Política

Ruptura entre os militantes agravam crises no MADEM e no PRS por alegadas aproximações ao PR Sissoco Embaló

Os militantes do MADEM G-15 entre si e os do PRS, igualmente internos estão em crise latente. Tudo porque cada uma das partes acredita no envolvimento do PR, Sissoco Embaló nos desentendimentos. Depois de semanas de trocas de acusações, o presente final de semana foi dedicado a demonstração de força entre alas das direcções e aquelas acusadas de serem as mais próximas ao Presidente da República. No PRS, a ala acusada de estar a reboque do Presidente da República, organizou um encontro de esclarecimento para informar os militantes dos motivos da reivindicação contra a direcção interina, para denunciar todas as atrocidades da Direcção e exigir a realização do Congresso extraordinário. No MADEM G-15, o Secretário de Estado da Ordem Pública, José Carlos Macedo em claro apoio, esteve nas zonas do leste do país para “alertar a comunidade fula” (conforme as próprias palavras) no sentido de lembrarem que, “se Umaro Sissoco Embaló é Presidente da República” deve orgulhar este grupo étnico. Por isso, será ele o candidato do MADEM e devem votar nele. No mesmo dia e no Bairro Militar, a ala da Direcção encabeçada pelo Secretário Nacional, Abel da Silva, esteve no Bairro Militar em comício público para insistir que “o MADEM não aceita a criação de nenhum Movimento de apoio”, o que contraria às pretensões do PRS e seus apoiantes.
Da Silva lançou sérios avisos à Sandji Fati, o deputado que há cerca de duas semanas considerou o Coordenador do MAQDEM de chantagista e em carta de resposta chamou Abel da Silva de mais incompetente ministro da Agricultura que alguma vez o país teve.
Nessa luta de sensibilidades internas, a situação do PRS parece ser mais grave, uma vez que, os campos não só estão identificados, como têm objectivos largamente antagónicos. Por exemplo, a Direcção interina do PRS liderada por Fernando Dias, não aceita a realização do Congresso antes das legislativas, uma vez que teriam necessidade de nos próximos tempos convocar novamente a reunião. Para os defensores desta ala, Fernando Dias deve ficar no partido até a realização do próximo Congresso.

Esta posição não é aceite por quem contesta a direcção. Para eles, a única saída de momento é o diálogo franco e a organização do Congresso o mais breve possível. Uma exigência longe de ser ouvida, principalmente quando se instala o diálogo de surdos como é o momento político no partido.
Os protestos começaram com os chamados “Herdeiros de Koumba”, liderados pelos juristas Fransual Dias e Roberto Metcha, mas rapidamente receberam apoios e aderência de alguns colossos do partidos e hoje tornou-se num grupo incontornável. Nestes, o destaque vai para, Ilídio Vieira Té. O actual ministro das Finanças, Presidente do Conselho de Jurisdição do PRS tem se apresentado como uma das figuras que pode liderar ala aposta a direcção.
Ao usar de palavra no Espaço Payam, onde se realizou o encontro de esclarecimento, com o objectivo de auscultar as estruturas do partido, Vieira Té fez as contas e concluiu que em relação aos números, estão num empate técnico. Dos 12 deputados que o partido elegeu, 6 estão com eles e restantes com a Direcção. Dos 8 vices, neste momento contam com 4, como a direcção também conta com o mesmo número. “Portanto, não podemos ter medo deles. Tudo o que fizerem, vamos replicar”, prometeu.
Ele revelou que a única exigência que estão a fazer é para que haja um Congresso extraordinário e isso não pode nunca servir de motivos para serem chamados de “inimigos do partido”.
Numa ocasião em que aconteceram discursos de toda a natureza e para todos os gostos, os pontos dominantes foram a suposta má gestão do partido; o egocentrismo do Presidente e suposta pretensão de parte a parte de vender o partido. Ilídio Vieira Té, por exemplo, sublinha que são acusados pela Direcção Interina de quererem vender o partido a Sissoco Embaló, tal pode significar que, antes, fizeram-no com o PAIGC.
Mas no essencial, o Conselho Nacional II do Payam, será diferentes de outros encontros, porque o documento a ser produzido será direccionado às instâncias judiciais com o objectivo de obrigar a direcção a fazer o Congresso extraordinário, cumprindo assim a deliberação do Conselho Nacional no qual, Fernando Dias foi legitimado nas funções.

