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UNTG promove marcha simbólica para pedir 100 mil Fcfa para Salário Mínimo

Nenhuma descrição disponível.Os trabalhadores dos sindicatos afiliados na União Nacional dos Trabalhadores da Guiné, Central Sindical (UNTG-CS) promoveram hoje (28) uma marcha de protesto contra a situação política, económica e social do país. Nas comemorações, os trabalhadores afiliados na UNTG advertiram que, os protestos vão continuar, enquanto o governo não for capaz de garantir melhores condições aos servidores do estado. Essas condições são aumento do salário mínimo para 100 mil Fcfa, abolição dos subsídios milionários aos titulares dos órgãos de soberania e a eliminação das taxas que aumentaram o custo do nível de vida no país.

Contrariamente a marcha do dia 14, a marcha desta quarta-feira foi permitida numa distância de apenas 400 metros. Isto é da sede da UNTG até a Direcção Geral de Contribuições e Impostos. Alguns aderentes da marcha consideraram aquilo de impedimento, mas a UNTG e a Comissão Organizadora entendem que, o mais importante era passar a mensagem sobre a luta que estão a fazer. A questão da distância acabou por não ter relevância, como também não se colocaram grandes questões sobre o comportamento da Política. Desta vez, a polícia esteve mais distante e menos numerosa. Basta dizer que, com excepção do cordão policial que se montou no final da avenida que dá acesso a avenida principal, para proteger a marcha incluindo as viaturas de patrulha estavam menos de 30 agentes da Polícia e sem qualquer utensílio de defesa.

Tudo isso era possível graças ao acordo alcançado entre a comissão organizadora da marcha e a Secretaria de Estado da Ordem Pública no dia anterior à marcha. Terá sido nesse encontro que o Secretário de Estado redimiu-se da actuação policial pedindo desculpas, e deixar promessas em como a marcha seria assegurada.

O Presidente da Comissão Organizadora disse antes da partida que, os trabalhadores não devem ter medo de protestos independentemente das ameaças que possam fazer. Yasser Turé afirmou que, o conformismo dos guineenses é que fez com que o país ficasse no 175 do Ranking Mundial e certamente um dos piores para viver. “Estamos nessas condições devido a alienação e conformismo. É preciso fazermos algo para sairmos do conformismo. Mas esta marcha, podem registar é o início do conformismo na Guiné-Bissau”, prometeu o presidente da Comissão.

Um dos motivos da marcha da UNTG para além do custo de vida, é o salário. Turé entende que, para este ano, a luta parece ser perdida no Orçamento Geral do Estado, porque só resolveu om problema dos titulares dos órgãos de soberania, porém, prometeu que, para o próximo ano tudo será diferente. “O orçam,ento deste ano foui para resolver o problema dos trabalhadores com os subsídios milionários. Porém, acreditem que, para o próximop ano não deixaremos surpreender e o dinheiro será mais para os trabalhadores”, prometeu.

A marcha do dia 28 é pacífica em todos os sentidos. Até parece que não havia necessidade de ser assegurada, porque a Comissão conseguiu mobilizar a todos os participantes para que fosse ordeira. A frente da marcha estavam um set polícias incluindo, e mais alguns sentados na viatura de patrulha e atrás, uma viatura de patrulha. A organização advertiu a todos os participantes no sentido de integrarem o cordão de forma a evitar possíveis interferências perturbadoras na marcha.

O jornalista, Armando Lona a propósito escreveu na sua página os motivos que o levaram a participar na marcha. Segundo ele, há toda necessidade de se reforçar a cidadania, através da participação na busca de solução para os problemas colectivos, disse que foi a macha, por causa da “indignação”, perante a roubalheira a céu aberto perpetrado neste país. “A República só é digna desse nome quando a vontade da classe trabalhadora e do povo é respeitada”, referiu.

Bastante crítico com os impostos, mas sobretudo a incapacidade do Governo em resolver os problemas sociais, Lona acrescentou que, “a República não é República quando um grupinho goza de privilégios” em detrimento da maioria mergulhada na miséria. “Mais impostos para os cidadãos e mais subsídios gordos para um punho de indivíduos chamados dirigentes é uma ideologia de servidão, alienação e exploração. O trabalhador acordou para dizer basta”.

Basta foi o termo que muitos participaram na marcha. Armando Lona afirmou que “á uma clara insensibilidade dos ditos dirigentes perante à penúria social”, e o mais gritante é “o festival de pagamentos nas finanças públicas”.

