Artigo de Opinião

Opinião: “Custo da estabilidade”

Nos últimos dias a discussão pública foi tomada por um misto de sentimentos provocados pela indigitação do Primeiro-Ministro e nomeação do Governo resultante dos acordos pós-eleitorais de incidência parlamentar e governativa assinados pela Coligação PAI -Terra com o PRS e com o PTG.
A nomeação do Camarada Geraldo Martins, Vice-presidente do PAIGC e coordenador do programa eleitoral “Terra-Ranka” no cargo de Chefe do Governo foi motivo de regozijo e entusiasmo nos mais diversos quadrantes da sociedade.
Por seu turno, contrastando com o sentimento gerado pela assertividade da escolha do Primeiro-Ministro, o elenco governamental, em primeira reação, não colheu os mesmos níveis de aprovação, tendo dado azo a considerações críticas, algumas compreensíveis e outras injustas.
A formação do Governo é dos exercícios mais complexos e, seguramente, dos mais ingratos. Independentemente do autor e qualquer que seja o critério, as escolhas nunca são isentas de crítica, pela simples circunstância de não existirem Governos perfeitos. Não há Governos perfeitos, mas há Governos bons e Governos maus.
O Governo bom, no seu contexto, é aquele que se revela adequado e capaz de providenciar soluções para os problemas políticos, económicos e sociais imediatos, criando, simultaneamente, fundações para a construção de um futuro coletivo melhor.
Este Governo é bom porque apresenta uma configuração que mitiga o risco e oferece resposta ao nosso maior desafio estrutural: a instabilidade política.
A estabilidade tem um custo (elevado) e a arquitetura pluripartidária do Executivo reflete e justifica o pagamento desse custo para o reforço das condições de governabilidade.
O Governo é bom porque o todo é maior do que a soma aritmética das partes. Tem um perfil eclético, mas agrega e complementa valências criando simbiose entre os seus membros – os mais experientes acompanham e apoiam os mais novos, os mais novos estimulam e não deixam acomodar os mais velhos, enquanto os mais técnicos beneficiam da sensibilidade dos perfis mais políticos, impulsionando a contribuição individual no resultado do coletivo na resolução dos problemas urgentes da população.
O Governo é ainda bom porque formou-se uma equipa competente e eficiente, com recurso a um número mínimo e estritamente necessário de Deputados, cujos perfis foram considerados importantes para assegurar resultados imediatos na governação.
Esta orientação estratégica de não causar hemorragia no Parlamento (incompreendida por alguns), está alinhada com o prepósito de melhor garantir estabilidade à governação, tornar o Parlamento mais produtivo e, ao mesmo tempo, conter iniciativas da oposição que possam perturbar o desempenho do Executivo.
É redutor olhar para o Governo numa perspetiva de pessoas e lugares. A escolha dos membros do Governo obedeceu a uma lógica de gestão dos recursos técnicos e políticos do partido no Parlamento e no Governo, afetando responsabilidade a cada um em função do perfil e dos objetivos de servir o país.
Ao reconhecer e apoiar o mérito da estratégia, não significa que não compreenda alguns dos sentimentos da sociedade e diferentes franjas de militância.
Mas no contexto que vivemos, olhando para dimensão dos desafios e legítimos anseios do povo em ter uma vida melhor, o nosso foco deve ser consolidar a estabilidade, esbater as nossas diferenças, reforçar a unidade e coesão interna, construir soluções, priorizar os ganhos coletivos e, acima de tudo, continuarmos resolutos na defesa das nossas causas e conquistas. Por isso, cada um de nós deve estar comprometido com as responsabilidades em que está investido. Nós no Parlamento seremos a reserva segura e combativa!
Reitero felicitações ao Camarada Geraldo Martins, primeiro-ministro e através dele aos demais membros do Governo, a quem desejo os maiores sucessos nessa nobre e desafiante responsabilidade de governar o país.” Octávio Lopes, Deputado da Nação.

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