O Presidente da República saiu em defesa de si próprio contra as acusações de estar a criar um Governo sombra, através de nomeações e equiparações para se opor ao executivo da coligação PAI Terra Ranka. No acto de empossamento de Nuno Nabian, Marciano Silva Barbeiro e Fernando Mendes, seus novos Conselheiros com equiparados a ministros, o Chefe de Estado falou aproveitou para falar do assunto, refutar as acusações e explicar os motivos das nomeações.
Disse que entre alguns deles, as funções antes exercidas obrigam ao PR a não baixá-los e lembra que outros fizeram o mesmo no passado. Não obstante às explicações dadas, é evidente a contradição entre os passos dados pelo PR há menos de um ano, quando defendeu “radicalmente a contenção das despesas” no Governo de Nuno Nabian, através da exoneração dos seus próprios Conselheiros” e determinação ao Governo para a redução dos assessores. Neste momento, aqueles que o PR está a dar funções, gozam de regalias ainda mais elevadas do que os exonerados.
Depois das eleições legislativas de 4 de Junho último ganhas pela Coligação PAI Terra Ranka, ocorreram profundas mudanças na Presidência da República, onde o Presidente Sissoco Embaló já nomeou mais de 5 Conselheiros com regalias bastante elevadas. Dentre os nomeados, o destaque para o ex-PM, Nuno Nabian equiparado à Primeiro-Ministro e Suzi Barbosa equiparada a ministra de Estado, bem como Marciano Silva Barbeiro.
No acto de empossamento, Umaro Sissoco Embaló considerou os seus conselheiros como sendo colaboradores de primeira linha do PR. “Acho que o Nuno Nabian tem agora a missão mais exigente. Como Conselheiro especial deverá auxiliar o PR em todos os aspectos”, destacou.
Em relação às críticas sobre o número de Conselheiros que muitos consideram de Governo sombra e com demais intenções, principalmente no caso de Nuno Nabian, equiparado à Primeiro-ministro, o Chefe de Estado reagiu.
“Este não é Governo sombra. Jamais faria um Governo sombra para dificultar o Governo legal. Esta é uma estrutura do PR. Devo esclarecer isso. É importante que as pessoas lembrem que em 2007, o Presidente Nino Vieira nomeou Francisco Fadul e Alamara Nhassé dando-lhes essas regalias. Sobre a minha opinião, acho que deviam ter essas regalias, porque foram PM’s. Foi o que fiz. Não podia baixar Nuno Nabian, abaixo das funções que acabou de exercer”.
Em relação ao cumprimento dos seus decretos por parte do Governo, pagando salários devidos, o PR acha que não haverá problemas, porque a decisão já está tomada. As decisões do Presidente da República são Lei. Os outros devem cumprir apenas”, indicou o Chefe de Estado.
Sobre a necessidade de falar deste assunto no acto da posse, o PR acha que era imperativo, porque a própria sociedade se deixa enganar por boatos. “Estou a falar deste assunto, porque devemos esclarecer a opinião pública. As pessoas deixam-se apanhar em contrapé, mesmo nos assuntos que lhes beneficiam”, criticou o Chefe de Estado.
Não obstante as explicações dadas, a verdade é que, essas nomeações contrastam com as manifestações públicas e medidas de contenção que o próprio Presidente da República recomendou e aplicou em 2022. Na altura numa só assentada, o Chefe de Estado exonerou mais de 5 Conselheiros, fundamentadas com a redução das despesas.
Nas últimas semanas, o Presidente Sissoco Embaló fez nomeações que os gastos dos mesmos saltam a vista e podem ser considerados estratégias de desgastes as cofres do Ministério das Finanças.