Autonomização da Mulher, foi na manhã de hoje (17) tema de conversa entre, Arlete Mvomdo, Conselheira Regional da Violência e Igualdade entre as Mulheres e Meninas no Bureau Regional da ONU Mulher para África Ocidental e Central com a Rede dos merdias Africanos para promoção de saúde e ambiente (REMAPSEN). Durante duas horas, Arlete Mvondo abordou com os jornalistas as acções da ONU Mulher a favor da autonomização da mulher e considerou a temática de transversal que requere a participação activa de todos, principalmente da impresa. Mvondo alerta que, a autonomização da Mulher, é um processo sobre qual se deve abordar os assuntos como saúde, educação, justiça, política, economia e demais áreas que, quando nelas a mulher afirmar, podemos da autonomização. Ela disse acreditar que, esse desejo pode ser concretizado, mas para tal, todos devem envolver e participar activamente.
Cum cerca de 22 anos de experiência na luta a favor da emancipação das melheres e crianças, Arlete Mvondo está no Bureau ONU Mulher da Africa de Oeste e Central, para com demais responsáveis promover acções para pôr fim a discriminação da mulher. ONU Mulher é praticamente a última Agência das Nações Unidas criada. Foi em 2010 e tem como objectivo lutar para os desafios permanentes, estruturais em matéria de autonimzação das mulheres. A ONU Mulher foi criada para promover a participação equitável da mulher em todas as vertentes de vida de uma sociedade. Visa reforçar a liderança e a participação da mulher na vida política de forma quantitativa e qualitativa. Isto é, a mulher tem de ser tomada em consideração na tomada de decisões”, indicou.
Aliás, falando dos pilares fundamentais da criação da organização, a Conselheira Regional destacou no segundo ponto, autonomização económica. Para ela, isto consiste em tirar a mulher no sector informal onde são cerca de 92% na região africana por falta de acesso aos créditos, para o sector formal, podendo ter acesso a economias para melhorar a sua produção. “Por isso, a ONU Mulher tem trabalhado com Ministérios e demais instituições para que a mulher possa ter acesso ao crédito e formalizar o seu negócio”.
Outro desafio é eliminar a violência na mulher. Segundo disse, quando se trata da violência da mulher, as pessoas tendem a olhar de forma restrita. Mas, ela explica que, a violência não só mais para doméstica e sexual, mas esquecem de situar a económica e política. “Há ainda problemas de mutilação genital, casamento forçado das meninas. Há ainda outros crimes de assassinato das mulheres etc.. Portanto é tudo isso que andamos a trabalhar. Outra vertente é a implicação das mulheres no processo de paz. A nossa região é sujeita a crise política e social. Daí a necessidade da mulher participar”.
Para a concretização de tudo isso, conforme as explicações da Conselheira, a ONU Mulher apoia os Estados e Governos na formalização das políticas a favor da mulher nos seus países, legislação e elaboração de orçamentos. “Desenvolvemos também acções com a sociedade civil e nas comunidades”, garantiu.
Solicitada a fazer as pessoas perceberem o que é autonomização, respondeu que, ela compreende vários caminhos desde questões políticas, sociais,, económicas, saúde, educação etc… “Falar da autonomização, não se pode limitar na economia ou independência. É ter a capacidade da mulher e as meninas tomarem consciente de si, podendo tomar decisões elas mesmas- É desenvolver as suas capacidades e competências. Saber escolher, decidir sobre o seu futuro, mas a capacidade de poder contribuir de forma activa no desenvolvimento do país”.
Pensar na evolução das meninas
Mvondo insiste que, para a concretização desse desiderato, se deve trabalhar na educação, saúde, mas saber libertar-se da escolha. “Criar condições para as meninas estudarem e evoluírem. Sair do do básico para o secundário, até chegar a universidade e decidir o que pode ser empreendedora e contribuir para o bem-estar da família, da sociedade e do país em geral”.
Na sua apresentação, Arlete Mvondo sublinha que, quando se fala da autonomização é bom lembrar que nas nossas populações, as mulheres são 52%. “Mas antes de se falar de incidências, olhemos para os impactos. Na cimeira de Beijing, há sim algumas saídas. Mas existem questões prioritárias como a educação, emprego decente que fazem parte dos direitos fundamentais. Também, se deve rever a idade de casamento, aumentar a taxa do uso de contraceptivos. Quanto ao impacto e incidências, quando esta questão é colocada, digo que a educação é chave de tudo o que fazemos. Temos que elevar a educação de forma a mulher possa estar a altura dos desafios actuais”, defendeu Arlete Mvondo, para alertar para a urgência de se aumentar o investimento a favor da mulher.
