Uma semana depois de ser nomeado para o cargo de Primeiro-ministro, Geraldo Martins decidiu bater com a porta. A demissão não foi formalmente apresentada ao Presidente da República, mas o demissionário Chefe do Governo anunciou ao Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló em como “não está disponível para liderar um Executivo sobre o qual, não tem controlo”. Os dois chegaram a este ponto quando, Geraldo Martins percebeu que, o PR Umaro Sissoco Embaló quis colocar no Governo figuras que só responderiam a ele e mais ninguém.
Informações chegadas ao UH dão conta que, o demissionário Primeiro-ministro ainda tentou demover o Chefe de Estado demonstrando-lhe ás consequências que procedimentos dessa natureza acarretam para a Governação, mas Umaro Sissoco Embaló se manteve inamovível.
“Por aquilo que é do meu conhecimento, o Dr. Geraldo Martins fez enormes esforços para que o PR compreenda o que estava em jogo. Infelizmente, o PR tem compromissos com alguns dos seus apoiantes e a situação tornou-se insustentável”, disse a fonte.
Apesar de mostrar alguma flexibilidade, o quer é certo, conforme os dados chegados ao UH é que, também de forma inflexível, Geraldo Martins assumiu que jamais lideraria um Governo onde cada ministro ou Ministério seria uma ilha a parte.
“Aquilo não é ser chefe do Governo. E o Dr. Geraldo jamais aceitaria que acontecesse com ele. A solução acabou por ser a demissão manifestada pelo próprio Geraldo Martins embora não tenha feito por escrito”.
A conversa da demissão entre Geraldo Martins e Umaro Sissoco Embaló acontecera no dia 19 de Dezembro e o Chefe de Estado terá prometido que, o decreto de exoneração seria exarado no dia seguinte. Ainda não se sabe se vai concretizar, ou haverá uma nova oportunidade para discutir o assunto, mas a realidade do momento é impasse prevalecente.
Pressão da CEDEAO para o regresso a Constitucionalidade
Enquanto isso, a presente crise política continua sem saída. Depois de dissolver o parlamento três meses após a sua entrada em funcionamento, o Chefe de Estado está abraços com os protestos internos da coligação vencedora das eleições e alguns sectores da sociedade civil. Ambos consideram de inconstitucional a decisão do PR, pelo que deve recuar dela, até porque os argumentos apresentados para uma decisão de fundo como esta, não convencem. Essa pressão interna se estendeu a nível internacional onde, a CEDEAO na sua reunião no princípio do mês corrente, teve dois posicionamentos, mas ambos convergiram no chamado “regresso a normalidade e criação de condições para o funcionamento da ANP”.
O primeiro posicionamento da CEDEAO foi na Comissão de Mediação e Paz na qual exigiram, que se respeite a Constituição da República e que sejam criadas condições para o funcionamento da Assembleia Nacional Popular. Nesse órgão, o posicionamento foi claro e nem sequer se admitiu a possibilidade de ter ocorrido um golpe de Estado no país, como alegou o Chefe de Estado.
Já na reunião dos Chefes de Estado, o texto final foi alterado, mas manteve o essencial de “incentivar o diálogo” e exigir a criação de condições para o funcionamento da Assembleia Nacional Popular. Nesse encontro ocorreu mesmo um incidente diplomático com o Chefe de Estado a abandonar a sala de reunião durante a leitura do comunicado final. Fontes diplomáticas consideraram na altura o sucedido como sendo “uma derrota para Umaro Sissoco Embaló” por não conseguir vincar, junto dos seus pares, os argumentos que o levaram a demitir o Governo em dissolver o parlamento.
Não obstante a pressão da CEDEAO, o PR manteve a sua decisão de retirar o poder a coligação vencedora e não permitir o funcionamento da ANP: No dia em que conferiu posse a Geraldo Martins, Umaro Sissoco Embaló insistiu em declarações a imprensa que o Governo é seu e o PM só deve responder perante ele.