Três dias depois dos tiroteios ocorridos no Palácio do Governo, um relatório preliminar produzido pelos serviços de de Segurança da Guiné-Bissau citou dois colaboradores directos do ex-Chefe de Estado-Maior da Armada, Bubo Natchuto, como pessoas reconhecidas durante a fuga. Os dois referidos como reconhecidos, foram militares que em 2012 durante o período de transição foram capturadsos em conjunto com o Contra-Almirante Bubo Natchuto e levados para os Estado Unidos da América. O relatório cita ainda como autores desses reconhecimentos dos suspeitos, as forças de defesa e segurança que apareceram no Palácio do Governo para supostamente socorrerem o Presidente da República e os membros do Governos encurralados pelos insurrectos. Até agora, nenhuma eminente figura política foi citada como mentor, mas alguns oficiais do Ministério do Interior próximos aos maiores partidos políticos estão a serem cogitados.
O relatório assinado pelo Comandante da Guarda Nacional, Sadjo Cissé garante que, na sequência da investigação do caso estão a serem detidos militares e polícias implicados e denuncioados pelos colegas. Porém, os dois nomes mais sonantes, os directos colaboradores de Bubo Natchuto, Tchami Ialá e Papis Djemé foram considerados no relatório como suspeitos fugitivos.
Antes, no dia 3 de Fevereiro, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló visitou o Palácio do Governo, para segundo disse, constatar os distúrbios provocados por aqueles que queriam “decapitar o Estado da Guiné-Bissau”. A ocasião serviu para o PR comentar a divergência de opiniões reinante entre os guineenses sobre a veracidade do acontecimento e se foi ou não, Umaro Sissoco Embaló disse não querer proferir qualquer reacção para não perturbar a investigação, no entanto lembrou que em 2009, quando Nino Vieira denunciou atentado contra a sua integridade muitos consideraram que se tratava de uma inventona. O PR pediu às pessoas para abandonarem os “argumentos de autodefesa” e permitirem que os órgãos competentes façam a necessária investigação. “O que sei é que minutos que estão a contestar, fazem parte”, comentou o PR. Foi na sequência dessa declarações que anunciou existir uma Comissão de Inquérito que está a tratar-se do assunto.
“ECOMIB vai regressar a Guiné-Bissau”
Entretanto há um volte-face na posição da CEDEAO sobre a Guiné-Bissau. Há depois ambos e depois da tomada de posse do actual Presidente da República, a força da CEDEAO foi acantonada e meses depois retirada, porque, Umaro Sissoco Embaló assegurou ter muita confiança nos militares guineenses e que seriam eles a garantir a sua segurança. Dois dias depois dos tiroteios no Palácio do Governo, a CEDEAO reuniu no Gana e colocou a Guiné-Bissau no primeiro ponto da decisão. Consta no comunicado final que, a organização deverá enviar uma força de interposição e de estabilização para o país.
Apesar da data não ter sido precisada a data da vinda dos militares da CEDEAO, o assunto está a provocar a divergência de opiniões e aumentar suspeitas sobre a possibilidade de manipulação do caso 1 de Fevereiro. Há quem pensa que o caso foi tido apenas como um fundamento para o regresso da ECOMIB, porque o PR começou a incompatibilizar com alguns sectores das FA e quer ter protecção de outra natureza. Outros críticos questionam ao PR sobre o que mudou de repente para a CEDEAO interessar, ele que acantonou as forças da Ecomib e disse que não há Estados pequenos. Como conclusão dos defensores dessa versão, as suspeitas recaem sobre a possibilidade do Senegal estar a interferir no sentido de facilitar a execução do polémico Acordo de gestão da zona conjunta e Exploração de petróleo e hidrocarbonetos assinado entre Umaro Siussoco Embaló e Macky Sall. O aludido acordo está a ser fortemente criticado pela oposição política, havendo quem acusa o Chefe de Estado de ter vendido os recursos naturais. O PR já reagiu várias vezes o aludido Acordo e disse tratar-se de matéria da sua competência.
Governo para enterrar os mortos
Depois da guerra dos dados sobre às vítimas do caso 1 de Fevereiro, agora é a vez dos funerais. Inicialmente falou-se em 11 mortos, mas uma das pessoas citadas no comunicado do Governo como morta, veio à público para garantir apenas que teve lesões e ferimentos. O Hospital Nacional Simão Mendes cita oficialmente ter recebido 8 vítimas. É a partir do mesmo que as cerimónias fúnebres das vítimas no campo de batalha estão a ser levadas para o cemitério. Os familiares contestaram o modelo, mas o Governo insistiu em não entregar os restos mortais, com excepção de Hipólito Djatá, engº agrónomo que morreu de enfarte e que a família exigiu que fosse lhes entregue. E foi, mas os outros não.