A crise política na Guiné-Bissau, neste momento é consequência uma guerra entre ‘quase que genética’ os membros de uma aliança política circunstancial que já experimentou num ano apenas, todas as dificuldades e eminências de ruptura. O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, quer ser líder incontestável da aliança, mas depara com a oposição tímida de Braima Camará que se assume como mentor do projecto de remoção do PAIGC do poder. Movem ainda ao lado de Braima, interesses económicos, tendo em conta que se trata de um empresário profissional, e o desejo de se afirmar comno líder de uma cxomunidade étnica, devendo para isso, contar um um vasto espaço político, que neste momento está a ser ensombrado, por Umaro Sissoco Embaló. Na aliança a beira da explosão, está uma outra figura, Nuno Nabian, outsider nessa luta e de quem os restantes membros da aliança pensavam que só o dinheiro, constituía solução, mas que agora está a ser o problema maior para o Presidente da República. . Braima Camará, Coordenador do MADEM e Nuno Gomes Nabian, peças fundamentais de Umaro Sissoco Embaló para a ascenção ao poder, estão a constituir a última barreira para po projecto de «chefe único na Guiné’ (a grande ambição de Umaro Sissoco Embaló), podem ser motivos de uma ‘embuluição política’ política de consequências imprevisíveis. Desde que assumiu o poder “por via da força” em Defevereiro de 2020, o Presidente da República tem ensaiado a afirmação de uma narrativa não só ultrapassada em termos de lutas democráticas, como também provocadora de revolta aos principais aliados. Da forma como, Umaro Sissoco Embaló exerce o poder, os membros da aliança Braima Camará, Nuno Nabian e o PRS se consideram ausentes. Todas decisões de fundo do poder, passam pela figura do PR. Não há separação dos poderes. Umaro Sissoco Embaló concentrou todos os poderes e não se sentiu isto há muito, porque a falta da agenda política e verticalidade dos seus dirigentes, colocaram PRS fora dessa luta. Porém, é um dos partidos que vai sofrer gravemente com as consequências da presente crise. O PAIGC, que nunca alinhou com o actual regime, vai em último instância ser o principal beneficiário de toda a luta prevalecente na aliança governativa. Só que, para que isso seja uma realidade, será decisivo o entendimento interno. Este entendimento está longe de ser um a realidade, porque os problemas do partido libertador e vencedor das últimas eleições legislativas começam desde direcção, com a indefinição e dúvidas sobre a possibilidade de um terceiro mandato de Domingos Simões Pereira, passando pelo anunciado e polémico congresso da JAAC, sem pôr de lado o expectante congresso da UDEMU e a incompreensível não realização do Congresso dos Quadros do partido há mais de 12 anos. Ciente dessa situação, a direcção do PAIGC tem se desdobrado em encontrar uma solução sobre o problema.
Mas a realidade de momento é uma luta de afirmação de potências na aliança travada pelos egos e megalomanias, sem pôr de lado negócios lícitos e ilícitos. Braima Camará, que acredita ser o principal mentor da actual aliança que saiu vencedor das eleições de 2020, sente-se neste momento que todos os seus caminhos do sucesso e de afirmação política estão barrados por Umaro Sissoco Embaló. A primeira tentativa de Braima Camará no campo comercial para tirar proveitos do sucesso na eleição do PR, Umaro Sissoco Embaló aconteceu com o armazenamento de madeira apreendida pelo Governo e a serração instalada nas zonas de Guimetal. Essa tentativa foi rapidamente desmantelada por Umaro Sissoco Embaló e criou-se um impasse total e está agora a ser uma das principais razões de instabilidade na aliança. Todas as engenharias políticas têm sido feitas para travar a explosão, mas os interesses e a diferença das agendas, têm impossibilitado o consenso. Braima Camará foi a primeira vítima que, revoltado com aquilo que lhe aconteceu, chegou ao ponto de dizer que “nem parece” alguém que deu tudo para este regime afirmar. E disse mais: disse que, com este regime, está a viver momentos piores que não viveu sequer com Domingos Simões Pereira no PAIGC.
E depois das suas acções empresariais não terem sido facilitadas pelo regime, através dos confisco da madeira pela Polícia Judiciária, começaram as guerras políticas. Umaro Sissoco Embaló somava pontos com essas acções e chegou ao ponto de advertir que, ninguém vai utilizar o regime para enriquecer. Encurralado, Braima Camará viu no parlamento um reduto e a única saída de sobrevivência política. Quando Braima Camará virou a sua atenção para o campo político, Umaro Sissoco Embaló terá deixado recado ao mesmo e informações aos próximos. Advertiu que, ninguém iria manipulá-lo como fizeram o José Mário Vaz.
