A Capital da Guiné-Bissau está praticamente num estado de sítio. Em todas as ruas, quer no centro da cidade como nas artérias, estão concentradas as forças de ordem. Polícias fortemente armados, incluindo militares, estão todos em posição de acção. Objectivo: travar a marcha agendada para hoje (8) pela coligação vencedora das eleições de 4 de junho, em protesto contra a decisão do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló de dissolver o parlamento e demitir o Governo da XIª legislatura. No interior do país, um cidadão de nome, Dionísio da Silva, militante do PAIGC denunciou ter sido bloqueado em casa por forças de ordem, com acusações de querer promover a marcha na região. Mais tarde a sede das nações Unidas foi invadida pela polícia que, para dispersar os manifestantes, lançou gás.
Quando eram 10 horas, ocorreram os primeiros incidentes nas zonas de Chão de Papel, arredores do centro da cidade. Um grupo de cidadãos que preparava para participar na marcha foi recebido pelas forças de Ordem com gás lacrimogéneo provocando assim uma debandada total não só nos mesmos, como nos demais cidadãos que faziam as suas actividades.
O ataque aos cidadãos não se circunscreveu apenas em Bissau. No interior do país, na região de Quinará, Dionísio da Silva, jovem militante do PAIGC, denunciou na sua página que, estavam estacionados a porta da sua residência dois carros cheios de polícia com o objectivo de detê-lo, por alegadamente ser mentor da marcha na província. Num post na sua página Facebook, intitulado “Falso alarme”, ele escreveu o seguinte.
“Duas viaturas dos “homens” estacionados junto a minha residência com intrusões para me prender alegando que sou protagonista de marcha na província. Irmãos eu sou cidadão muito esclarecido e muito bem preparado, conheço os meus direitos e deveres; conheço igualmente caminhos para os exercer; nem preciso esconder para fazer prevalecer os meus direitos. Agradeço jovens de toda província e a minha família que estão aflitos neste momento”, escrever. Da Silva acrescentou “estou e estarei sempre bem enquanto não fiz nada de errado” e rematou: “O POVO JAMAIS SERÁ VENCIDO”.
O uso da força foi evidente. No dia anterior a marcha, o Ministério do Interior fez circular um pouco por todo o país, camiões cisternas capazes de produzir água quente. Esses camiões passaram um pouco por todas as artérias de Bissau, como forma de demonstrar a existências de condições de dissuasão de qualquer tentativa de manifestação.
Apesar de toda a exibição de força, a população não se deixou intimidar. Era perceptível em cada uma das zonas da capital, a disposição das pessoas para aquilo que chamam de “exercício do direito da cidadania”, quie conforme disseram está claramente a ser negada por Umaro Sissoco Embaló.
Na outra margem da cidade, está o bloqueio de acesso às entradas da sede do PAIGC. Militares e Polícias fortemente armados foram colocados nas zonas que dão acesso a sede do maior partido da Coligação vencedora das eleições de 4 de Junho e até transeuntes naquela via eram impedidos de passar.
O ataque da manhã turbulenta em Bissau passou nos corredores da diplomacia. Foi uma espécie de chute final. E transformou-se numa autêntica maratona entre os pretensos marchantes e as forças de defesa e segurança com a meta a ser a sede das Nações Unidas (NU). Quando um grupo de manifestantes tentava dirigir para a sede das nações Unidas, a Polícia interviu e lançou gás lacrimogéneo. Na sede das nações Unidas a concentração foi mais numerosa e fez com que a polícia forçasse a dispersão. E terá sido nessa tentativa que, granadas lançadas foram cair no interior da sede da ONU.
Na imagem pode ver-se no fundo dois agentes da Polícia, quando eles mesmos já tinham o controlo da situação, dispersando todos os marchantes.
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