José Alves, 64 anos, cardiologista, diretor clínico do Grupo Cintramédica, com mestrado em Medicina Desportiva, passagens pelo grupo hospitalar Lisboa Ocidental e grupo CUF, esclarece, em declarações a A BOLA, que «as miocardites virais são conhecidas e passageiras» e defende que é «prematuro pensar no fim da carreira» de Daniel dos Anjos.
A situação clínica do avançado brasileiro de 24 anos obrigará a «suspensão temporária, a exames e estudo mais aprofundado». O cardiologista esclarece que «a miocardite é o que está na origem das miocardiopatias», que está «habituado a ver» mas sem origem em coronavírus.
As lesões cardíacas provocadas por infeção de SARS-CoV-2, assinala José Alves, «ainda não estão caracterizadas», ou seja, ainda não há literatura para se conhecerem as consequências de Covid-19 no coração, pulmões, rins ou outros órgãos.
«Talvez dentro de um ano se saibam mais pormenores. Estamos a aprender. Até em termos pandémicos foram usados, com sucesso, modelos matemáticos com base na gripe espanhola para fazer projeções de mortes ou infeções», explica o cardiologista, que tem observado «pessoas sem alteração ao nível do músculo cardíaco» depois de recuperarem da infeção de Covid-19.
José Alves sublinha que o coração de um atleta de alta competição é mais forte e resistente do que o de uma pessoa normal. «A não ser que tenha feito já outros estudos, é difícil [que o jogador] abandone já completamente a carreira», remata o cardiologista.