O continente africano precisa de acções concretas para assumir as questões de saúde nos seus Estados. Essa imperatividade exige-se ainda mais, na medida em que, as ajudas globais neste sector estão a diminuir. Pelo menos foi esta a ideia global no quadro da preparação do 8ª Fórum dio Prémio Galien África, a organização manteve na quarta-feira (8), um encontro com os jornalistas membros da REMAPSEN para falar do evento e das personalidades que vão marcar presença, mas também abordar os problemas e compromissos de saúde no continente. As melhores inovações vão ser distinguidas, mas a organização alerta sobre a necessidade dos Estados terem mais investimentos no sector. Sob tema: Soberania sanitária: um imperativo em África, o Webinaire contou com as participações de Awa Marie Coll Seck, Presidente do Fórum Gallien África e de Dr. John Nkengasong, co-presidente do júri do Prémio Gallien África. Prémio Gallien, é, segundo John Nkengasong, o prémio mais prestigiado do continente, celebrando a excelência e a inovação nas ciências da vida e na saúde pública. É amplamente considerado em África e globalmente como o equivalente ao Prémio Nobel para a investigação e inovação farmacêutica africana.
Durante cerca de duas horas, ambos interragiram com os jornalistas de diferentes zonas do continenbte, sobre aquilo que deve ser o papel não só dos mídias, mas a responsabilidades dos Estados na promoção da saúde. “Muitas personalidades estarão presentes, e falei há pouco sobre as estruturas regionais. Todos os diretores executivos da OOAS, por exemplo, estarão lá”, garantiu a presidente.
O oitavo Fórum do Prémio galien, segundo a presidente é um evidente de reconhecimento que é persenciado por personalidades que marcam o mundo da saúde. “Consideramos importante convidar todos os intervenientes. Haverá ministros, presidentes de associações da sociedade civil interessados em saúde, financiadores a nível internacional, mas também a nível local. Creio que basta apenas um pouco de tempo para chegarmos a esta grande manifestação. É certo que teremos a oportunidade de falar novamente convosco para vos esclarecer sobre as pessoas presentes e as ausentes. Não vou esquecer as fundações Rockefeller, Gates, etc. Temos muitos parceiros que virão apoiar os especialistas, os decisores e os intervenientes comunitários africanos que refletirão sobre esta problemática da soberania nacional”, referiu Awa Seck.

“É uma honra para mim servir como co-presidente do O prémio é atribuído no Senegal, em Dakar, como parte do Fórum Gallien.Normalmente reúne especialistas da comunidade científica, decisores políticos, estudantes e o público para abordar as prioridades de saúde africanas e mostrar conquistas inovadoras. O Prémio Gallien está anexado ao Fórum e tem sido sempre apoiado ao mais alto nível. O Presidente Macky Sall foi anfitrião no passado, e a administração atual continua a apoiar. O prémio centra-se na inovação liderada por africanos que enfrenta os desafios únicos de saúde do continente, visando integrar África de forma mais visível na rede Global Gallien Foundation”, explicou o co-presidente do júri.
Habitualmente, o Prémio galien África em termos de categorias, distingue melhor Produto Farmacêutico, Melhor Tecnologia Médica, Melhor Produto de Saúde Digital e Melhores Produtos Terapêuticos Tradicionais. O prémio é avaliado por destacados líderes académicos e científicos, incluindo laureados com o Nobel. “O objetivo é catalisar a investigação científica e o impacto em toda África, bem como em parcerias”, assegurou John Nkengasong.
Avaliações criteriosas
Questionado sobre os critérios para atribuição do prémio, John Nkengasong explicou que, se trata um processo muito rigoroso e intencional. Em primeiro lugar, como explicou, as candidaturas estão abertas a todos os investigadores africanos e a parcerias, ou seja, a investigadores africanos e não africanos que tenham trabalhado em inovações. “O prémio está aberto a todos e ao longo do tempo recebe candidaturas acompanhadas de documentos comprovativos. Neste primeiro nível, a secretaria revê as candidaturas utilizando uma grelha muito específica para classificar os prémios por categoria, de forma a submeter uma lista restrita. O júri delibera utilizando critérios muito precisos para avaliar as diferentes candidaturas que chegaram a esta fase final. Depois, os dossiês são avaliados por mais de 10 especialistas africanos, provenientes de diversas disciplinas. Cada dossiê é pontuado e classificado com base nesta classificação. É também importante notar que, dependendo da qualidade e do valor do prémio, alguns anos pode acontecer que nenhum prémio seja atribuído se as candidaturas não cumprirem os critérios exigidos. Isto permite manter a alta qualidade do prémio e incentivar um trabalho de qualidade”.
O porquê da soberania?
Perguntado se, nesta busca pela soberania sanitária, precisamente, quais são os desafios específicos relacionados com a investigação e o desenvolvimento que permitem estabelecer uma ligação com estas distinções, John Nkengasong , respondeu: “Absolutamente. Não se pode discutir a soberania sanitária em África sem falar de investigação, inovação e empreendedorismo. Tudo isso deve fazer parte desta aspiração. A soberania da saúde pertence aos países africanos, mas penso que estamos num momento crucial na saúde global, onde as dinâmicas mudaram muito. A ajuda global ao continente está a diminuir, e isso deve ser uma oportunidade para África melhorar as suas pesquisas e inovações. É absolutamente impossível para África alcançar a soberania sanitária, tal como definida pelo Professor Awaku Sek, sem investigação, inovação e empreendedorismo. Isto não precisa necessariamente de estar à mesma escala do que faz a China ou os Estados Unidos, mas deve estar no contexto do que tentamos resolver em África, apoiado pelos nossos próprios governos. Essa é a beleza da soberania”.
Baseando das suas explicações, o sistema de saúde global que tem governado os nossos assuntos durante os últimos 80 anos mostra agora os seus limites, e chegou o momento de o continente realmente olhar para dentro, mas também para fora, e perguntar-se como pode financiar a sua saúde, não como uma despesa, mas como um investimento, pois há um enorme retorno sobre o investimento ao considerar a saúde como um investimento, e não como uma despesa.
Sabino Santos



