Na linha de frente do combate à mortalidade materna, as parteiras continuam, no entanto, amplamente esquecidas nas políticas de saúde pública. Por ocasião do Dia Internacional dedicado a eles, comemorado em 5 de maio, o UNFPA e seus parceiros relembraram fortemente seu papel vital em sistemas de saúde frágeis. De Ouagadougou a Abéché, vozes se levantaram para alertar sobre a necessidade urgente de investimento massivo nesta profissão, o pivô silencioso de um futuro mais justo para mães e recém-nascidos.
Todos os anos, no dia 5 de maio, a comunidade internacional presta homenagem às parteiras, profissionais que muitas vezes são invisíveis, mas essenciais nos sistemas de saúde. O tema escolhido para a edição de 2025, “Parteiras: essenciais em todas as circunstâncias”, repercutiu particularmente nos países da África Ocidental e Central, onde a mortalidade materna e neonatal continua entre as mais altas do mundo.
Por ocasião deste dia, o escritório regional do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) reuniu partes interessadas na saúde reprodutiva e jornalistas que são membros da Rede Africana de Mídia para a Promoção da Saúde e do Meio Ambiente (REMAPSEN) durante um webinar para discutir desafios persistentes e iniciativas em andamento.
Uma profissão na linha de frente diante de números alarmantes
A observação feita pelo Dr. Senenn Hounton, diretor regional do UNFPA, é inequívoca: “Mais de 500 mulheres morrem todos os dias em contextos frágeis, devido a complicações relacionadas à gravidez ou ao parto. Em nossa região, uma mulher morre a cada quatro minutos. Um recém-nascido morre a cada 17 segundos. Uma em cada três meninas se torna mãe ainda criança.” Esses números, ele ressalta, poderiam ser radicalmente reduzidos com o fortalecimento do papel e do número de parteiras. “Eles não apenas trazem crianças ao mundo. Eles salvam vidas, muitas vezes em condições extremamente difíceis”, insistiu o funcionário da ONU.O Relatório sobre o Estado da Obstetrícia de 2024 estima que mais 100.000 parteiras precisariam ser treinadas e enviadas para a região até o final de 2025 para atender a 90% das necessidades essenciais de saúde materna.
Burkina Faso como exemplo
Convidado a compartilhar a experiência de seu país, o Ministro da Saúde de Burkina Faso, Dr. Robert Lucien Jean Claude Kargougou, destacou os esforços feitos apesar do contexto de segurança tenso. “O governo manteve sua prioridade para a saúde materna, com cerca de 12% do orçamento nacional alocado para o setor”, disse ele. Entre as estratégias implementadas: o aumento da contratação de parteiras, a sua implantação em todo o país, o reforço das escolas de formação, mas também a assistência materna e neonatal gratuita e o tratamento de patologias como a fístula obstétrica. Segundo ele, o monitoramento semanal dos óbitos maternos também ajuda a fortalecer a capacidade de resposta do sistema. Essas medidas, segundo o ministro, “contribuíram para melhorar significativamente a saúde de mães e crianças em Burkina Faso”.
Iniciativas regionais destacadas
Outros países aproveitaram este fórum virtual para mostrar seu progresso. O Chade, por meio do Dr. Khadjidja Ahmat Abgrene, Diretor de Saúde Pública e Prevenção, enfatizou os esforços de implantação em áreas rurais. Ao lado dela, a Sra. Halimata Ahoudou, uma parteira de Abéché, compartilhou as realidades no local, muitas vezes marcadas pela falta de equipamentos e pessoal.
Mali e Serra Leoa também demonstraram, por meio das vozes de profissionais atuantes, seu comprometimento, apesar das condições às vezes precárias. Ao longo das apresentações, surgiu uma observação compartilhada: a de um profundo desequilíbrio entre as necessidades gritantes em saúde reprodutiva e os recursos disponíveis. Informar para agir Após as apresentações, os jornalistas do REMAPSEN puderam interagir com os palestrantes. Essas discussões permitiram uma compreensão mais profunda das questões relacionadas ao treinamento, reconhecimento e proteção das parteiras em suas missões. O presidente da REMAPSEN, o marfinense Bamba Youssouf, comemorou uma “iniciativa valiosa” que permite documentar, transmitir e levar aos tomadores de decisão as realidades vividas por esses atores-chave no sistema de saúde. “Visibilizar o papel das parteiras significa contribuir para o seu reconhecimento e para a melhoria das condições de saúde das mulheres e das crianças”, concluiu.