O Vº Congresso Ordinário que deverá ter lugar no próximo mês de Setembro, será uma luta entre Alberto Nambeia, presidente cessante e os seus ex-delfins e actuais barões do partido. Basta referir que, já se apresentaram como candidatos um dos seus vice-presidente e o seu Conselheiro principal, respectivamente, Certório Biote e Domingos Quadé, este último, chegado ao partido devido a sua influência. Certório Biote que em tempos liderou a bancada parlamentar do partido entrou em colisão com o Presidente recentemente, por discordar com certas nomeações e alguns procedimentos que o presidente tem adoptado.
Analistas consideram Alberto Nambeia desgastado e sem preparação académica e intelectual suficientes para os desafios do momento. Porém, os mesmos entendem que, os dirigentes que se apresentam como alternativa, não se revelam como tal. Uns fizeram parte do reinado de Alberto Nambeia há mais de 14 anos, como é o caso de Certório Biote, pelo que, a serem julgados pelos congressistas não escaparão as críticas, e outros, não obstante serem altos dirigentes não gozam de simpatia dos militantes. Falta-lhes ás bases.
Alberto Nambeia chega a este congresso para brigar pelo terceiro mandato no partido, totalmente desgastado. Participou em três eleições como presidente e perdeu ambas. O melhor resultado que conseguiu foi em 2014 tendo atingido 41 deputados contra 57 do PAIGC na altura. A forma como conduziu o partido, está a ser fortemente criticada pelos seus adversários políticos internos. Artur Sanhá, primeiro Secretário-geral do PRS logo após a sua fundação, disse no dia do lançamento da sua candidatura que, o PRS não pode jamais ser um partido de desrespeito das normas democráticas. Segundo as suas afirmações, não é possível a condução do partido ser totalmente pessoal, onde as decisões são tomadas apenas pelo Presidente.
Uma das maiores críticas que as duas direcções anteriores lideradas por Nambeia tem sido alvo é o facto de nunca demarcarem-se de procedimentos que violam normas constitucionais. Por exemplo foi eleito pela primeira vez em 2021 e nessa altura como interino, não se colocou contra o golpe de 12 de Abril. Depois, o seu partido integrou o Governo Constitucional do PAIGC em, 2014, mas depois de José Mário Vaz demitir o mesmo e formar um de iniciativa presidencial, o PRS voltou a integrar.
E, a partir de 2016 a esta parte, não obstante não vencer as eleições, o PRS participou em todos os Governo, com excepção de um do PAIGC que durou entre Agosto de 2019 a março de 2020.
Estes são elementos de campanha, mas o que tem estranhado muitos militantes do PRS é o afastamento de algumas figuras. Por exemplo, Mário Fambé, actual ministro das Pescas, chegou ao Governo por indicações de Alberto Nambeia, mas está a ser um dos mais activos na campanha. Na semana passada esteve nas duas regiões do Leste para apresentar o seu projecto e revelou no acto que, o momento é de geração nova e que o tempo de Alberto Nambeia a frente do PRS estava esgotado.
Outra figura que se vai apresentar como candidato é Dionísio Cabi. Com Nambeia, as relações aproximam-se inclusive a familiaridade. O ex-presidente do Tribunal de Contas, exonerado há um mês depois de manifestar intenções, era suspeito nas hostes do PRS de ter apoio do Presidente da República, para concorrer o cargo, mas a monotonia da sua campanha pare desmentir essa informação. É que, dos considerados a altura de enfrentar Alberto Nambeia, Dionísio Cabi, ainda não se fez ouvir.
Também concorre a liderança do PRS, Augusto Poquena, Secretário-geral do PRS de 2009 a 2012. Contra Poquena, joga o facto de liderar o partido para os piores resultados de sempre nas legislativas, isto uma legislatura a seguir a sua vitória.
Nambeia e o seu Secretário-geral fora do país
Entretanto nessa pré-campanha, o candidato Alberto Nambeia se encontra no país e o contacto com as bases está ser liderado por, Lassana Fati, um dos vices e Fernando Dias, Secretário Nacional para a Juventude. A ausência do candidato Nambeia está ligada aos problemas de saúde e informações de fontes do partido garantem que se encontra em Portugal em tratamento. E falando da juventude uma das maiores críticas que se faz ao presidente cessante do PRS é ter estes como escudo. Garante emprego ou funções altas, para em recompensa receber benesses dos mesmos.
Foram destes considerados, certo é que a luta será renhida, até porque, as candidaturas como as de Mário Fambé, Certório Biote e Dionísio Cabi prometem derrotar aquele que chamam de “desgastado Presidente”, por ter perdido 20 deputados de uma legislatura (2014) para outra (2019). Nota curiosa neste Congresso do PRS é a ausência do Secretário-Geral cessante, Florentino Mendes Pereira, que igualmente se encontra no exterior por questões de saúde. Doente ou não, Mendes Pereira vem perdendo espaço de influência no PRS nos últimos tempos, apesar de ter sido, em 2017, o candidato que quase levou Nambeia ao tapete. Só não ganhou, porque na altura aceitou negociar os estatutos, sob proposta de Alberto Nambeia.