No passado dia 24 de Janeiro, o presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil esteve nas instalações da Polícia Judiciária para reunir com o Director Nacional, visando compreender o funcionamento da instituição e equacionar como pode o Movimento colaborar para a melhoria das condições de trabalho e capacitação dos agentes. Nesse encontro, os responsáveis da PJ aproveitaram a ocasião para manifestar ao representante da Sociedade Civil um dos problemas candentes neste momento e que está ligada a promoção na carreira. Alegam estar em exercício há mais de 15 anos sem qualquer promoção.
A presença de Fodé Caramba Sanhá que de resto também se referiu ao assunto em declarações a imprensa, foi apenas aproveitada para se falar de um assunto que há cerca de três anos constituiu tema de discussões entre os próprios agentes efectivos da PJ. Consideram que são discriminados pelos Governos e chegou a hora do assunto ser resolvido.
Uma fonte daquela instituição disse ao UH que, os efectivos estão a sentirem-se injustiçados, tendo em conta que nas outras corporações as promoções são quase anuais. “Como investigador criminal da PJ, manifesto a minha indignação face a promoção de patentes ocorrido ontem no Ministério do Interior, em que alguns paramilitares foram agraciados com patentes, se justificam ou não, deveras, não quero saber. Isso caberia aos promotores responder. A minha preocupação reside na diferença entre os filhos e os enteados”.
Como argumento os agentes da PJ alegam que, enquanto investigadores, uma profissão de risco, estão a exercer há cerca de 15 anos, caso concreto dos AGENTES, sem que tivessem o privilégio de serem promovidos uma vez na vida. “Isso acontece mesmo com existência de diversas vagas, que é um dos requisitos, senão mesmo o requisito para a promoção, que deve ser precedido de formação. Então, há vagas, mas os sucessivos governos nunca demonstravam interesse sobre o nosso caso. Alegavam sempre a falta de verba financeira, enquanto para os “filhos” não há critério algum e sempre há verbas. Já foram promovidos umas três ou quatro vezes num curto espaço-temporal”, criticou a nossa fonte.
Para eles, o debate interno está quase concluído. Nos próximos tempos, pensam fazer uma frente junto dos responsáveis máximos no sentido destes obrigarem o Estado a eleger o assunto como uma obrigação e prioridade.
Revoltados com essa inacção, os agentes da PJ até chegaram a uma conclusão sobre a razão pela qual nunca fizeram parte das promoções. “É lógico que a razão é bastante simples, sendo a PJ uma instituição credível e com competências para investigar crimes complexos, seria conveniente fragilizar emocionalmente os seus funcionários, tornando-lhes vulneráveis financeiramente e, quiçá, pedintes, para que possam facilmente praticar os seu intentos: corrupção, tráfico de droga e branqueamento de capitais”.
Face a esta situação, segundo os seus depoimentos, alguns agentes têm abandonado a corporação. Um agente que pediu o anonimato, assegurou ao UH que, há muito que vínhamos resistindo esse fato, alguns colegas, para evitar escândalos, preferiram seguir outro rumos. “Outros mudaram para outras instituições estatais e privadas. A tendência é que, alguns que aqui ficaram podem não resistir por muito tempo. “O que sei é que, quando isso acontecer, vai tornar a instituição PJ bastante frágil”.
No debate em curso entre os agentes, a palavra união tem sido dominante, Há medo em como, quando algum grupo levantar a questão que haja retaliações. “É hora de unirmos forças e tomar decisões firmes para acabar com essa falta de consideração, garantindo que nosso trabalho seja valorizado. Temos enfrentado riscos diários e temos famílias para sustentar. É verdade que não escolhemos essa profissão para enriquecer, mas é frustrante ver outros na função pública prosperando enquanto a nossa dedicação é ignorada”, sublinhou a nossa fonte. No encontro com Fodé Sanhá, o Director Nacional levantou a questão. Resta saber o destino..