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Morte do Rapper e Jurista guineense provoca revolta no seio da juventude contra a gestão do País

A morte do Rapper, activista e Jurista guineense, Bernardo Mário Catchura (vulgo Bernal), musicalmente conhecido por WP do Grupo Cientistas Realistas, está a provocar a revolta no seio da juventude guineense, que pede satisfações aos gestores do país. No dia 30 de Janeiro quando das cerimónias fúneres, milhares de jovens inundaram o Cemitério Municiapl de Antula, onde foi sepultado, para lhe render a última homenagem e ao mesmo tempo chamar razão ao poder político sobre a precaridade do sector social. No local, a emoção no seio da juventude era incontrolável, mas aqueles que conseguiram fazer discurso fúnebre, como Lesmes Monteiro e Tiago Seidi chamaram atenção sobre a necessidade de serem criadas condições no sector da saúde para se evitar mortes prematuras como a de Bernardo Catchura. Segundo os depoimentos dos colegas, Bernardo Catchura morreu por falta de assistência médica e há quem, suspeita que terá sido em parte negado a assistência, por isso, urge a intervenção das autoridades judiciais.

O jornalista e Manager musical do grupo de Rapper RRP, Tegna Na Fafé, ex-Director da Antena da Televisão da Guiné-Bissau, amigo próximo do falecido, explicou num Post na sua página oficial Facebook, o percurso que Bernardo Catchura teve antes da morte. Escreveu que, quando, Bernal de 39 anos se sentiu mal na quinta-feira (28) ao princípio da tarde, ele dirigiu para o Hospital Nacional Simão Mendes. O diagnóstico feito por quem lhe atendeu, segundo Tegna Na Fafé, apontou para a necessidade uma cirurgia de urgência.

Acontece, segundo às explicações do Jornalista, os técnicos que se encontravam no Hospital alegaram a falta de oxigênio. Dirigiram de imediato para o Hospital Militar Sino-guineense, em Bissau. No referido Hospital, como explicou o jornalista, havia oxigénio, mas não estava na altura um médico para efectuar a referida cirurgia.

Bernardo Catchura teve que abandonar o hospital conduzindo a sua viatura para uma Clínica nas proximidades. Na referida clínica terá sido o próprio a tirar as roupas, mas instâncias depois os familiares foram informados de que estava morto. O polémico post de Tegna Na Fafé termina com afirmações de que, no Hospital Simão Mendes, havia oxigénio afinal, só que, os responsáveis alegaram que era para casos mais graves.

Lesmes Monteiro, igualmente músico, jurista e activista, amigo do falecido, pediu aos guineenses, sobretudo a juventude para encarrarem seriamente a morte de Bernardo Catchura, sobretudo os motivos da falta da assistência médica. “Está claro que, Bernardo morreu por falta de oxigênio. Em vez de estarmos aqui a chorar e a lamentar, devemos reflectir se isso é admissível num país com 47 anos de independência! Portanto, o Bernal morreu por causa dos valores pelos quais lutava. Ele lutou e cantou para que o país tivesse saúde, escolas e que não houve corrupção. Morreu sem atingir os seus objectivos”, disse Lesmes Monteiro, dos poucos que no Cemitério conteve às lágrimas.

Expoente máximo do Grupo que notabilizou com músicas de intervenção e críticas à situações do dia-a-dia, Bernardo Catchura profissionalmente Coordenou o Centro de Acesso a Justiça em Bissau e na Região de Cacheu, tornando-se num dos elementos mais activos na defesa dos desfavorecidos.

Falando nas emoções, o maior Promotor de músicos, um dos maiores animadores de Rádio, Cícero Spencer, foi convidado a fazer algum comentário, enquanto quem deu oportunidade à Bernal, mas não conseguiu dizer uma única palavra.

Em nome da Associação dos Filhos e Amigos de Suzana, Tiago Seidi, conseguiu com uma voz trémula e cara inundada de lágrimas, dizer que, a morte de Bernardo Catchura, vai travar a dinâmica da Associação, tendo em conta que o mesmo ocupava a responsabilidade de área jurídica. Professor e jornalista, Tiago Seidi, acha ser inconcebível em pleno Século XXI, pessoas estarem a morrer por coisas que já não matam.

Miguel de Barros, Sociólogo e vencedor do Prémio Jovens africanos influentes há dois anos, defende a realização do inquérito das causas da morte de Bernardo Catchura. Na sua página, Barros escreve, cito: “a morte deste cidadão merece um inquérito sério e independente, como uma forte interpelação cívica, popular e judicial pela preservação das causas pelas quais lutou, mas sobretudo para evitar mortes banais para milhares de jovens guineenses no presente e no futuro”, fim da citação.

A revolta da juventude está precisamente na questão da falta de assistência. Quase todos aqueles que se pronunciar sobre o assunto acham estranho, Bernardo Catchura não ter assistência. Alguns até consideraram de pertinente o momento para provocar uma revolução, tendo em conta o assustador ritmo com que morrem os jovens no país nos últimos tempos.

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