A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné prevê que o ano 2022 será muito difícil em termos de relacionamento com o Governo. Em conferencia de imprensa realizada no dia 09 de Novembro de ano em curso, Malam Homi Injai disse que a UNTG não vai abdicar de exigir o aumento salarial em 2022. O porta-voz da central sindical em greve revelou que, no âmbito das negociações entre as partes, a sua organização já enviou para o governo uma contraproposta, com destaque para o pagamento de carga horária dos professores e aprovação de estatuto de carreira dos médicos.
Sobre o desenrolar da situação de negociação com o Governo, Malam Homi Injai disse que a ultima contraproposta que a UNTG entregou ao Governo foi no dia 29 de Setembro, mas de lá para cá não existe nenhum sinal positivo por parte de executivo.
“No dia 27 de Outubro, como é de vosso conhecimento, recebemos nesta sede o Ministro de Interior enviado pelo Presidente da República. Primeiro para pedir desculpas por causa de sucessivas violações que acabaram com a detenção dos líderes sindicais e segundo para nos pedir que haja a observância de serviços mínimos. No dia 29 fomos recebidos pelo Chefe de Estado e depois de muitas horas de conversa, ele garantiu que iria intervir para suprir as dificuldades de entendimento que temos com o Governo. E percebeu que o nosso maior problema reside na reposição de valores descontados aos trabalhadores que aderiram a greve, e logo no dia um houve a reunião de conselho de concertação social. A seguir tivemos uma reunião com a delegação do Governo que nos reafirmou a proposta que nos fizeram no dia 24 de Outubro. Da nossa vez, fizemos a questão de informar o Governo que, para além da proposta que entregamos no dia 29 de Setembro, já evoluímos tendo em conta o acordo que tivemos com Primeiro-ministro, reforçado pelo Chefe de Estado”, explicou Malam Homi Injai.
O Porta-voz de UNTG disse que o a sua organização percebeu que o executivo não está interessado em resolver os problemas e acabar com greve. Para fundamentar as suas afirmações, Homi Injai disse que no dia 04 de corrente o Governo voltou colocar na mesa a mesma proposta que UNTG já havia rejeitado no passado.
“Temos dificuldades de entender a posição do Governo que invoca a lei para descontar os dias de greve, mas este mesmo Governo esqueceu que também é de lei pagar os salários e subsídios no final de cada mês. Foi o Governo que propôs o pagamento de dois meses de carga horária já para depois no próximo orçamento geral de Estado pagar o resto. E nós aceitamos e um outro ponto que tem a ver com estes descontos feitos por causa de greve”, expressou porta Voz de UNTG.
Malam Homi Injai apontou dedo acusador ao ministro das Finanças, afirmando que foi João Aladje Mamadu Fadia que começou o bloqueio dos salários de 553 funcionários depois de início da greve de funcionários daquela instituição. E segundo ele, o ministro recusou acatar ordem do Vice-Primeiro-Ministro.
UNTG só aceita descontos se o Governo pagar
O porta-voz disse esperar que os salários sejam desbloqueados e que os descontos sejam repostos, tendo em conta que o assunto já chegou ao mais alto nível, referindo- se a intervenção do PR, Umaro Sissoco Embaló. “Na óptica é que o Governo deve proceder com os descontos se tiver condições de pagar todas dividas contraídos com os trabalhadores, caso contrário não podemos aceitar a tamanha injustiça”, avisou o porta-voz.
Malam Homi Injai revelou que a central sindical entregou ao Governo um contraproposta que segundo ele não é diferente daquilo que foi entregue anteriormente. Contudo disse que a questão dos descontos deve ser resolvido pelo Chefe de Estado conforme foi combinado na reunião do dia 29 de Outubro.
“Na nossa contraproposta existem pontos que não requerem o dinheiro. Falo-vos por exemplo da aprovação de estatuto de careira dos médicos no Conselho de Ministros, e a criação de uma comissão para averiguação de situação de mercado com vista a projectar uma nova grelha salarial para 2022. A tal comissão não criada e o Governo já está a trabalhar ou a preparar o OGE 2022. Se o Governo não resolver os problemas neste ano, o próximo será muito difícil em termos de relacionamento”, avisou o porta-voz.
O porta-voz da comissão negocial, Malam Homi Injai, disse que para o próximo ano, a situação poderá ficar pior acusando ainda as autoridades nacionais de agravarem os impostos em beneficio do aumento dos subsídios aos titulares dos órgãos de soberania.
Malam Homi Injai acusou o Ministro das Finanças e a sua equipa de optarem em agravar os impostos no próximo , manter subsídios milionários e pede aos trabalhadores a apertarem sinto, sem capacidade de poder colocar comida na mesa.
O porta-voz denunciou a existência de funcionários fantasmas e acusa as autoridades de não terem a capacidade de controlar as despesas públicas e que pagam salários a pessoas não afectas à administração pública.
Para fazer face à degradação da situação social no país, a UNTG projecta para o próximo dia 17 uma manifestação pública. Homi Injai disse que o país não pode continuar a sacrificar a população em detrimento do pagamento de subsídios milionários aos órgãos de soberania.
Iaia Sama