Um exemplo vivo disso foi a escolha de Botche Candé como mensageiro político. Sob orientação de Umaro Sissoco Embaló, Botche Candé percorreu o país lés-a-lés em nome de agradecimento da vitória eleitoral. Para Braima Camará, aquela atitude foi um absoluto desrespeito a si e ao MADEM. Num acto político em Bafatá, Braima Camará questionou, porque raqzão é que o MADEM não foi confiadpo a tarefga de agradecer a vitória eleitoral de Umaro Sissoco Embaló.
A nível da governação, Umaro Sissoco Embaló continuava a fazer o seu trabalho. Como forma de travar uma possível afirmação política de Braima Camará, Umaro Sissoco adoptou todas as estratégias para que o mesmo não controlasse absolutamente nada no Governo. Rapidamente essa pretensão foi conseguida, porque, apesar de ter membros do partido no Executivo, Braima Camará nunca conseguiiu ser o Coordenador da Aliança como alguma vez assumiu e reclamou. Chegou a afirmar que foi o MADEM que pôs Nunpo Nabian como PM.
Num segundo momento, tendo em conta que, Braima Camará ainda conseguia ter acesso a alguns membros do Governo, Umaro Sissoco Embaló avançou para a jogada de mestre. Decidiu fazer a remodelação governamental, sem contar com único aval de Braima Camará. Acomodou apenas o PRS e arruinou as bases de apoio político de Braima Camará. Tudo isso aconteceu num momento em que Braima Camará, desafiando o PRS e Nuno Nabian afirmou publicamente que MADEM era quem coordenava a aliança e que ninguém deveria pensar que o Governo era uma ilha onde cada um podia fazer o que lhe apetecesse. Quando Sissoco Embaló lhe ignorou na remodelação governamental em Abril deste ano, e, sentindo que estava a ser desmantelado politicamente, veio à público para “abrir guerra”, vazando informações em como, apesar de ser presidente do MADEM, não sabia nada das entradas e saída do Governo.
Umaro Sissoco nomeia dirigentes do MADEM sem conhecimento de Braima Camará
Nota mais saliente em todo este processo é que, todos os altos dirigentes do MADEM afastados do Governo, foram nomeados na Presidência pelo PR e outros, como o caso de Barros Banjai e Serifo Jaquité foram colocados nos organismos internacionais. Aristides Ocante da Silva que era um dos opositores do PR a nível interno, acabou por ser nomeado Conselheiro. Braima Camará ficou só. Não tinha ninguém para enfrentar que não seja, Calido Baldé, absolutamente fiel e Júlio Baldé, em litígio com Umaro Sissoco Embaló desde tempos de candidatura, quando considerou que aquele não tinha condições para ser candidato do partido. No Governo, Braima Camará só reconhecia quatro pastas como do MADEM. Obras Públicas, Solidariedade Social, Desporto e Assuntos Fiscais. Este último, sem qualquer margem para obedecer as orientações do partido, tendo em conta que está sob a tutela do Ministério das Finanças. As demais pastas ocupadas pelos dirigentes do MADEM como Defesa, Agricultura, Educação etc… não entravam nas suas contas, porque disse que não soube das nomeações.
Em sentido contrário, só Umaro Siossoco Embaló tinha no Governo 11 ministros e Secretários de Estado que foram indicados por si. Mas, face a revolta e denúncias de Braima Camará, estratégica e politicamente, o PR, Umaro Sissoco Embaló, assumiu que na verdade não o contou, mas jamais prescindiria do MADEM ou do Braima Camará, porque foram responsáveis para a sua chegada a presidência. Porém, teria tomado aqueles decisões que prejudicam o partido, porque era o único na coligação que podia compreender a sua posição. Acto seguinte, Umaro Sissoco avança para as estruturas internas do partido e começou a nomear os responsáveis da direcção do MADEM para a Presidência e demais funções, sem conhecimento de Braima Camará. De repente, Braima Camará perdeu autoridade no partido, porque todos os seus fiéis foram afastados das estruturas do poder.
