O actual ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural disse a Polícia Judiciária (PJ) que recebeu orientações do Governo, através do Conselho de Ministros para utilizar os fertilizantes para encontro de contas com um empresário que os ex-ministros Sandji Fati, actual Conselheiro do Presidente da República e Marciano Silva Barbeiro, agora ministro da Defesa Nacional contraíram uma dívida no período em que exerciam funções, e num montante que o executivo não conseguiu pagar. A referida dívida está calculada num montante de 700 milhões de Fcfa, mas não se especificou no quadro do qual fornecimento ou serviço prestado.
Os trabalhos da investigação continuaram, porque a Polícia Judiciária tem mais de cinco ofícios do Secretário-Geral e através dos quais, o ministro autorizou o levantamento de fertilizantes NPK, 15-15-15, a favor de terceiros e em nenhum deles consta que se trata de encontro de contas ou para amortização da dívida. Face a pluralidade dos supostos empresários com dívidas, a PJ suspeitou tratar-se de manobras com vista a fundamentar negócios ilícitos através de dívidas do Estado ‘inexistentes’.
Por isso serão ouvidos não só o Secretário-geral do Ministério da Agricultura e os aludidos empresários, mas também os ministros anteriores que agora continuam noutras funções de relevo no aparelho do Estado. O objectivo da PJ para estas pretensas audições é confirmar se na verdade existe a tal dívida e sobre qual o serviço prestado ao Estado.
A PJ tem na sua posse, um Mapa de autorização elaborado pelo Secretário-Geral do Ministério no qual há um total autorizado pelo ministro Botche Candé de 71.280 sacos e foram para 5 empresas nomeadamente, Socoven Pro Age Lda, Union Binnany Cambio Mundial SARL, Suleimane Djaló (ISSA), Amadu Candé e Saido Baldé.
Os depoimentos de Botche Candé que visam comprometer os seus antecessores foram registados na Polícia Judiciária, quando foi ouvido e estava perante evidente ameaça de detenção. A PJ continua a investigar o ministro e mantém possibilidade de detê-lo, porque constatou-se que, os fertilizantes não foram exclusivamente para amortização da referida dívida, mas outros assuntos de interesse do ministro.
Uma fonte do Jornal Última Hora garantiu que, os dados recolhidos durante a investigação demonstram que, vários toneladas foram vendidos para sustentar as viagens e movimentações políticas do ministro.
“Sempre que precisava do dinheiro para deslocar, autorizava o levantamento de toneladas e toneladas. Quase todas as suas movimentações políticas ou deslocações para o interior coincidiram com pedidos de levantamento feitos pelo Secretário-geral do Ministério. Esses elementos de investigação são prova de que, os fertilizantes não foram utilizados apenas para a tal amortização”, disse a fonte.
Mas não são apenas estes os elementos que a PJ dispõe na sua investigação. dados apurados demonstraram que houve mudança de sacos. “Tem o porquê. Tratando-se de oferta, estão num saco onde consta claramente que não se deve vender. Para poderem contornar essa condição decidem trocar os sacos, o que também é um acto criminoso”, insistiu a nossa fonte.
A PJ tem na sua posse outros ofícios nos quais, o ministro Botche Candé a pedido dos seus técnicos permitiu que sejam feitos negócios com outros interessados que não sejam o tal empresário que os ex-ministros deveram.
“É um negócio de fertilizantes que tem sido feito para o exterior. Talvez pela falta de capacidade de absorção a nível nacional, têm vendido aos estrangeiros. Estes fertilizantes por aquilo que conseguimos apurar já está na Guinée-Conacri”.
Será que o Conselho de Ministros deu autorização?
A pergunta existe, mas não tem resposta. A verdade é que o assunto de dívidas do Ministério da Agricultura aos fornecedores é real e não se sabe qual dos dois ministros contraiu mais e para quê.
O assunto de dívidas, segundo a nossa fonte foi levantado pelo ministro Botche Candé no plenário governamental, mas não existe nenhum documento capaz de provar a autorização do encontro de contas. A PJ guineense vai estender a sua investigação e ouvir Marciano Barbeiro, agora ministro da Defesa e Sandji Fati neste momento Conselheiro do presidente da República.
Se o Conselho de Ministros na verdade será um novo processo, tendo em conta que, se trata de uma oferta que não podia ser ofertado ou vendido.