A ONUSIDA publicou no dia 28 de Novembro, o relatório anual sobre a situação de VIH no mundo. Os dados tornados públicos são deveras preocupantes, o que leva a ONUSIDA a apelar para “confiar a liderança as comunidades”, como forma de ajudar na aceleração da redução dos riscos e erradicar o VIH até 2030. Comunidades, na perspectiva da ONUSIDA, são todos os indivíduos independentemente das suas áreas de actuação ou local onde se encontram, mas que podem e devem contribuir para redução de contaminações e transmissão do VIH/Sida. Por isso, apela-se para que o papel das Comunidades esteja no centro e no plano de todos os governos. Os problemas no domínio do combate aso VIH são vários desde falta de acesso ao tratamento, estigmatização e discriminação, até a redução dos orçamentos e falta de financiamentos internos. Uma das notas destacadas é que, um significativo número de Estados não disponibilizam financiamentos para o co0mbate ao sida e independentemente do alastramento, só esperam os financiamentos do Fundo Mundial ou da ONUSIDA.
Apesar dos dados altamente preocupantes e do financiamento para o VIH ter reduzido nos últimos anos, ONUSIDA acredita que, se cada actor cumprir com as suas obrigações, as metas traçadas serão atingidas.
Helena Badini, Conselheira da Regional do ONUSIDA em Dakar e Responsável de Respostas Comunitárias, disse em conferência de imprensa no dia 29 de Novembro que, os dados do ano 2022 revelam claramente um abandono do tratamento do VIH ás crianças onde, no número de infectados, as crianças com acesso ao tratamento correspondem 37% contra 82% dos adultos. “Os dados que dispomos permitem-nos tirar algumas conclusões. Por exemplo concluir que as crianças são esquecidas no domínio do acesso ao tratamento. Estes mesmos dados demonstram um desconhecimento do risco por parte dos decisores. Eles não sabem que, a criança corre mais riscos de ser contaminada durante a gravidez; durante a nascença; e pode ainda ser contaminada na transfusão sanguínea”, enfatizou Hélene Badini do Bureau Regional do ONUSIDA em Dakar.
Crente no papel que a Comunidade pode desempenhar na prevenção, ONUSIDA torna público o número de infectados e outros estatutos. Por exemplo dados recentes revelam que, 39 milhões de pessoas são considerados seropositivos. Neste número, 37% são adultos. Os dados do ano 2022 mostram que, 23 mil pessoas foram infectadas com, o VIH e 630 mil pessoas morem de doenças ligadas ao Sida. Nas novas infecções, 96% é repartido entre as mulheres e as crianças. Mais grave, segundo os dados do ONUSIDA, 2 em cada três crianças infectadas não têm acesso ao tratamento do VIH/Sida.
“Em 2021 na declaração política assinada nas Nações Unidas, os líderes mundiais prometeram redobrar os financiamentos e ajudar no combate a Sida. Dois anos depois, os dados são complementarmente diferentes as promessas feitas. Há um claro recuo no combate e na prevenção do VIH”, referiu Badini.
“Deve-se combater a discriminação e a estigmatização”
Para ONUSIDA há necessidade de se reforçar a capacidade das instituições, mas o papel das comunidades deve manter bem activo, porque consegue dar mais resultados. “Temos que ensinar as pessoas as formas de contágia; as formas de transmissão; temos que combater a discriminação e a estigmatização. Neste momento, a realidade é das pessoas preferirem morrer ao invés de procurarem o tratamento. Há pessoas que preferem andar sem conhecer o estado fisiológico. É aqui que reside o importante papel dos médias. Têm de ajudar a combater a discriminação e a estigmatização”, Conselheira da Regional do ONUSIDA em Dakar e Responsável de Respostas Comunitárias.
Como forma de mostrar que quase a maioria das pessoas nas comunidades discriminam e estigmatizam sem dar conta, ela recorreu a um dos exemplos num estudo sobre as pessoas viventes com Sida. “Questionou-se as pessoas entre uma pessoa vivente com VIH/Sida e outra que não é portadora vendem frutas e de qual delas se vai comprar. A resposta maioritária é que não compram na pessoa vivente com VIH. Isso é discriminação. Mas também é demonstração que, muitos não conhecem modos de transmissão da doença”, citou a Conselheira Regional.
Depois de falar do financiamento que caiu cerca de 10% entre 2021 para 2022 (de 31 para 20%), Badini comentou a abordagem interna do VIH e a conclusão imediata é que, o combate ou a prevenção nunca faz parte das prioridades dos orçamentos. “Em algumas orçamentos não consta. Noutros, olhas para a lista ew vês que estão na 14ª posição. Lógica é que, quando os orçamentos de saúde diminuem, os do combate ao VIH diminuem automaticamente. A solução continua a ser aquele que a ONUSIDA sempre defendeu: os nossos países precisam de mobilizar os recursos internos para a prevenção e o combate ao VIH. Até lá, o que é certo é que, o financiamento tem vindo do exterior”, sublinhou Hélene Badini.
“Erradicar até 2030 é possível”
Diagnosticados os problemas, ONUSIDA propõe as soluções mais seguras. A organização considera a discriminação e a estigmatização os primeiros desafios. “Penso que os médias podem ajudar porque, já se concluiu que, a estigmatização se deve a falta de conhecimento. Quando as pessoas não têm informação, tendem a adoptar outros tipos de comportamentos”, disse, acrescentando que, na questão do tratamento, pessoas preferem não comparecer nos centros e pensarem que não são portadores de VIH.
O papel da mãe no combate a transmissão é muito importante. Por isso, para a ONUSIDA, uma das melhores estratégias é cuidar das mães durante a gravidez. “Na maioria dos estudos, a conclusão que se chega é que a mãe pode contribuir bastante no combate ao Sida. O que acontece é que estas mães revelam um desconhecimento das vantagens ou consequências de determinados procedimentos. Não há nenhuma mãe que recuse dar ao filho o tratamento que lhe possa dar mais vida. Por isso apelamos o reconhecimento do papel das Comunidades (onde todos) estão inseridos. Apesar dos problemas que detectamos, podemos considerar que as metas mantém-se. Isto é, podemos erradicar o VIH/Sida até o ano 2030. Erradicar não significa zero caso, mas sim reduzir a realidade actual drasticamente”, destacou Hélene Badini.
Sabino santos