Um grupo de pessoas identificadas como piratas pelas autoridades da Guiné-Bissau sequestraram um navio nacional de pesca, o Bacalam, que pertence à agência Bissau Pesca e Serviços. Os sequestradores exigem à agência um resgate estimado em trinta mil dólares norte-americanos, que corresponde a quinze milhões de francos CFA.
O navio sequestrado no dia 28 de agosto, segundo informações do agenciador, tinha a bordo um total de 18 pessoas, entre marinheiros, tripulantes e um observador marítimo do Instituto Nacional de Fiscalidade e Controlo de Atividades das Pescas (INFISCAP).
Os responsáveis da agência, que detém a licença do navio, confirmaram na manhã desta terça-feira, 29 de agosto de 2023, o sequestro do seu navio, como também anunciaram que estão em negociação com os piratas, afirmando inclusive que os larápios já terão recebido, da parte do marinheiro do barco, um valor de seis milhões de francos CFA e falta a entregar nove milhões de francos CFA.
O Democrata soube junto de uma fonte do ministério das Pescas e da Economia Marítima que os piratas utilizaram um navio patrulheiro que realiza atividade de fiscalização marítima e abordaram o Bacalam dentro do mar guineense, que pensava tratar-se de uma abordagem normal das autoridades, mas foram surpreendidos com uma atitude estranha dessas pessoas que estavam fortemente armadas.
“Este grupo está fortemente armado e qualquer unidade de fuzileiros enviada para aquele lugar será uma situação de guerra declarada, porque estão armadas e determinadas nas suas exigências do pagamento do resgate.
Os piratas abordaram o navio no mar guineense e levaram-no até à fronteira, mas não ultrapassaram a linha para entrar na zona da Guiné-Conacri ou do Senegal, portanto estão na nossa Zona Económica Exclusiva”, relatou a nossa fonte, afirmando que esta é uma das razões que levou as autoridades Conacri-guineenses a não intervirem para socorrer os marinheiros guineenses sequestrados.
A nossa fonte informou que a Guiné-Bissau tem capacidade técnica de se deslocar até ao local para resgatar os marinheiros, mas pondera continuar a negociar com os armadores como forma de salvar a vida dos marinheiros sequestrados, que passa pelo cumprimento das exigências dos piratas, porque “qualquer iniciativa de resgate por meio de uma intervenção militar precipitaria uma atitude radical dos piratas e poria em causa a vida dos marinheiros sequestrados”.
Uma fonte do Instituto Nacional de Fiscalidade e Controle de Atividades das Pescas (INFISCAP) confessou a O Democrata que “na verdade aquela zona marítima constitui sempre um foco de tensão entre as autoridades de controle de pescas da Guiné-Conacri e da Guiné-Bissau”, porque “ambas as partes realizam detenções de navios de forma arbitrária e humilham os marinheiros”.
Defendeu que é preciso que o governo guineense entre em contato com o governo da Guiné-Conacri no sentido de criar um mecanismo que garanta a segurança aos navios de pesca naquela zona.
A fonte avançou que neste momento o governo guineense está a coordenar esforços juntamente com outros países da zona no sentido de libertar os marinheiros nacionais, através de uma negociação que poderá culminar no pagamento do resgate. Revelou, neste particular, que os piratas desligaram todo o sistema da localização do navio para impedir a busca e a perseguição do navio.
EMPRESA CONFIRMA SEQUESTRO DO BACALAM E QUER PAGAR RESGATE PARA SALVAR MARINHEIROS
Em reação à situação, o administrador da Empresa Bissau Pesca e Serviços SARL, Henrique Silva, diz que foi contactado, ontem, às 14 horas, pelo capitão do seu barco que o informou que uma embarcação militar abordou-lhes dentro da zona económica exclusiva da Guiné-Bissau, uma informação confirmada pelo Instituto Marítimo Portuário e a Marinha Nacional, através de “VMS” e conduziram o barco para zona exclusiva da Guiné-Conacri e pediram um resgate de 15 milhões de francos CFA para libertar o navio.
O proprietário da empresa afirmou que o Bacalam está sequestrado desde ontem e até ao momento da conferência de imprensa não tinham recebido nenhuma garantia de soltura.
In ‘O Democrata’