Congresso extraordinário entre Abril e Maio
Para contrapor a toda esta investida, a Direecção do PRS esteve em todas as regiões do país reunindo os militantes para “desarmar às desinformações que estavam a serem lançadas por inimigos e pessoas que estavam a vender as suas barrigas”. Em Tombali, Domingos Quadé em nome da Direcção, acha inoportuno realizar o Congresso extraordinário, porque em menos de um ano, serão obrigados a organizar Congresso ordinário.
Os dirigentes inconformados acham que, a direcção do PRS tentou com esta expedição para o interior “travar a reunião de Payan”, mas lamentavelmente não tiveram sucesso.
No fundo, há crise latente e no PRS já não existem condições para a sintonia. Basta dizer que, a Comissão de reconciliação interna, assinando inclusive um memorando, mas no dia seguinte tudo foi deitado água abaixo.
Nas intervenções ouvidas em Payan, muitos denunciaram, o facto de Ufé Vieira, ex-presidente da Juventude, por supostamente ter apelado a realização do Congresso. Nesse encontro, os contestatários da Direcção Interina apresentaram 10 pontos para simbolizar o mau rumo do partido. Citaram entre outros, a violação sistemática e grosseira dos estatutos do partido; a caducidade do presidente interino; a falta de reuniões dos órgãos do partido; exonerações em massa dos responsáveis das estruturas; denúncia unilateral do contrato de arrendamento da sede na Avenida Combatente sem aval dos órgãos competentes do partido; sucessivas assinaturas de acordo com ocultação dos seus conteúdos; exclusão da maioria dos vices na tomada de decisões sobre a vida do partido; desrespeito aos fundadores; corrupção, má gestão, bem como a falta de prestação de contas e finalmente ameaça, policiamento entre os militantes.
Como propostas de solução, os dirigentes inconformados sugerem a promoção do diálogo franco, a convocação do congresso extraordinário entre Abril e Maio deste ano. Por último, congratular com acordo com APU, não obstante não ter percorrido as necessárias etapas internamente.

Numa intervenção determina, Abel Da Silva disse que estava lá para transmitir recado de Braima Camará em como  está firme em defesa dos estatutos do partido. Acrescentou que, MADEM será reestruturado de base à topo em todo o país, mas tudo será iniciado em Bissau. “Ouvimos as pessoas a falarem da união. ~Mas como podemos fazê-la? Será que vamos unir sem liberdade de expressão? Ou vamos incentivar quem viola à Constituição? Ou vamos apoiar alguém que viola a Constituição. Isso não pode ser”.

Numa indirecta ao PR, Abel da Silva disse ter ouvido pessoas a disserem que são presidentes do MADEM. “Quem disser isso, é porque não conhece os estatutos do partido. O único que está no topo é o Coordenador”, afirmou, desarmando assim às afirmações do PR de há dias.

O Secretário Nacional do MADEM aproveitou para manifestar a sua solidariedade com Belmiro Pimentel e todos os militantes do MADEM que foram vítimas do presente regime. Pediu a Braima Camará para que não aceite certas acções pejorativas que estão a acontecer. “Qual é o pecado que Braima Camará cometeu? Só porque exigiu o funcionamento da Comissão Permanente? Porquê? Porquê é que se encerraram as portas da ANP? Nem serviços administrativos não funcionam? Até nos golpes de Estado, os serviços administrativos funcionam. Será que é golpe de Estado? Digam que é. Mas, vamos criticar, se quiserem raptem”, desafiou para afirmar que, Braima exigiu eleições e pediu ao PR para parar de interferir nos partidos políticos. “Não compete ao PR interferir nos assuntos internos dos partidos. É Inconstitucional. As suas funções são incompatíveis com presidente de partido. Mas ouvimos o nosso PR a dizer que é presidente de partido”.

 

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