O activista  também criticou a inflação motivada pelo aumento generalizado dos preços dos produtos no mercado. “Os subsídios milionários constituem um crime”, qualificou.

Já com a marcha em curso, as críticas começaram a recair os neutros. Como a distância era curta, apenas os funcionários do Piquete da EAGB junto do Estádio Lino Correia e os da DGCI ouviram às críticas tanto do speaker da marcha como do próprio Secretário-geral da UNTG. O speaker da marcha ao constatar um elevado número de pessoas nos passeios como espectadores da marcha, questionou se não eram funcionários, ou se os seus problemas já foram resolvidos ou ainda se não estão a sentir o aumento do custo de vida.

Já no discurso perante os marchantes, o Secretário-geral da UNTG acha que as pessoas não podem nunca afastar-se da realização da marcha ou de participarem, porque desempenham funções nas instituições. Disse que estas funções, não representam nada, se no fundo, não conseguem sequer atender as necessidades dos trabalhadores.

Quando a marcha estava a quase 70 metros da Avenida Principal onde estava o cordão policial, o primeiro grupo dos polícias sem qualquer material de dissuação parou os marchantes. A paragem foi pacífica, embora fosse possível ouvir certas pessoas a questionar a razão pela qual não progrediram e se tinham medo da polícia. Aliás, foi a partir daquele momento que muitos souberam que, a marcha não ia chegar a sede da ANP e muito menos a sede do Sport Bissau Benfica, como anteriormente foi combinado entre a Comissão Organizadora da marcha e o Ministério do Interior através da Secretaria de Estado da Ordem Pública. Outros até chegaram a conclusão que, melhor era desistir da marcha, porque quando a UNTG aceita ser condicionada o itinerário como aconteceu, é porque a sua luta não é natural.

Estas interrogaçõpes e críticas ficaram para trás para dar lugar as intervenções. A partioda falaram quase todosdo os líderes dos maiores sindicatos afiliados na UNTG.

Por sua vez, Júlio Mendonça, secretário-geral da UNTg acha que a luta vai continuar e que as leis serão aplicadas.

“Não compete à UNTG negociar a implementação das leis, apenas estamos a exigir quer o princípio da legalidade seja realidade na Guiné-Bissau, referente aos impostos e taxas que [os governantes] instituíram. Isso baixou o salário e a lei proíbe isso”, esclarece.

“Estamos a exigir que sejam dignificados os servidores públicos e a definição do salário mínimo nacional, que o país até agora não tem. Isso é grave para um país com 47 anos de independência”, acrescenta Júlio Mendonça. “É preciso que a lei seja respeitada e seja realidade no país”, frisa.

E o sindicalista promete: “A luta da UNTG vai continuar, até quando conquistarmos esses direitos que são direitos legítimos dos trabalhadores”.

A manifestação dos trabalhadores devia terminar em frente à Assembleia Nacional Popular (ANP), mas devido ao limite imposto pela lei da manifestação e pela barreira policial nas vias que dão acesso ao Parlamento, os manifestantes não cumpriram o itinerário.

Júlio Mendonça voltou a acusar os deputados de não estarem ao serviço do povo, por terem aprovado os impostos e subsídios dos governantes: “Aos deputados, nós já tínhamos chamado a atenção e sabemos que, neste momento, temos um grupo de pessoas que apenas se preocupam com os interesses partidários e não os do povo. Os que estão na Assembleia [Nacional Popular] não estão a representar o povo da Guiné-Bissau, mas sim e apenas interesses partidários e os seus interesses pessoais, nada mais”.

 

“Solução é o corte de subsídios e impostos”

Há sete meses que a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné está em greve, para exigir, entre outros, o fim dos novos impostos e a definição do salário mínimo nacional.

Como saída para a atual crise social Armando Lona diz que “a solução é o corte desses subsídios [dos titulares de órgãos de soberania], acabar com esses impostos, de forma a permitir um alívio ao trabalhador e criar condições para negociação com a UNTG, que deve-nos levar para a fixação de um novo salário mínimo de cem mil (Francos CFA – 152 Euros)”.

Lona também pede “respeito por outras cláusulas, neste caso, respeito ao princípio de legalidade, na funcionalidade da administração pública, o que não tem sido caso até hoje”.

A UNTG agendou nova manifestação para o dia 3 de agosto, dia dos Mártires de Pindjiguiti e dia dos trabalhadores guineenses.

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