Braima Camará não gostou do espancamento aos fiéis em Bafatá e denunciou a criação do partido de Sissoco
Foi a partir daquele momento que Braima Camará sentiu que a guerra estava aberta. Como forma de atacar o Chefe de Estado, o Coordenador aproveitou a polémica data da reza para avisar que ninguém pode impor a ditadura no país. O PR respondeu com os poderes políticos que tem e que são mais de que a religião, ao ponto de contar a história do profeta Mohamed que terá sido impedido de entrar num local santo pelas forças policiais.
Braima Camará mostrou-se contra a pancada de que os fiéis muçulmanos foram, alvos, por uma suposta ordem do ministro do interior. O que mais agravou a revolta de Braima Camará é o facto de tudo isto, ter acontecido na região de Bafatá, sua terra natal e onde foi eleito, deputado da Nação. Camará disse frontalmente que jamais permitiria pessoas com agendas inconfessas, usassem religiões para os seus interesses.
Como a guerra já era indisfarçável, Braima Camará atacou frontal o PR na reunião da Comissão Política de Bafatá na qual disse que “fulas e mandigas mentirosos seriam expulsos do MADEM”. Na mesma reunião denunciou que, estavam em curso subscrições para a criação de um partido político. Tais revelações confirmaram-se depois, quando circulou no país listas subscritas para a criação do Partido dos Trabalhadores Guineenses que supostamente será liderado por Botche Candé. E como havia uma espécie de ataque as estruturas do partido tornando todos dirigentes “obedientes de Umaro Sissoco Embaló”, Braima Camará decidiu na mesma reunião da Comissão Política mudar os Coordenadores Regionais e nomeou, José Carlos Macedo como supervisor da província leste.
Nessa intervenção longa e musculada, Braima Camará desafiou Umaro Sissoco Embaló para que cada um andasse com os seus pés, porque tentou resolver os problemas no quarto, na sala e na varanda, mas ninguém aceitou, agora tinha que gladiar na rua.
O Presidente da República considerou todas aquelas indirectas do Coordenador do MADEM como um desafio e avisou que, MADEM não é propriedade de ninguém e pediu para que “aqueles que estão a falar” lembrem que ele é fundador e é terceiro vice-presidente.
Conselho Nacional rompeu a aliança
De guerra em guerra, Braima Camará, como prometeu em Bafatá, decidiu convocar a reunião do Conselho Nacional. Uma reunião que durante três dias arrasasram Umaro Sissoco Embaló e seus possíveis apoiantes como, Soares Sambú, Marciano Silva Barbeiro, Sandji Fati e Nelson Moreira. Todos estes dirigentes do MADEM foram vistos pelo Conselho Nacional, como aqueles que “alimentam a intriga entre Umaro Sissoco Embaló e Braima Camará”. Foi na reunião do Conselho Nacional que, José Carlos Macedo denunciou pela primeira vez que era ameaçado pelo Presidente da República e disse que todas as intrigas no partido eram feitas por Soares Sambú. Sandji Fati que não participou no primeiro dia da reunião, esteve no segundo onde confrontou aos delegados do Conselho Nacional para que lhe confirmassem quais os factos da sua traição ao Coordenador do MADEM. O ministro da Defesa não gostou de ouvir Braima Camará a falar de traidores no partido e de considerar que, nos membros do Governo do MADEM, Sandji Fati não fazia parte. Em tom de revolta total, Fati disse que, só a partir daquelas afirmações de Braima Camará que soube que não era ministro do MADEM. Sandji Fati disse em tom muito alto que não é traidor, nunca traiu ninguém e jamais aceitaria que fosse tratado por aquele nome, tendo em conta os esforços que fez para o partido.
Como a sua intervenção no Conselho Nacional estava a ser demasiadamente longa, Braima Camará pediu para que lhe fosse retirado a palavra. As exigências irritaram Sandji Fati, ministro da Defesa, nomeado por Umaro Sissoco Embaló sem conhecimento da Direcção que teve de discutir por alguns minutos com Braima Camará. Nelson Moreira, outro visado neste processo de críticas no Conselho Nacional não sequer oportunidade de responder e sem poder resistir às críticas e abandonou a reunião.
