Economia

Operadores económicos incrédulos com melhoria da campanha e Governo reinstala polémica com a abertura da campanha

A presente crise na comercialização da castanha de caju, continua a ganhar contornos negativos com previsão de piores cenários para o futuro. Depois de quase dois meses sem que a castanha seja comprada, as estratégias do Governo para a saída continuam a ser polémicas. Primeiro, abriu a campanha sem o consenso dos operadores económicos e agora mandou abrir a balança sem que as condições sejam criadas. Mamadú Iero Jamanca, presidente da Associação Nacional dos Exportadores da Guiné-Bissau qualificou de “extremamente desgastante” os procedimentos que o Governo tem tido com a classe. Disse que não existe qualquer cenário da campanha melhorar nos próximos dias, porque todas as estratégias montadas pelo Governo estão erradas e uma delas é fazer a campanha eleitoral coincidir com a comercialização da castanha. Iero Jamanca garantiu que neste momento nenhum empresário aceitou investir na comercialização da castanha de caju, porque existem suspeitas de eventuais problemas na ressaca das eleições. Os bancos, conforme as suas palavras, “praticamente não libertaram o dinheiro”, porque acham que nos últimos anos os períodos pós-eleitorais “têm sido bastante nebulosos. Lassana Sambú, dos Intermediários da Guiné-Bissau, está um bocadinho mais optimista e disse acreditar que, a abertura da balança vai ajudar bastante na melhoria do preço tanto no comprador como no produtor.
Em declarações ao UH, Iero Jamanca começou por explicar na sua opinião, quais os motivos que estão na origem do mau começo da campanha de castanha de caju 2023. “Esta campanha começou mal, porque a campanha do ano passado do mal feita. Foi aberta e não se fechou para se avaliar o que é que correu bem ou mal. Foi por isso que temos ainda entre 15 a 17 mil toneladas de castanha de caju do ano passado em Bissau. Portanto a campanha do ano passado foi péssimo, como está a ser péssimo, o comportamento do Governo este ano”, disse o Presidente da Associação dos Exportadores.
Ainda como razão da campanha, o operador económico salienta que a presente foi mal calendarizada, quando se juntou o calendário político /eleições legislativas) nesse período. “Ninguém vai libertar o seu dinheiro para esta campanha. Nem os operadores nacionais, porque não têm, não conseguiram os contratos, como os estrangeiros que dada a incerteza política, não aceitam colocar o dinheiro no mercado. Não há campanha, porque nenhum banco aceita libertar o dinheiro no clima da incerteza”, afirmou.
Bastante crítico com os procedimento do Governo, Mamadu Iero Jamanca que também é membro do Conselho Fiscal da Confederação Nacional dos Actrores da Fileira de Caju acusa o Executivo de não levar em consideração a opinião de ninguém. Não ouve operadores económicos, não ouve ANAG, não ouve exportadores e nem ANCA. Tomam decisão apenas porque sentem-se competentes para isso”, criticou.
Um dos exemplos dessa decisão unilateral tem a ver com a abertura da presente campanha. Disse que, tendo em conta o atraso na exportação da castanha do ano passado, defenderam, que se devia abrir a campanha entre 10 a 15 de Abril de 2023. “Infelizmente, o Governo decidiu no dia 30 de Março abrir a campanha no Ministério do Comércio. Aquilo tem graves consequências, porque a castanha restante de 2022 que alertamos sobre a sua situação; que o presidente da República recomendou a solução ainda estava pendente e seria afectada se a campanha nova iniciasse. Abrir a campanha, precipitaria as pessoas a irem tirar a castanha no cajueiro sem que amadurecesse. São alertas que fizemos, mas que o Governo desvalorizou”. contou o empresário.

“Abertura da balança foi precipitada”
Para ele, a abertura da balança que ocorreu no dia 14 de Maio corrente, foi um gesto de má-fé. “Usar a balança para política ou para a campanha política é um total desconhecimento das regras. Não separar a campanha política da actividade económica é um risco grave para economia de um país. Porque os prejuízos depois, são insuportáveis como as que estamos a ter. Não era tempo de abrir a balança”, afirmou Mamadú Iero Jamanca.
Normalmente, as balanças começam a operar praticamente no final do escoamento da castanha do campo para a cidade, mas este ano dada a campanha, a mesma foi aberta o mais cedo possível. Em consequência dessa abertura, os preços vão melhorar e o mesmo pode-se dizer em relação a disponibilidade dos próprios compradores. Para além da abertura da balança, os operadores económicos viram o Governo avançar com a decisão de reduzir mais uma vez as taxas (terceira redução para a campanha deste ano) atraindo assim mais compradores para o interior. O problema é que, não obstante todas essas movimentações, o processo de compra da campanha está longe de conhecer os melhores dias, porque com o aproximar da época chuvosa a falta de conhecimento de técnicas de conservação e más vias rodoviárias podem influenciar na questão do escoamento para a Capital.
Lassana Sambú, da Associuação dos Intermediários acha que a abertura da balança será uma mais valia para o processo de comercialização, porque funciona como um mercado de valores. “Acontece que abrimos a balança no dia 14. Foi contra a vontade de certas pessoas é verdade, mas tínhamos de abrir para poder atrair mais concorrência”, disse.

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