Economia

Governo congela salários dos sectores sociais e sindicatos prometem mais greves

O Governo da Guiné-Bissau vive num impasse total com o sector social. Depois de não ser capaz de desmobilizar uma greve de quase seis meses nos sectores de saúde e da educação, o decidiu neste mês proceder os descontos das faltas e consequentemente congelar os salários. Em consequência disso, o Executivo adiou o pagamento tanto dos professores como dos médicos até quando tiver o controlo de quem trabalhou e merece ser remunerado no mês de Maio.

A UNTG, a central sindical que convocou a paralisação qualificou a atitude do Governo como sendo “uma declaração de guerra” e ao mesmo tempo “uma estratégia de asfixiar os trabalhadores”, por forma a provocar dissidências e consequentemente fragilizar a greve. Crente em como tal estratégia não terá qualquer eficiência, o Secretário-geral da UNTG, Júlio Mendonça disse no princípio da tarde do dia 24 que, iriam  entregar um novo pré-aviso de greve para fazer face a essa maquiavélica estratégia do Governo. No encontro com os jornalistas, o Secretário-geral da UNTG assegurou que, desta vez, só vão sentar com o Governo quando estes cumprir com as suas obrigações.

“Há muito que sabemos que, quem não trabalha não é pago. Sabíamos disso muito bem. Agora, o que achámos que o ministro das Finanças deve perguntar aos seus assessores é a sua obrigação de pagar os trabalhadores e pagar às dívidas. Vamos ser intransigentes. Se não pagarem o que devem, esta greve jamais acaba”, disse Júlio Mendonça.

A decisão do Governo de não pagar os sectores sociais consta numa nota emitido pelo Ministério das Finanças no passado dia19 de maio, onde informou que, em consequência disso, os pagamentos serão extensos até o dia 30 de Maio. A UNTG fala em retaliações aos trabalhadores por terem aderido a greve, porque, se na verdade estavam interessados em descontar deviam fazê-lo antes dos salários serem processados. O que se sabe neste momento, o Governo instruiu os directores das escolas e administradores dos hospitais para apresentarem mapas de faltas para que os salários possam ser desbloqueados.

 

Decisão de Umaro Sissoco Embaló

Entretanto nos últimos seis meses em que os sectores de saúde e de educação observaram as greves, os salários foram integralmente pagos. As negociações entre as partes não têm surtido efeitos e há uma semana, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló entrou em cena para ajudar na busca de solução. Fez um primeiro encontro com os grevistas e não surtiu efeitos e já num segundo, as partes chegaram mesmo as confrontações.

O Presidente da República expulsou os negociadores da UNTG na sala, porque não estava presente o secretário-geral e ameaçou-os em como iriam assumir as consequências dos seus actos. Ainda na sala, antes dos sindicalistas abandonarem, ouviram o Presidente da República a prometer que, os militares e polícias seriam recrutados para leccionarem nas escolas públicas. Aos jornalistas, em passos largos para sair da sala, Umaro Sissoco Enmbaló só disse a greve acabou hoje.

Essa postura do PR foi fortemente criticada pelos sindicatos que estranham não compreender, como é que alguém que não convocou uma greve pode anunciar o seu fim. Sene Djassi, presidente da Frente Nacional dos Professores (FENPROF) acusa o Governo de nunca levar a sério as paralisações nas escolas públicas e no sector da saúde.

 

“Simularam connosco 8 encontros. E nenhum destes encontros durou mais de 30 minutos. Tivemos encontros com 15 minutos; encontros com 11 minutos e encontros com 27 minutos; nos nossos encontros o Governo não levava nada como contraproposta ao caderno reivindicativo da UNTG. Tivemos encontros em que pediram-nos para informarmos o que é que estava em reivindicação. Portanto são brincadeiras. Como é possível ter o cadernos reivindicativo; como é possível ter uma proposta para cedências mínimas e não ter nenhuma contraproposta? Há dias, o Governo apareceu com uma contraproposta que não contém um único ponto das reivindicações dos professores”, revelou.

Ao abordar esta questão de congelamento de salários, Alfredo Biaguê, presidente do Sindicato Democrático dos Professores ironiza: “quem expulsa os professores; quem promete requisição civil ou faz ameaças para os outros preparem para as consequências, o que acham que não podem fazer? Agora, o que não pode fazer, isto temos a plena certeza, é desmobilizar os professores nesta luta. Vamos lutar até atingir os nossos objectivos”, prometeu.

 

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