Umaro Sissoco reagiu tão mal a reunião do Conselho Nacional, tendo acusado Braima Camará de ter organizado um encontro com o único propósito de insultá-lo. Por isso, exigiu que o partido retratasse, sob pena de promover acto igual, porque é fundador do MADEM. As exigências do PR fizeram crescer novas crises no partido. Isolado, Braima Camará foi obrigado a participar numa reunião de reconciliação na Presidência da República promovida pelos veteranos do partido, Satu Camará e Luís Oliveira Sanca e que durou mais de 7 horas. Na referida reunião, segundo se soube depois, Umaro Sissoco Embaló acusou Braima Camará frontalmente de estar a conspirar contra a sua pessoa. A reunião foi de tal forma má que, mal saiu da mesma, Braima Camará viajou para Portugal e jamais regressou a Guiné-Bissau até a data presente.
Oficialmente, Braima Camará revelou que o objectivo da viagem era descanso, tendo em que, ficou quase um ano em intensas acções políticas sem poder repousar. Porém, nas hostes do partido, as explicações para a viagem estavam com a falta de segurança, tendo em conta a polémica entre ele e o Chefe de Estado.
Como Nuno Nabian entrou na luta entre Braima Camará e Umaro Sissoco Embaló?
Quem levou Nuno Nabian para a actual aliança governativa foi Umaro Sissoco Embaló através do surpreendente e o desconhecido conteúdo Acordo de Dakar. Braima Camará ferrenho adversário de Domingos Simões Pereira, não avaliava os apoios, para aderir um projecto ou aceitar, bastatava que a finalidade fosse para guerrear o barrar caminho à Domingos Simões Pereira. Depois das eleições legislativas de 2019, Nuno Gomes Nabian, na qualidade de presidente da APU assinou um acordo de entendimento parlamentar com o PAIGC. Este acordo permitiu a partilha da mesa da ANP entre os dois partidos e a colocação de alguns dos seus elementos no Governo. Na base do Acordo, Nuno Nabian, foi eleito, primeiro vice-Presidente da ANP. A aliança com o PAIGC durou até a primeira volta das eleições presidenciais. Quando tudo indicava que Nuno Gomes seria fiel ao acordo para continuar nos apoios entre os partidos e o candidato, ocorreram cenas estranhas. Umaro Sissoco Embaló, candidato que passou para a segunda volta para se disputar com Domingos Simões Pereira teve uma viagem repentina com Nuno Gomnes Nabian e Alberto Nambeia para Senegal. Em consequência selaram o acordo de apoio entre as partes. Nuno Nabian não informou sequer os dirigentes da APU, tendo viajado apenas com Jorge Mandinga, que na altura não exercia nenhuma função. O presidium da APU e a sua bancada parlamentar manifestaram apoio à Domingos Simões Pereira, porque entendiam que havia um acordo de incidência parlamentar que deve ser respeitado, porque permitiu ao partido a integração no Governo.
Na campanha eleitoral, Nuno Nabian seguia Umaro Sissoco Embaló sozinho, enquanto os restantes dirigentes seguiam com Domingos Simões Pereira. Depois da realização da segunda volta, a Comissão Nacional de Eleições declarou Umaro Sissoco Embaló como vencedor. A candidatura de Domingos Simões Pereira entrou com uma acção judicial e os efeitos do processo ficaram suspensos. Dos vários acórdãos produzidos, o STJ mandou voltar o processo a estaca zero, tendo em conta que, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) nem sequer tinha Acta de Apuramento Nacional para o anúncio dos resultados.
A meio da contenda eleitoral, Umaro Sissoco Embaló, a título unilateral, anunciou a sua tomada de posse para o dia 27 de Fevereiro e disse que o Supremo Tribunal de Justiça não prestava para nada, porque tinha bandidos e bandidas como Juízes Conselheiros. Ameaçou, mas a mesa da ANP, através do seu Presidente, Cipriano Cassamá, advertiu que não haveria nenhuma investidura, enquanto o Contencioso Eleitoral não fosse dado como terminado pelo STJ. Umaro Sissoco Embaló reagiu para dizer que, haveria sua investidura na data anunciada, queira Deus ou não.
Nuno Nabian usurpa às competências e entra com militares para investrir forçosamente Umaro Sissoco
Uma semana antes da data anunciada pelo PR eleito, o primeiro vice-presidente da ANP, Nuno Nabian assinou uma nota a convocar a sessão de investidura. A atitude de Nuno Nabian é uma flagrante violação às competências do Presidente da ANP, porque a investidura do PR eleito é feita através de uma sessão parlamentar exclusivamente convocada pelo presidente da ANP. A competência é exclusiva do presidente.