“Existem outros desafios onde, quando olhamos atentamente notamos que há impacto. Por isso se investirmos na mulher na educação, na saúde, a nível económico vamos recuperar todos estes”. Referente ao aspecto cultural, o que pode influir na autonomização, Mvomdo acha que sim, sem hesitação. “Ela pergunta se o desenvolvimento de África está a ser travado por questões culturais. “Portanto dizer que as questões culturais podem travar a autonomização, é um preconceitismo que temos de ultrapassar. Todos os países estão a lutar para o desenvolvimento superando barreiras. Os representantes socioculturais, não são standard. Podem ser mudados, até porque não são aqueles que temos há anos atrás. Estamos num contexto onde a juventude compõe 60% da população africana, portanto são instrumentos de mudanças. Daí o importante papel que os medias podem jogar nesse ideal de autonomização das crianças. Precisam de conhecer a lei, conhecer as falhas existentes. Os medias podem ajudar para que hajam sucessos nos nossos países. Citar exemplos de Ruanda, Burundi e Senegal, para mostrar a possibilidade de paridade, mas também de mostrar como é viavel a redução de taxas de mortalidade e de estereótipos, ou preconceitos sobre determinadas matérias”, respondeu detalhadamente.
Da parte da ONU Mulher, quais as estratégias para atingir objectivos no horizonte 2030? Arelete Mvomdo responde que, a ONU Mulher tem trabalhado na aceleração da agenda. O que estão a fazer na representação política, é que a mulher esteja envolvida na tomada de decisões. Nos partidos, segundo disse, querem mulheres candidatas, por isso, muitos parlamentos africanos aprovaram a lei da paridade. Mas antes, continuou a Conselheira Regional, querem que, outros actores saibam que a mulher está preparada para estar nos partidos.
“A questão é a paridade foi determinadas nas leis eleitorais para garantir que as mulheres estarão presentes no Parlamento e nos Governos. Na economia, estamos a lutar para que a mulher tenha a formação profissional, mais créditos, mas para que haja segurança. Isso acontece a nível micro e macro. Outra estratégia é masculinidade positiva, onde se tem homens como aliados, e não adversários. Juntar e trabalhar na desconstrução e de preconceitos. São trabalhos que fazemos com os Ministérios que trabalham com Género”.
Muitos esforços foram feitos para capitalizar
Como é que, a autonomização da mulher está em África e quais os países africanos que mais respeitam? Quais os progressos alcançados e quais os países africanos vão conseguir atingir a meta 2030 ou têm mais progressos. A Conselheira Regional evitou de ser frontal, mas salienta que, a autonomização é uma matéria que exige que “falemos de tudo”. Da educação, da saúde, da justiça, da economia e demais outros sectores políticos, económicos e sociais. “Quando se quer apurar a situação de cada país, estes índices têm de servir de referência. Mas os principais instrumentos de avaliação são as taxas de escolarização e esperança de vida- depois vem o problema de acesso das mulheres aos recursos. Mas, antes, o acesso da mulher a propriedade. Existem países onde a mulher não pode ter propriedades. Depois, a questão dos créditos. É sobre tudo isso que trabalhamos”.
Será uma mulher autonomizada uma desobediente no casamento?
Mvondo acha que não. Para ela, são preconceitos que as próprias mulheres sustentam e que devem ser desconstruídas. “Uma mulher autonomizada, nunca perde o seu estatuto de mulher mãe. Não impede que se entenda com o seu parceiro”, afirmou.
Na concepção da ONU Mulher, a mulher eas as meninas constituem prioridades. A ONU Mulher trabalha em diferentes níveis, nos contraceptivos, nos abortos assistidos. Trabalha para a mudança de comportamento das comunidades e para que as mulheres sejam capazes de chegar aos hospitais a tempo, desde primeiro mês de gravidez, e não chegar quando os técnicos já não podem fazer nada. Isto é ajudar na sua autonomização”.
As mulheres têm falta de cultura de empresariado. O que estão a fazer nesse sentido?
Ao responder essa pergunta, disse que a ONU Mulher trabalha em tudo aquilo que pode remover entraves ao seu progresso. “Trabalham na formação profissional, com os bancos para que as mulheres até as mais vulneráveis terem acesso aos créditos; dão instruções a nível fiscal ou orçamental que hajam reformas capazes de levar em condição a mulher e seus diferentes estatutos”.
Solicitada a diferenciar a emancipação e autonomização, Arlete Mvondo respondeu que a mudança é apenas na nomenclatura que se usava em cada época. Antes falou-se na promoção feminina, depois na emancipação e nos últimos tempos se tem falado na autonomização. “Tudo é a mesma coisa. Tudo o que estamos aqui a defender é privilegiar o direito das mulheres. É um assunto vasto que não podemos acabar num encontro apenas. Estou disponível para tratá-lo temáticas em temáticas”.
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