O ambiente político na Plataforma Republicana (coligação dos partidos que apoiam a candidatura de Umaro Sissoco Embaló ao segundo mandato), está quente. Botche Candé, Presidente do Partido dos Trabalhadores (PTG) e actual Coordenador da Plataforma, não gostou de saber da convocação da reunião da Coligação por terceiros, quando é ele o responsável máximo. Advertiu ao Secretário-geral do PTG que lhe transmitiu o recado dado por José Carlos Macedo para “nunca mais aceitar tal procedimento” e avisou que, comportamento dessa natureza “podem dar vitória ao PAIGC nas próximas eleições”. Candé aproveitou para denunciar a tentativa de compra de consciência aos militantes do PTG pelo deputado do MADEM de nome Alfussene, e alerta que, tirar dinheiro do Estado para acções como estas é que levam o Estado a não poder pagar salários. Botche Candé disse que, se fosse ele o ministro das Finanças, Alfussene seria exonerado das Alfândegas.
Foi no final da reunião da Comissão Política do PTG do dia 29 de Junho corrente, que o presidente fez um discurso contundente com alertas para várias direcções. O presidente do PTG acusou o deputado do MADEM ala Satú Camará de estar a aliciar os dirigentes do seu partido e assegurou que, se fosse ele nas alfândegas, jamais faria o mesmo com os dirigentes do MSADEM por estarem na mesma frente de combate político. Contudo, Candé disse acreditar que, os dirigentes do PTG, não vão trair só porque receberam carro ou outro bem. Botche Candé pediu aos militantes para se manterem fiéis ao partido e a política do PTG, defendendo os seus ideais. “A única coisa que posso dizer é que, quem trair o PTG, não vou perdoá-lo”, disse.
Numa reunião na qual discutiram diversas questões do partido , Botche Candé alertou ao Secretário Geral do Partido para nunca mais aceitar às ordens de José Carlos Macedo. “Será que é José Carlos que manda no partido? Como é que eles vão reunir, sem eu saber, enquanto Presidente da Plataforma e depois dão recado para mim”, questionou Botche Candé num tom de insatisfação total e com cara visivelmente irritado.
Reiteradas vezes na sua intervenção, Botche Candé criticou o facto de Alfussene, estar a mobilizar as pessoas, com carro, e justificou a imperatividade deste ser exonerado nas suas funções. “Se eu fosse ministro das Finanças, ele seria exonerado das suas funções. São atitudes como estas é que fazem com que não podemos pagar salários. Quando às pessoas tiram o dinheiro do Estado para outros fins. Eu, aqui no PTG, se tiver algum que faz isso, vou propor a sua expulsão. Dinheiro do Estado no cofre de Estado. Não queremos pessoas com traidoras”, criticou.
Sempre apelando a união do PTG, Botche Candé prometeu que jamais irão atrair Plataforma Republicana. “Deixem-lhes traírem-nos; deixem que nos tirem militantes, mas Deus está no Comando”, profetizou o presidente.
O discurso contundente do Presidente do PTG em relação ao MADEM e a Plataforma, se deve a algumas informações que recebeu dos seus colaboradores sobre o que estão a fazer em prejuízo do partido. Disse que, apesar de serem informações fortes e capazes de desestabilizar o partido, não acredita que os outros estariam a fazer isso, por isso, doravante ficará atento. “É a mesma coisa que faremos com quem vocês dizem ser ministro do nosso partido, mas que estar a trabalhar contra nós. Deixem tudo nas mãos de Deus. O que sei é que, Satú Camará jamais dirá ninguém para tirar o dinheiro do Estado para comprar alguém do PTG. Sei que o Ilídio Vieira Té não fará a mesma coisa. Peço a todos, para deixarem tudo nas mãos de Deus”.
Candé pediu aos militantes a maior fidelidade a Plataforma Republicana e ressalva: “Na verdade dói. A Plataforma tem muitos partidos, mas preferiram escolher o PTG para aliciar os militantes. Isso, sim, dói”.
Sobre o futuro, Botche Candé avisou que, se não juntarem, o PAIGC vai ganhar novamente as eleições legislativas. E, se isso acontecer, segundo as suas palavras, todas as acções de Sissoco serão chumbadas.
“O segundo mandato de Sissoco está garantido. A nossa luta é para que Plataforma tenha 80 deputados nas legislativas. Se assim for, será que, os projectos de Sissoco serão chumbados. Por isso, trabalhemos para que Plataforma vença. Só que, os sinais que estão a dar, deixam o PAIGC mais confortável para as próximas eleições”.
Botche Candé não engoliu o facto de ter sido convocado a reunião de Plataforma por outros membros, e não gostou do recado. “Não repitam isso. Que não haja novas convocatórias sem que eu saiba”, rematou.