No dia da investidura e novamente em flagrante violação, Umaro Sissoco Embaló viu novamente Nuno Nabian a investi-lo quando o acto, regimentalmente devia ser praticado pelo presidente Cipriano Cassamá. A investidura do PR ainda viola demais normas, porque estavam na sala menos de 51% dos deputados, quando o regimento estipula que só existe o quórum quando os presentes são maioria dos deputados eleitos e neste caso deviam ser 52.
Umaro Sissoco Embaló foi investido e em reacção a esta investidura, o PAIGC e os seus aliados (APU, PND e UM) consideraram a atitude de José Mário Vaz de ceder o Palácio a Umaro Sissoco como um abandono. Em consequência, organizaram uma investidura na qual, Cipriano Cassamá foi investido como Chefe de Estado. Cassamá ainda exerceu as funções durante dois dias, mas depois alegou a falta de segurança para renunciar. No dia seguinte a investidura, Umaro Sissoco Embaló nomeou Nuno Nabian Primeiro-ministro e demitiu o Governo do PAIGC liderado por Aristides Gomes. Na posse de Nuno Nabian, as chefias militares que não tinha participado na de Umaro Sissoco Embaló apareceram. Também apareceu no Palácio, António Injai, ex-CEMGFA, considerado braço direito militar de Nuno Nabian. Este último, por aquilo que se soube depois, foi quem orquestrou as estratégias militares para que Nuno Nabian pudesse ousar convocar a sessão de investidura.
Acto seguinte, as novas autoridades, Umaro Sissoco Embaló, PR e Nuno Nabian PM deram, ordens para retirar Ministérios e viaturas aos ex-membros do Governo legítimo do PAIGC vencedor das eleições legislativas. Constituíram um novo Governo formado pelo MADEM e PRS que tomou posse no dia 3 de Março.
Falta de apoio do MADEM no processo de revisão Constitucional
A polémica entre Umaro Sissoco Embaló e Braima Camará tem vários motivos, mas os mais evidentes são do campo político e comercial. Em Abril de 2020, o PR, Umaro Siossoco Embaló, sem ter competências, avançou com uma proposta de Revisão Constitucional. A proposta do PR não teve aval do MADEM, que sempre insistiu que, a matéria é de competência do parlamento. O PR se sentiu abandonado pelo partido que ajudou a fundar e decidiu, tal como uma vez prometeu provar quem tem competências. Os partidos políticos mantiveram a determinação de não receber a aludida proposta. Frustrado com o seu projecto e na eminência de não poder sequer dar entrada no parlamento, porque não tem nenhuma bancada para a sustentabilidade, Umaro Sissoco Embaló começou com as retaliações e discursos de ameaças. Estes discursos tiveram oposição forte na sessão parlamnentar em curso, quando, Abdú Mané, líder de bancada do MADEM disse na sua intervenção que ninguém pode substituir o parlamento na revisão e que não se pode tentar intimidar os deputados. O discurso foi proferido na ausência de Umaro Sissoco Embaló, mas logo após o seu regresso, o PRS fez alusão a matéria, ao afirmar que, não quis nunca substituir o parlamento. A sessão está a ser marcada pelas denúncias dos próprios deputados de MADEM que falam em forças que querem intimidar. A oposição do MADEM sobre a revisão Constitucional acabou por facilitar e de que maneira o desprezo a uma iniciativa antirregimental do PR. Numa das suas intervenções, o deputado do PAIGC, Hélder Barros denunciou que Braima Camará estava a ser vítima de perseguição no seu partido. José Carlos Macedo, deputado do MADEM denunciou que sistematicamente é telefonado e ameaçado por altos dignatários do país. dois dias depois dessas denúncias, o deputado viajou para Portugal.
