O último Conselho Nacional do Partido de Renovação Social (PRS) reactivou as suspeitas da actual direcção sobre aquilo que chama de manobras de Umaro Sissoco Embaló a volta do partido. Os dirigentes considerados próximos do Presidente da República, Umaro Sissoco Embalo, nomeadamente Mário Pires e Ibraima Sori Djaló não compareceram na reunião do Conselho Nacional, apesar de serem membros daquele órgão. Não obstante essa ausência, circulam nas imediações do PRS informações em como ambos estão preparados atacar a direcção do partido e fragilizar Alberto Nambeia que concorre o terceiro mandato como presidente. Outros factos de choque entre o PRS e o PR estão ligados aos poderes dos ministros indigitados pelo PRS. O ministro da Administração Territorial ainda não tem ordens da presidência para nomear os governadores e recentemente, o Chefe de Estado reuniu com os dirigentes do MADEM para buscar formas de compensar o partido por suposto prejuízo na distribuição de pastas. Tudo isso, na óptica dos dirigentes do PRS são manobras dilatórias do PR e o seu partido, visando prejudicar às posições do PRS.
No PRS existem ainda fortes suspeitas em como o PR está a instrumentalizar a Polícia Judiciária no sentido de perseguir altos dirigentes do partido, principalmente os mais próximos de Alberto Nambeia, de forma a dificultar a sua acção no Congresso. O exemplo mais recente foi a detenção por algumas horas de um alto dirigente da juventude do partido, por supostamente ter saído do país sem informar, tendo em conta que está abraços com um processo judicial.
Perante todos estes factos, os dirigentes próximos ao presidente do PRS mantêm essa convicção de Umaro Sissoco Embaló querer ver Alberto Nambeia fora do partido, para deste modo ter uma base de apoio sustentável para eventuais guerras nos próximos tempos, até porque, o PR já não se sente seguro com o Movimento Alternância Democrática (MADEM). Um segundo elemento que supostamente estará por detrás desse comportamento do Chefe de Estado é uma eventual aproximação da Direcção do PRS ao PAIGC. A história aparição dos dois líderes em Patche Yalá azedou às relações entre o PR e o presidente do PRS, ao ponto de Alberto Nambeia ser questionado directamente pelo PR sobre o assunto.
Na altura, o presidente do PRS foi fortemente atacado pelos chamados fundadores e de imediato, o PR foi acusado de ser mentor daquela encenação, que depois culminou com uma simulada reconciliação por ele promovida, entre Alberto Nambeia e os seus ‘agressores’.
Neste momento, conforme as denúncias, as movimentações de Umaro Sissoco Embaló no interior do partido parece ser o principal motivo da revolta dos próximos de Alberto Nambeia. Para sustentar as suas suspeitas, o PRS cita três dirigentes que pretendem concorrer e que supostamente já terão recebido os apoios do Chefe de Estado. Um deles, terá recebido cerca de 20 milhões de Fcfa e um outro acabou por ser descartado pelo Chefe de Estado, quando ele mesmo apercebeu que aquele não tinha qualquer probabilidade de ganhar o Congresso. E um terceiro, Certório Biote, continua a ser, para a direcção, um colaborador interno de Umaro Sissoco Embaló, considerando ter sido afastado das funções em Petroguin, por causa da sua opinião, como consta na recente acção intentada junto do Conselho de Jurisdição do Partido.
Essas suspeitas do PRS sobre a figura do PR, Umaro Sissoco Embaló não são novas. Começou a ganhar peso há meses, quando numa cerimónia para que foi convidado pelo PRS, o PR, Umaro Sissoco Embaló disse que já estava na hora de Alberto Nambeia entregar o partido aos mais novos.
Como alguns dirigentes já sabiam da movimentação do Chefe de Estado começaram a monitorá-lo e o seu comportamento e acabaram por aperceber no comportamento do grupo que fazia pressão para o Congresso, na última reunião do Conselho Nacional.
Oposição à Nambeia continua
Esse grupo não só mantém a oposição à Alberto Nambeia como tentou inviabilizar a data do Congresso saído do Conselho Nacional. Essa estratégia, segundo as denúncias visava forçar a direcção de Alberto Nambeia a caducidade para depois ser alvo de impugnação nos Tribunais. Tribunais que neste momento, conforme às denúncias dos dirigentes do PRS, viram independência colocada em causa, devido a ascenção ao poder de figuras consideradas próximas de Sissoco Embaló.
Esse nó que se pretendia atar foi desatado, mas a correlacção de forças no Conselho Nacional, forte presença da oposição, “deu para despertar” Nambeia e seus seguidores internos. Foram levantados alguns incidentes que põem em causa os Estatutos do partido, sendo que alguns foram de imediato sanados, mas existem aqueles que os contestatários se mantém inconformados e prometem avançar para a justiça.
Perante todas estas suspeitas, questiona-se o que fazer vai acontecer da parte dos renovadores. A posição a assumir não é consensual, mas existem aqueles que defendem o afastamento do PRS na aliança que suporta Umaro Sissoco Embaló. “Todas essas manobras de Umaro Sissoco, visam buscar apoio para às próximas eleições. Sabe que, com os seus modus operandi, dificilmente obrigar Nambeia a cair no seu jogo, por isso quer ter alguém no partido”.
Aliás, os próximos de Alberto Nambeia defendem que, o presidente jamais acompanharia o Chefe de Estado nas suas saídas infelizes tais como recusa de cumprimentos de decisões judiciais, ou instrumentalização dos órgãos como o MP e a PJ para perseguir os adversários políticos. “Somos a favor dos embates políticos, mas nunca a favor da perseguição política”, comentou um alto dirigente do PRS.
“Não há nova maioria”
A volta de todas essas movimentações do PRS e num claro afastamento à certas posições assumidas pelo Governo, a resposta frontal foi dada pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló. Depois de ser admitida a possibilidade de um entendimento entre o PAIGC e o PRS para formar uma nova maioria parlamentar e consequentemente governativa, o PR, Umaro Sissoco Embaló disse publicamente que jamais seria aceite essa pretensão. Disse que o único com competências para avaliar a estabilidade é ele e havendo uma nova maioria, melhor seria ir para novas eleições. Embora o partido sempre distancie de pronunciar sobre essa matéria, certo é que, alguns dirigentes do PRS qualificam “ditatorial” o posicionamento de Umaro Sissoco Embaló e estranham o que lhe pode levar a ter este comportamento.
Sem qualquer dúvida, o aviso de Umaro Sissoco é claramente dirigido ao PRS que começou a apresentar sinais de desgastes com o Chefe de Estado quando esse decidiu bloquear certas nomeações dos seus dirigentes.