Regressou, falou e disse. Abordou os assuntos correntes e candentes no partido, lembrou o seu passado com o actual PR e alguns dos seus apoiantes e acusou Umaro Sissoco Embaló de lhe ter traído. De não ter cumprido uma única promessa que lhe fez, inclusive de disponibilizar 20 milhões de Fcfa por mês para a sua conta ou garantir ao MADEM 25 milhões de Fcfa para o seu funcionamento.
É assim é que se pode caracterizar o regresso de Braima Camará, Coordenador do MADEM ontem (13) depois de quatro meses de ausência. A sua chegada ao Aeroporto Osvaldo Vieira e sem direito à recepção apoteótica, como era intenção da direcção do parttido, Braima Camará não conseguiu sequer dar declarações ao jornalistas logo a sua chegada. Porquê? Porque o poder político instruiu os agentes da Polícia a correrem não só com os apoiantes do MADEM, como também dos próprios jornalistas. Mas quando foi possível falar, Braima Camará as palavras foram contundentes. Disse que neste momento na Guiné-Bissau, não há justiça, não há liberdade e não há democracia. E depois acrescentou, não há educação, não há saúde e não há nada. “Peço desculpas ao povo da Guiné, não era este o meu propósito quando pedi voto para o actual Presidente da República”, disse o Coordenador do MADEM que pela primeira vez assume desculpas públicas por ter apoiado a candidatura de Umaro Sissoco Embaló. E sobre o segundo mandato de Sissoco Embaló, o principal motivo de toda a polémica no MADEM, Braima Camará revelou que, toda a perseguição que está a ser alvo é o facto do actual Chefe de Estado querer wque assuma que vai o apoiar. Mas, a propósito, o Coordenador do MADEM assegurou “isso jamais irá acontecer” a “não ser quie me matem”. “Quem quer o apoio do MADEM nas presidenciais tem de apresentar-se nas primárias ou ter um mandatário”, garantiu o Coorfdenador.
Com um discurso contundente do princípio ao fimj e revoltado com o facto de estar a ser imputado acusações de toda a natureza tais como suposta exigência de 25 milhõpes de Fcfa por mês ou desvio de fundos do FUNPI, ou ainda a falta de quitação por ter muita dívida com o Estado, o Coordenador do MADEM não só exibiu documentos que segundo ele provam “que tem mãos limpas” ou explicou as circunstâncias em que certas conversas foram ditas pelo próprio Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, avisou: “Se os capangas de Umaro Sissoco Embaló não se calarem, a verdade será conhecioda”, avisou.
Camará disse estar disponível para um Congresso extraordinário, desde que seja nos moldes legais. “Serei o primeiro candidato”, prometeu, desafiando aos seus opositores internos a respeitarem os Estatutos sobretudo na forma como são convocados Congressos extraordinários. Na agenda para esta semana, garantiu que no dia 14 vão reunir a Comissão Política e no dia 17 de Agosto, o Conselho Nacional para se deliberar sobre o futuro do partido.
Polícia impede cobertura jornalística da chegada de Braima Camará
Factualmente não era o desejo do poder político ouvir isso do Braima Camará, mas foi aquilo que disse. Aliás, o regime instalado queria tanto, mas não conseguiu travar o regresso apoteótico de Braima Camará, Coordenador do Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15).
Metido no seio de uma polémica no qual, uma ala dos seus militantes decidiu organizar um Congresso extraordinário a revelia da Direcção já no próximo dia 17 do corrente mês, o Coordenador decidiu regressar para pelo menos, segundo as suas palavras “pôr ordem no partido”, porque “a honra do MADEM está a ser atacada, por pessoas que nºão fizeram nada para o bem do mesmo”.
A outra ala, dominante no poder neste momento, entende que a recepção à Braima Camará não podia acontecer no Aeroporto, porque neste momento são proibidas as aglomerações. E não se impediu apenas os militantes ou dirigentes do MADEM. Até os jornalistas foram corridos dio Aeroporto.
Primeiro, foram expulsos forçosamente na zona de Chegadas do Aeroporto, depois corridos na zona reservada aos acompanhantes dos viajantes e finalmente em toda a zona circundante do Aeroporto já na Avenida Combatente. Os agentes da Polícia de Intervenção Rápida que corriam com os jornalistas alegavam terem recebido “ordens superiores” para lá não deixarem ninguém. Todas as explicações dos jornalistas eram inglórias. O agente com quem trocavam impressão ou pediam explicações desta atitude que afronta a liberdade de expressão e de imprensa, só dizia que tinha ordens superiores. Os agentes da PIR afastaram os jornalistas até na zona na qual tentavam entrevistar o Coordenador na viatura que o transportou do Aeroporto para a sede do partido.
Dos militantes do MADEM no Aeroporto não se registou qualquer incidente, porque previamente o Ministério do Interior, através da Secretaria de Estado da Ordem Pública advertiu que não havia lugar para aglomerações e muito menos recepções. E não houve. Só que, circularam informações que, alguns foram detidos pelos agentes da Polícia e levados para a Segunda Esquadra, a 8 quilimentros do Aeroporto.
