissoco Embaló jogou e tem jogado para o desenvolvimento do país, mas sobretudo na afirmação do MADEM, enquanto partido político. “Por isso estou a apoiá-lo. Não sou ingrato. O Coordenador do MADEM está a ser ingrato para com o Presidente da República”, acusou Macedo.
A título de exemplo revelou que, Sissoco Embaló foi quem comprou todas as viaturas que os dirigentes usam actualmente, mas está a ser alvejado por Brauima Camará, por recusar instituir atribuição de 25 milhões de Fcfa mensais ao Coordenador. “Braima Camará embirrou-se com Umaro Sissoco Embaló, simplesmente porque aquele não aceitou disponibilizar 25 milhões de Fcfa para ele cada mês. Foi esta a única razão da sua revolta e que trouxe toda essa polémica. Todos sabem disso, porque o Braima Camará cita Macky Sall como seu testemunho nesse acordo com Sissocvo. Mas o mais grave é que, Braima Camará esqueceu-se dos favores que recebeu no passado do actual PR. Por exemplo, receber 3 biliões de Fcfa para Mbatonha como propriedade de terreno, foi graças a intervenção de Umaro Sissoco. Quem é que não sabe que, Mbatonha não custa aquele valor”, questionou, para depois assegurar que, Domingos Simões Pereira tinha razão quando se opôs a este pagamento no parlamentio.
Para José Carlos Macedo, Braima Camará é um corrupto, tendo em conta a forma como tem gerido o partido e como aconteceu com a CCIAS. “Por isso, disse no outro dia e volto a repetir: queremos auditoria geral as contas do MADEM e na CCIAS. AS contas da CCIAS precisam de serem auditadas para sabermos quem foi Braima Camará como presidente da organização e Como Coordenador do MADEM. Como deputado sou descontado 1.2 muilhões de Fcfa por ano. Já fiz duas legislaturas. Façam contas com 27 deputados e depois com 29”, insistiu Macedo.
No mesmo diapasão alinhou, Sandji Fati. O ex-ministro da Defesa faz parte da nova dupla de José Carlos Macedo nos ataques ao Coordenador entende que, Braima Camará tem limitações para estar a frente do partido e sente a inveja daqueles que relacionam com o Chefe de Estado. “Digam-me uma coisa: tenho a obrigação de restituir a Braima Camará o resultado das missões que o General Sissoco me confia? Portanto é este o nosso problema. Mas ele deve saber que não sou burro”, revelou.
No fundo, os dirigentes não alinhados com Braima Camará estão determinados em ver os Movimentos de apoio ao segundo mandato criados o mais rápido possível. José Carlos Macedo não tem dúvidas de que, sozinhos, vão ganhar as eleições na primeira volta. “Mas estamos a falar de Movimentos que vão servir à Sissoco Embaló, mas também ao MADEM. Uma coisa, posso garantir. Nas circunstâncias actuais, organizando as eleições, o MADEM não consegue sequer 10 deputados. Por isso, Braima Camará tem de sair”.
Nesta perspectiva, Sandji Fati prefere ir buscar o histórico de Braima Camará para demonstrar uma total incoerência. Primeiro, porque Braima Camará, em 2023 apoiou a dissolução do parlamento depois do caso 6 biliões de Fcfa, a seguir apareceu no Aeroporto a dizer que regressou para vir morrer no seu país.
“Quando ouvi isso, fartei-me de rir. Perguntei a mim mesmo: então para morrer precisas de despedir? Não. Vá e enforca-te”, disse Sandji Fati, para reforçar a falta do perfil de liderança de Braima Camará. Também lembrou que, antes das eleições legislativas, Braima Camará prometeu que, se não atingisse 30 deputados deixaria o cargo. “Ficou nos 29 e foi inventar as pessoas num Conselho Nacional para poder permanecer no poder. Aqueles que diziam ‘ali na tchora’, outros ‘nó cana seta es Coordenador’. Tudo foi encenação”, denunciou para acusar o Coordenador de estar agarrado a liderança do partido.
Ele ainda se referiu aos partidos que apoiam Umaro Sissoco como PRTG, RGB, CNA e demais outros, para enaltecer a visão dos mesmos em relação ao PR que segundo disse, está a fazer muita coisa em prol da Guiné-Bissau.