Política

Coligações da oposição criticam militares e ameaçam encher as ruas de manifestantes  

Os partidos agrupados nas Coligações PAI Terra Ranka e API Cabaz Garandi estão a concertar posições a fim de promoverem vagas de manifestações de rua até o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, anunciar a nova data das eleições. A Coligação API Cabaz Garandi, encabeçada pelo partido MADEM-G15, acusou publicamente o Estado-maior General de ser suporte de Umaro Sissoco Embaló na violação dos direitos políticos e civis na Guiné-Bissau.

O seu Coordenador interino, Baciro Djá, ex-Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, advertiu esta segunda-feira 11 de Novembro que, se o chefe de Estado não marcar as eleições no prazo de 72 horas serão promovidas manifestações que vão coincidir com o 16 de Novembro, dia das Forças Armadas guineenses, ocasião em que o Presidente da República (PR) tem aproveitado para assinalar a data da Independência, 24 de Setembro.

As acusações foram proferidas a 10 de Novembro, no primeiro encontro das estruturas nacionais da API que serviu para reagir publicamente à recente decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de negar todas as candidaturas da coligação para as eleições de 24 de Novembro, entretanto adiadas.

Nesse encontro, Fidélis Forbs, na qualidade de Coordenador Interino do MADEM, afastou qualquer possibilidade do seu partido ceder face a estas pressões do STJ. Tendo sustentado que o Acórdão que impede as candidaturas, não só foi encomendado, como constitui uma estratégia do PR junto dos seus pares na CEDEAO para justificar a não realização das eleições.

“Todos sabemos que a CEDEAO recebeu a promessa de que haveria eleições no dia 24 de Novembro. Não querendo fazer as eleições, porque sabem da derrota eminente, decidiram vergar para este expediente de manipulação da justiça. Tudo aquilo que o STJ escreveu é falso. Primeiro, porque não havia nenhum interesse, uma vez que as eleições foram adiadas; segundo, porque a condição colocada a certos militantes de renunciarem para serem aceites, é impossível e nem faz parte da lei”, disse Fidelis Forbs.

Na sua intervenção, o coordenador interino do MADEM, ala de Braima Camará, considerou ser urgente desencadear as manifestações e que estas não devem ultrapassar 15 de Novembro. “Este país só tem um órgão de soberania. Não há Governo; não há ANP e não há Tribunais. Não podemos admitir isso”, vincou.

Ao intervir no acto, Fernando Dias, presidente de uma ala do PRS, criticou o facto de a ala adversa no seu partido, que integra Plataforma Republicana ‘Nô Kumpu Guiné’ que apoia Umaro Sissoco Embaló, de terem em posse a bandeira do PRS mas não a hastearem. “É a primeira vez que o PRS vai as eleições sem a sua bandeira. Mas sabem a razão, o STJ deu-lhes a bandeira e nós ficamos com as massas”, tendo acrescentado que compreende os verdadeiros motivos de “esta história de renúncia”.

Para Fernando Dias, se os militantes da sua ala no PRS aceitarem as renúncias, no momento do Congresso ordinário, não poderão participar devido à renúncia. “Por isso, prefiro não concorrer a deputado, mas continuar militante do PRS”, disse Dias. O ex-primeiro-ministro de Baciro Djá mostrou receptivo manifestar com a Coligação PAI Terra Ranka para exigir a reposição da democracia.

No entanto, Baciro Djá defende que uma das condições manifestação colectiva é a Coligação PAI Terra Ranka exigir a saída dos seus militantes que fazem parte do actual Governo, uma vez que o primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros consta na lista de candidatos a deputado da Coligação.

“No dia 2 de Novembro, a Coligação PAI Terra Ranka deu abertura à campanha e foi agredida pelas forças de ordem. Portanto, foi PAI Terra Ranka que agrediu PAI Terra Ranka. Por isso, devem demitir no espaço de 72 horas. Exigimos mesmo a demissão deste Governo dentro de 72 horas pela incompetência em não realizar as eleições. Dizem que este Governo é de gestão. Não! É um Governo de missão, e a sua missão era organizar as eleições. Ao não conseguir, deve demitir-se”, exigiu o ex-primeiro-ministro.

 

Biaguê Na Ntan atacado

“Há dias assistimos às promoções militares”, disse Baciro Djá, que recordou ao Presidente da República que o ex-primeiro-ministro já foi presidente do Instituto de Defesa e que conhece “muito bem as estruturas”.

“Sabemos o alcance e o objectivo dessas promoções. Mas quem eu gostava aqui de lembrar, é o Biaguê Nan Tan. Dizer que, se não tivermos a data das eleições dentro de 72 horas, não haverá a comemoração do dia das Forças Armadas. Esta luta, vai começar até quando Umaro Sissoco Embaló respeite as normas”, prometeu.

Segundo Baciro Djá, a Coligação PAI Terra Ranka e Cabaz Garandi, representam 92% dos deputados, pelo que não podem temer as acções de rua, ou permitir que “um único indivíduo manipule as instituições como quer”.

Nesta segunda-feira, 11 de Novembro, poucas horas depois da conferência de imprensa, teve lugar um encontro entre as lideranças das duas coligações da oposição, para concertarem as posições sobre as manifestações de rua visam a pressionar o PR a marcar a data das eleições.

Os partidos vão exigir que sejam eleições legislativas e presidenciais simultâneas, tendo em conta que, o mandato de Umaro Sissoco Embaló termina a 27 de Fevereiro de 2025.

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