Falar de tudo e sobre tudo
Na sede do partido, antes da chegada do Coordenador, a Polícia também fez a suas façanhas. O palco que havia sido montado para receber o Coordenador, foi simplesmente desmantelado “por ordem superior. A ordem superior, não identificada, só disse que não haviam condições para que o palco continuasse ali e Braima Camará foi obrigado a falar aos militantes a partir de uma exíqua varanda da sede do partido nos Coqueiros.
Na sede do MADEM, Braima Camará teve uma recepção apoteótica e os efeitos se começaram a sentir quando faltavam rigorosamente 200 metros para a viatura que o transportou chegasse a sede nacional do partido. Militantes contentes com a sua presença no país decidiram ir ao encontro dele e foi uma empatia de euforia. O Coordenador num Land Cruiser descapotável, acenava todos eles e em gestos de confiança “numa vitoria” nessa luta, fazia gesto de quem iria “derrubar os seus adversários”.
Ao lado dele na porta, a surpresa do dia. Fidélis Forbs o demetido ministro das Obras Públicas que no Domingo (11) apareceu na Conferência de imprensa na sede do MADEM com um ‘kala de Sissoco’, foi visto ao lado de Braima Camará com apenas um camisola polo do MADEM.
A entrada para a sede não foi nada fácil tendo em conta os militantes que heroica e efusivamente saudavam o Coordenador neste regresso. Muitos notáveis do partido sim, mas dos 7 Coordenadores, apenas estava Fidélis Forbs. Estava o Abel da Silva e Abdú Mané, foi um dos dirigentes que regressou da Europa com Braima Camará.
Era praticamente impossível falar sem referir à Umaro Sissoco Embaló, a quem Braiuma Camará acusou de ser mentor de tudo o que está a acontecer, porque quer acabar com a sua carreira política. E, em jeito de provocação não só à Umaro Sissoco Embaló, o Coordenador do MADEM revelou ter tido o privilégio de trabalhar com todos os Presidentes da República na era democrática, condição que nenhum outro político experimentou, coroado com o facto de trabalhar com “o único e verdadeiro General, Nino Vieira”.
“Umaro Sissoco é um traidor”
Braima Camará está a par de todas as questões abordadas por Umario Sissoco Embaló e seus apoiantes. Uma dessas afirmações foi quando, Umaro Sissoco, no recente djumbai com os jornalistas na semana disse ter enganado à Braima Camará Braima para poder criar o MADEM, garantindo-lhe que tinha 1 milhão de dólares.
Ao abordar o assunto, Camará corrigiu os valores avançados pelo Chefe de Estado. “Ele disse que enganopu-me em como tinha um milhão de dólares. Não foi este valor que ele disse. Disse que tinha 5 milhões de dólares. Mas aquilo não é enganar. É trair. Sinto que fui traído por Umaro Sissoco Embaló”.
O Coordenador do MADEM avisa que não é “um homem fingido” e gosta de “chamar as coisas por nome”. “Outra história, as mentiras que andaram a contar e a inventar é a suposta exigência de 20 milhões de Fcfa/mês que alegadamente faço ao Umaro. Acho que todos vocês sabem que, o Ilídio Vieira Té, o actual ministro das Finanças é homem de confiança do PR!?. perguntem-no. Foi ele que veio junto de mim para informar-me que, tem as instruções do PR para, no final de cada mês entregar-me 20 milhões de Fcfa. Eu e o Nambeia. Não sei qual foi a resposta do Nambeia, mas pessoalmente disse ao Ilídio que não queria”, garantiu desafiando a quem conhecer o ministro para o perguntar. “Acredito que, Ilídio não vai desmentir. É uma pessoa certa. Se tivesse aceitado, hoje não podia estar a dizer coisas que neste momento digo. Não aceitei alugar a minha boca. Aliás, o meu maior erro foi dizer a verdade”.
Ao falar do momento político, Camará foi categórico. Disse que não podia pactuar com as agressões contra certas pessoas, porque não foi por isso que apoiou a candidatura de Umaro Sissoco Embaló. “As liberdades são indispensáveis nos cidadãos”, continuou.
“Respeitem as regras, apresentem o vosso candidato – eu sou candidato”
O partido está mal, com pessoas a querem realizar Congresso sem respeitar as regras. Garantiu ter regressado para “para salvar a honra do MADEM”, e neste particular entende que, “José Mário Vaz, como presidente de honra do partido, não pode ficar calado”. “Peço a todos os restantes Coordenadores, observarmos as regras. Dei instruções ao Secretário Nacional paraconvocar as reuniões dos órgãos a partir de amanhã e fazermos o Conselho Nacional no Sábado. A forma como estão a fazer não é estatutária. É verdade que com as subescreições se pode requerer a convocação. depois do reconhecimento das assinaturas. Mas até dispenso o reconhecimento das assinaturas. O que não se deve fazer é confundir a interpretação do artigo 18º sobre a convocação. Devem fazer sempre o requerimento. As assinaturas deviam ser reconhecidas, mas dispensei essas formalidades. Mostrem o vosso candidato, criem condições, vamos ao Congresso extrordinário”.
Braima Camará afirmoiu não ter dúvida de que, o Sissoco quer forçá-lo a ser candidato do MADEM. “Se ele puder que o faça, mas comigo, jamais será candidato a não ser que apresente no Conselho Nacional ou que se faça representar por um candidato, quando as candidaturas forem abertas”.