Política

Crise no PTG: A derrocada de um partido com graves problemas que apenas o calendário eleitoral está a atrasar

Todos os dirigentes do Partido dos Trabalhadores da Guineenses (PTG) em litígio com o presidente, Botche Candé, não vão continuar naquela formação. A decisão está tomada, mas não consumada devido os pedidos feitos pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló a alguns deles. O Chefe de Estado terá alertado que, desestabilização do PTG irá agravar a fragilização da sua base de apoio eleitoral nos próximos tempos. Tendo em conta que estão na forja eleições legislativas e presidenciais, o Chefe de Estado terá apelado um entendimento, para que a situação não se agrave.
O divórcio entre os dirigentes e o presidente Botche Candé deverá consumar-se não pelo facto deste último ter instrumentalizado a juventude contra os mesmos, mas principalmente pelo o próprio líder carecer de alguns dotes de liderança, preferindo a formalidade no tratamento de todos os assuntos que dizer respeito a instituição. Tratando-se de uma situação insustentável, eles entendem que, a melhor saída é afastar-se do partido, mas estão a ser contidos pelo Presidente da República que teme o pior para o partido e consequentemente a sua angariação de voto.
A polémica no partido agudizou alegadamente depois do presidente, Botche Candé ter mantido a estratégia de impor aos ministros ou altos dirigentes do partido “decisões a margem de normas”, acabou por ser uma quota que transbordou o copo. Em função dessa realidade crítica, neste momento, o Ministério Público está a investigar o processo de venda de adubos que resultou em mais de 100 milhões de Fcfa, cujo paradeiro do dinheiro não se sabe.
A venda, dizem fontes do Ministério da Agricultura aconteceu num claro desrespeito a orientação da ministra que, instruiu para que o produto fosse distribuído a diferentes regiões agrícolas, mas uma ordem extra fez com que o responsável vendesse uma elevada quantidade sem a autorização da ministra da Agricultura.
O dinheiro, conforme informações chegadas ao Jornal foi dividido entre os dirigentes e deputados do PTG. Outra questão que provocou a polémica do momento, foi a exportação de madeira no ano passado. Quando familiares da liderança foi apontada o Ministério Público interviu, deteve o Director-Geral da Floresta, dirigente do PTG para um período de uma semana. Uma fonte do partido disse ao UH que, os problemas do PTG são de tal forma graves que, os Estatutos do partido podiam servir para a busca de solução, mas neste momento, não podem afirmar-se, aquela formação política manteve a sua génese enquanto Movimento. “Penso que todos se lembram que, antes de ser PTG, era um Movimento de apoio a Botche Candé. Depois de supostamente se ter transformado em partido, nunca conseguiu libertar do Movimento. O núcleo duro do Movimento manteve-se e tornou-se praticamente no núcleo do PTG. Aqueles que iniciaram com ele como Movimento, se mantiveram como tal e eles é que decidem em nome do partido. Tudo aquilo que deve ser objecto de decisão no partido, passa antes no referido Movimento, quando se chega a direcção impõem apenas”, disse.
Segundo o nosso confidente, o PTG neste momento não dispõe de Estatutos fiáveis, porque os mesmos têm sido reclamados a sua aplicação por alguns dirigentes, mas não existem na prática.
Quanto aos problemas actuais, diz a nossa fonte que, o que mais provocou o desagrado tem a ver com o facto de muitos próximos da liderança tentarem informalizar tudo nos Ministérios dependentes do partido. Por exemplo, disse o nosso interlocutor que, muitos dirigentes do partido são pressionados para dar dinheiro a certas pessoas.
“Mas não é isso é que preocupa. O que preocupa é não aceitarem nunca que haja registo do dinheiro que recebem. Alguém chega, pede dinheiro, recebe, mas não aceita que os documentos sejam assinados”, assegurou.
No Ministério da Agricultura, os problemas começaram quando a ministra terá recusado nomear uma pessoa indicada pelo presidente do partido. A posição da ministra dever-se-á a falta de formação superior do titular referido nome.
“Deram a ministra um outro nome com formação, mas tempos depois este atingiu 60 anos e a ministra decidiu exonerar a pessoa. Por se tratar de próximo do presidente do PTG eclodiu a polémica. Mas havia contraste, porque a ministra não concorda com a política de meter no Ministério da Agricultura militantes do partido, mesmo não percebendo de nada. Ela queria apostar mais nos quadros da Agricultura e o presidente do partido não permitia”, contou a nossa fonte.

Djau Baldé resiste
Porém, antes da ministra exonerar o referido próximo do presidente, passou as necessárias informações ao Presidente da República e este terá dado aval para que se tome a decisão que se considerar a mais adequada.
“Sabe-se que o Presidente da República deu mesmo ordens para limpar todos os bandidos na floresta. Havia polémica entre a ministra e o Presidente do partido na nomeação na floresta. Só que, a ministra fez questão de cedo informar ao PR e aquilo acabou por servir-lhe de protecção. Ou seja, o presidente do PTG se irritou, porque Djau Baldé não aceita coisas que Lamba, ex-ministro da Agricultura por exemplo aceitava. Sentindo aquela diferença, o Presidente do PTG a todo o custo, quer ter saída afastando a ministra”.
Um dos motivos que faz o presidente do PTG ter dificuldades em derrotar a ministra ou o ministro do turismo se deve ao facto de ambos pertencerem ao mesmo grupo étnico. O PR terá questionado num Conselho de Ministros a razão pela qual, o presidente do PTG anda a “guerrear os fulas”, quando outros ministros de outros grupos étnicos não o fazem.
“Quando o presidente do PTG não teve aval do PM e muito menos do Presidente da República, decidiu avançar para a juventude. O objectivo é claro: minar a imagem dos dois governantes para não serem contemplados na futura remodelação governamental. Nem sabemos se vai conseguir, mas coisas que querem, são extremamente difíceis para um governante racional. Por exemplo ter cerca de 50 pessoas ligadas ao PTG no turismo sem formação, não é aceitável. Havia proposta de um familiar descendente ser DG do turismo, depois inspector.

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