Aliança entre Nuno e Braima para travar desmandos do PR
Quando o novo Governo entrou em funções, as alianças começaram a desfazer. Umaro Sissoco Embaló terá advertido que ninguém iria tratá-lo como trataram José Mário Vaz. Um recado a Braima Camará, mas que não foi dado importância, porque se tratava do início do percurso. Cedo, o poder começou a movimentar em termos económicos e financeiros. A madeira que o Governo anterior apreendeu começou a ser transportada para Bissau e o local do armazenamento escolhido, foi Malaikla de Bnraima Camará. No armazenamento, descobriu-se que havia uma serração montada e a investigação concluiu que era propriedade de Nuno Nabian e um dos sócios era Braima Camará. O presidente da República entrou em acção com a PJ e toda a madeira foi retirada e por ser ilegal, a serração foi encerrada. Abriu-se de imediato a crise, mas como não se queria dar motivos de sorrir ao PAIGC e seu candidato, se remeteu ao silêncio, abafando aquele que agora está a ser a razão da grave crise. Na primeira vez que falou sobre o assunto, Braima Camará disse que o seu espaço era apenas para armazenar e que ninguém o podia impedi-lo de alugar. O PM, Nuno Nabian, jamais aceitou abordar o assunto publicamente. Na governação, Nuno Nabian não tinha nenhum controlo, porque todos os Conselhos de Ministros, até a data presente, são presididos pelo PR. Essa estratégia esvazia por completo o PM, que, numa situação incompreensivel, viu o PR substituir membros do Governo e Directores-Gerais por ele indicados, sem qualquer informação. Nuino Nabian, apesar de ser quem entrou com a componente militar na estratégia da presente aliança, não conseguiu afirmar seus intentos, porque perdeu essa protecção. Porquê? Porque, António Injai, seu estratégico aliado nos quartéis, viu frustrada a sua pretensão de ser Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, em função da sua participação na estratégia militar de empossar Sissoco como PR. Quando abandonou Nuno Nabian, este ficou a mercê de Umaro Sissoco Embaló. O PR persistentemente lança farpas ao PM e chega ao ponto de dizer que, é quem mais contribuir para resolver os problemas da governação. O actual Governo enfrenta diante da UNTG uma greve de um ano e não consegue resolver. O PM, monta uma estratégia e ela é depois desmontada pelo PR, através de decisões e acções que violam os compromissos do Governo. Por exemplo, num determinado momento, o PR proibiu o Governo de negociar com os sindicatos e até anulava as deliberações dos Conselhos de Ministros em que não participou. Isto para Nuno Nabian, são desmandos, como são desmandos para Braima Camará, as interferências nos assuntos do partido ou desvalorização do papel por ele jogado neste processo.
Nuno Nabian vítima por ser proteger Braima Camará e opor supostos negócios ilícitos
Depois de um percurso de aliança tão controverso, as partes chegaram a uma situação ruptura completa e quase que insustentável. Desta vez, os motivos são vários. A suposta protecção a Braima Camará por parte de Nuno Nabian e a revolta de Nuno com a forma como o PR tem gerido o Governo e por último suspeita de negócios ilícitos. Começando por este último, o PM considera que o PR tem se exagerado na movimentação de processos obscuros. Aliás, na nota na qual pediu o inquérito da aeronave, Nuno Nabian escreveu claramente que não se pode facilitar negócios ilícitos. Chegadas e partidas de aviões sem controlo, viagens quase que permanentes do PR, sem que o Governo tenha sido tido nem achado, fazem parte dos motivos da revolta.
A guerra da actualidade é entre Nuno Nabian e Umaro Sissoco Embaló, mas a mesma não é de agora. Depois de controlar por completo, Braima Camará em todas as direcções, Nuno Nabian restou como a única entidade de protecção do Coordenador do MADEM. O facto de serem sócios supostamente em duas empresas e uma delas atacadas pelo PR, fizeram os dois concluir que não existem condições para se seguir na aliança. Braima Camará já havia ameaçado o fim e para que cada um ande com os seus próprios pés e o PR, Umaro Sissoco Embaló acabou por aceitar o desafio, mas não contava com, Nuno Nabian. Ao concluir que Nuno Nabian está ao lado de Braima Camará e que os seus negócios estão a serem vigiados, o PR decidiu enfrentar os dois.
Caso do avião: a gota que transbordou o copo
Depois de tanta oposição feita a acção dos dois, anunciando o combate a corrupção e clientelismo, Umaro Sissoco Embaló, viu agora neste caso de avião, o tiro sair-lhe pela colactra. O Primeiro-ministro ao ter informações sobre a proveniência do avião retido, sentiu que tinha uma oportunidade de bandeja para se vingar do Chefe de Estado. Porém, na forma como o assunto do avião foi tratado, Umaro Sissoco Embaló, numa só assentada, disparou contra Nuno Nabian e Braima Camará. Sobre Braima Camará colocou em causa o apoio que este lhe deu durante às presidenciais e no que se refere a Nuno Nabian, disse que pode demitir aquele quando quiser, porque não ganhou eleições. Tudo isso, porque sabe que os dois são aliados.
A Redacção