O conclave que reuniu os dirigentes do Movimento Alternância Democrática nos finais do mês de Julho passado foi extremamente violento contra o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló e alguns dirigentes da mesma formação política. Os próximos do Coordenador do partido, Braima Camará atacaram em todas as direcções e ameaçaram correr com todos os traidores e intriguistas no partido. José Carlos Macedo, dirigente e deputado do mesmo partido revelou na reunião que Umaro Sissoco Embaló ameaçou três deputados por não gostar das suas opiniões no parlamento e acusou o Chefe de Estado de ter “milícias em toda as cidade de Bissau”.
Num vídeo vazado nas redes sociais e na sua intervenção durante o Conselho Nacional, José Carlos Macedo, dirigente do MADEM denunciou que foi alvo de ameaças directas do PR, Umaro Sissoco Embaló, quando disse no parlamento que, a nomeação do vice-Primeiro-ministro, Soares Sambú era Inconstitucional. José Carlos Macedo revelou que, na mesma chamada o PR aconselhou-lhe a tomar cuidado consigo enquanto deputado mesmo, sob pena dos outros se cuidarem dele.
Nas mesmas denúncias, Macedo revelou que tem conhecimento de que os deputados Nhina Mendes Pereira e Manuel Irénio Lopes de Nascimento, todos do MADEM, também foram alvos de ameaças do Presidente da República devido aos seus posicionamentos. Macedo acusou ainda o PR de ter espalhado milícias na cidade de Bissau que controlam as movimentações dos dirigentes do MADEM para irem informá-lo, tendo citado alguns pontos em que estes “informantes se instalaram”.
Sobre a crise entre o PR e o partido, José Carlos Macedo apontou o vice-Primeiro-ministro, Soares Sambú como autor principal, porque é uma figura que segundo ele, nem sequer está na liderança do partido. Por isso, Macedo insistiu que, para o partido, Soares Sambú tem de sair do Governo naquelas funções, porque a sua nomeação é Inconstitucional e inorgânica.
Neste vídeo que está a agitar e de que manbeira os hostes do MADEM, José Carlos começou por criticar Soares Sambú e denunciou que estava a ser alvo de severas ameaças por estar a contestar o PR. “Que Presidente é este, que ameaça um deputado de Nação por causa da sua opinião? Que Presidente este, que entrou na montagem de baixo nível contra a minha pessoa para dizer que eu namoro uma menina menor, só para me incriminar e tirar-me do parlamento?! Isso não pode ser. E grave e não podemos ficar calados”, criticou José Carlos Macedo.
Macedo defendeu que, sozinho, Umaro Sissoco jamais seria PR, se não tivesse o MADEM nas suas costas. “Nós é que prepará-mo-lo e colocamos na Presidêncioa. Não pode desrespeitar-nos ja,aios”, advertiu. Ele disse que, a seu ver, o PR imperativamente tem de respeitar os esforços feitos pelos dirigentes do MADEM para lhe colocar na Presidência da República.
Assumindo-se como defensor de política de honestidade e como forma de criticar “os oportunistas do partido”, José Carlos Macedo recordou que, como Grupo de 15 (na era de José Mário Vaz), funcionaram como Governo sombra e certas pessoas foram nomeadas na altura.
No entanto, no actual Governo essas mesmas pessoas não foram nomeadas e estão a criticar. “Estamos a falar de pessoas que nomearam os seus filhos e esposas nos Conselhos de Administração. Não disseram nada na altura. Hoje querem responsabilizar o partido ou Braima Camará. Isto não é sério e não podemos admitir esse comportamento”, criticou José Carlos Macedo.
Crítico com os próprios colegas do partido, José Carlos Macedo revelou que, muita irregularidade está a ser cometida pelo PR e ninguém diz nada. Porém, o dirigente do MADEM acha que, há uma tamanha injustiça contra Braima Camará a quem todos querem responsabilizar dessa situação. “Umaro Sissoco insulta as pessoas e vocês pedem para sofrer. Como? O Braima já sofreu bastante, porquê é que não vão pedir a quem anda a atacar para parar? Se ele nem reconhece que foi o MADEM que o levou para o poder, como é quie acham que devemos respeitá-lo. O Botche Candé recebeu recentemente 800 sacos de arroz para levar o interior. Quem lhe deu? Foi o PR. Digo isso com provas. Cada Polícia que o acompanhou nessa deslocação recebeu 25 mil Fcfa diariamente. O Braima não está aqui? O Partido não está aqui? Não podiam fazer esse trabalho”, questionou para realçar que esses são provas inequívocos de desrespeito ao Coordenador e o próprio partido.
