Política

Governo “aprovado” nos primeiros 30 dias por causa do arroz, combustível e pão

No passado dia 8 de Setembro, Geraldo Martins completou 30 dias como Chefe do Governo. Francamente o período não serve para uma avaliação mais pormenorizada, mas não deixa de servir para os primeiros palpites, sobretudo do eleitorado ou de quem faz a avaliação da governação. Em grosso modo, quem escolheu ou quem crítica a governação acredita que estão a serem dados passos importantes, sobretudo as medidas de fundo adoptadas para alguns sectores. A redução do preço do arroz, de combustível e do pão (a partir do dia 12 de Setembro), são elementos que nesta fase inicial apontam para um arranque encorajador.

Geraldo Martins foi empossado Primeiro-ministro da Guiné-Bissau a 8 de agosto de 2023 e nesse dia, assumiu como prioridade da sua governação os problemas sociais do país, de forma a aliviar as dificuldades dos cidadãos e devolver-lhes o poder de compra.

Trinta dias passados, Martins conduz um Governo de 34 membros que já tomou, entre outras, três medidas que os observadores consideram “essenciais” para o sucesso da sua governação, nomeadamente no que toca à diminuição do preço no mercado de produtos como o arroz e combustíveis.

Em entrevista à DW África, o analista político Mariano Pina afirma que “[o primeiro-ministro] tem vindo a mostrar que é um bom quadro e um bom técnico, no que diz respeito à ação governativa”. E que, para já, acrescenta, as medidas tomadas pelo Governo nestes primeiros trintas dias têm tido reflexo “na vida das populações”.

Exemplo disso, continua Mariano Pina, foi o trabalho realizado com a castanha de caju. “Havia muita castanha de caju encravada no interior do país e com a abolição das barreiras não tarifárias, fez-se o escoamento em grande quantidade da castanha que estava no interior”, explica.

Para além desta medida, destaca o mesmo analista, ao nível do cabaz alimentar, o Governo baixou o preço do arroz, “que é o alimento de base da população guineense”, e procedeu também à diminuição do preço dos combustíveis.

O executivo, do qual são integrantes, para além dos cinco partidos da Plataforma da Aliança Inclusiva, o Partido da Renovação Social (PRS) e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), tem, ainda assim, outros desafios pela frente, e que vão desde o início do ano letivo à estabilização do setor do ensino e à devolução da segurança aos cidadãos.

Também ouvidos pela DW, em Bissau, cidadãos guineenses dizem estar satisfeitos com as primeiras decisões do Governo de Geraldo Martins.

“Acho que é muito bom, porque vejo a mudança. Espero que se esforce mais para conseguir fazer o restante”, disse um estudante, cuja opinião é partilhada por um outro cidadão, funcionário público: “Vejo que tudo está a ir num bom caminho e as coisas já estão a mudar pouco a pouco, já vimos a baixa do preço do arroz no mercado”.

Avaliação “prematura”

Também o economista guineense Abdulai Djaló concorda com as medidas adotadas recentemente pelo Governo, no entanto, defende que ainda é “prematuro” fazer qualquer avaliação às mesmas.

Segundo diz, é preciso esperar 90 dias para que se vejam “os impactos a curto médio e longo prazo” – nomeadamente o impacto em termos de indicadores económicos, macroeconómicos e da sua reflexão dentro do Produto Interno Bruto (PIB). “Mas também é preciso, mais tarde, analisarmos os impactos social e político dessas medidas”, acrescenta o economista.

A Guiné-Bissau é conhecida pela sua crónica instabilidade política e crises entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, que nunca permitiram que um Governo completasse quatro anos de exercício, o previsto para uma legislatura.

Ainda assim, o analista Mariano Pina acredita que, com Geraldo Martins como chefe do executivo, tudo pode ser diferente.

“Por aquilo que vejo, Geraldo [Martins] não é uma pessoa de conflitos. É um técnico e uma pessoa que se preocupa com o trabalho”.

UH/DW

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