“Se Botche Candé não sair do Governo não vou votar o próximo OGE”
Aliás, José Carlos Macedo afirmou nessa sua intervenção qiue, foi o Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló que tem ajudado a impolantação de estrutyuras de alguns partidos políticos e citou com exemplo a implantação de estruturas da RGB, tendo revelado que, quem deu 9 carros aos dirigentes daquele partido, foi o PR. “Ouvimos recado de Botche Candé a dizer ao PR que não responda aqueles que estão a insultá-lo. Ou seja, o que estamos a fazer é insulto ao PR. Não insultamos e nem chamamos pai ou mãe do PR. Porém, quero mandar recado ao Botche Candé. Nós vamos exigir a sua saída do Governo. Se ele não sair, pessoalmente e como deputado da Nação não vou votar o próximo OGE no mês de Novembro”, ameaçou José Carlos Macedo, curiosamente deputado que substituiu Umaro Sissoco Embaló.
Mais adiante pediu mesmo para que esta exigência feita em nome da região de Gabú conste nas resoluções do Conselho Nacional, porque são para levar a sério. Com tantas exigências feitas, José Carlos Macedo exigiu que “todas as pastas pertencentes ao MADEM sejam devolvidos ao partido de forma a poder fazer as próprias nomeações, porque muitos figuram como ministros sem obedecer o partido”. “Sabemos que alguns deles estão a trabalhar bem e até ouvimos elogios. Tudo bem. Mas exigimos a remodelação e seremos nós a gerir as nossas pastas. Se eventualmente alguém for reconduzido, que continue”.
Braima Camará é visto no próprio partido como um dos elementos que protege o ministro das Obras Públicas. Para José Carlos essas conclusões não são justas, porque o Coordenador não tem qualquer afinidade com o aludido governante. “Que eu Saiba, o Dé (Fidélis Forbs) é um quadro do partido. É um trabalhador. Isso é que lhe aproxima do Braima. Não são parentes e nem têm afinidade étnica”, sublinhou para mais adiante voltar a afirmar que, a remodelação tem de acontecer antes da remissão do OGE do ano 2022 ao parlamento no mês de Novembro. “Se isso não acontecer não vou votar. Não me chamem de traidor depois. Queremos que Botche Candé saia do Governo”, apontou.
“Sissoco Embaló tem milícias no país”
Na mesma ocasião, José Carlos Macedo aproveitou para esclarecer aquilo que chama de equívocos de Sandji Fati, que lhe acusou de o ter chamado de tribalistra. O dirigente esclareceu que jamais chamou Sandji Fati de tribalista, mas sim criticou mandingandadi (alusão a etnia de Sandji Fati) e as montagens feitas por alguns militantes do MADEM da etnia mandinga para que Fati pudesse usar de palavra no Conselho Nacional, quando aquele tinha faltado o primeiro dia das regiões. “Relativamente a Nelson Moreira, não disse que ele costuma gravar. Mas, o que ele faz é pior do que gravação. O PR disse-me para andar a fazer o que Nelson faz. Isto é elogiar-lhe quando vai a Rádio. Não é nenhuma novidade, porque contei isso ao Nelson. Depois disse ao PR que não posso fazer aquilo. Tenho as minhas próprias ideias e não sou teleguiado. Recusei”, destacou. Ele aproveitou ainda para denunciar que, Nelson Moreira tem 7 postos de emprego e podia partilhar com os outros e não açambarcar tudo sozinho.
Sobre as milícias criadas por Umaro Sissoco Embaló, José Carlos Macedo revelou que ficam sentados no Hotel ANCAR para saber qual o membro do Governo que entrou no Malaika para puderem informar. “Ele deu carros a outros e estão presentes nessa sala. Hoje vou dizer tudo, mas se os minutos faltarem, vou fazer directo talvez Umaro vai ouvir melhor”, avisou José Carlos Macedo.
Sabino Santos