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MADEM não concede tratamento especial a ‘nenhum’ deputado dissidente

O Movimento Alternância Democrática que ‘no defeso político’ contratou muitos deputados dos partidos adversários, não conseguiu dar tratamento especial a nenhum deles. O máximo que os cerca de dez deputados que o partido recrutou nos seus adversários conseguiu, foi uma segunda posição, existindo até ex-cabeças de lista que caíram para terceira posição.

Os casos mais flagrantes foram de Fernando Gomes, actual vice-presidente da Câmara Municipal de Bissau. Ele que foi cabeça de lista do PRS nas últimas legislativas (2018) para o Círculo 25, manteve na mesma zona como candidato a deputado, mas ficou colocado na terceira posição da lista dos efectivos. O PRS até parece dar-se com ares de segunda posição, Domingos Cumprido, que elegeu no Círculo 11 nas listas dos renovadores no mesmo ano, ficou na segunda posição.

Na presente legislatura, a maior vítima do MADEM em termos de ‘recuperação dos deputados, foi o PAIGC. Ao todo, cinco deputados do PAIGC se juntaram ao MADEM no período em que ainda funcionava o parlamento. Destes cinco deputados, quatro deles figuram na lista dos candidatos e todos eles na segunda posição. No Círculo 3, Mamadi Baldé, deputado com uma elevada popularidade nos militantes do PAIGC na zona Sul, sobretudo os jovens, ficou na segunda posição, atrás de Adja Satú Camara.

No Círculo 6 (Farim), Braima Djaló, praticamente manteve a posição que tinha nas lista do PAIGC nas legiuslativas de 2018. O deputado que deixou o PAIGC para o MADEM durante à votação do programa do Governo de Nuno Nabian, ficou na segunda posição atrás de Bamba Koté, quando tinha expectativas de ser primeiro. Notável nesse Círculo Eleitoral é a saída do deputado eleito pelo MADEM nas legislativas de 2018, Jorge Anibal Pereira. Depois de perder espaço para Bamba Koté, Anibal Pereira ainda tentou um forcing na Direcção, mas não surtiu efeito.

No Círcuilo 18 (Sonaco), Saliu Embaló, o único deputado que o PAIGC conseguiu eleger no mesmo nas legislativas de 2018, ficou na segunda posição, atrás de Júlio Baldé, cabeça de lista do MADEM no aludido círculo.

Leopoldo da Silva, foi outro deputado do PAIGC eleito no Círculo 23 (África) que votou em apoio ao MADEM (no Governo de Nuno Nabian) e se posicionou ao lado do partido ao longo do período antes da dissolução do parlamento. Não está claro se aderiou ao MADEM, mas onde não restam às dúvidas é a sua situação como candidato. Nas listas do MADEM para África, está na primeira posição, o jornalista, Cândido Camará e o seu suplente é uma senhora.

Luís de Jesus (Nené Cá), deputado que em 2018 foi eleito nas listas do PAIGC para o Círculo 25, caiu para a segunda posição. Aliás, nesse Círculo, o MADEM decapitou o PAIGC por completo e ‘roubou’ os dois deputados eleitos nas listas dos libertadores nas últimas eleições legislativas. Para além de Nené Cá, Babuna Djabi, que há uma semana anunciou a militância no partido, ficou na quarta posição. Os dissidentes do PAIGC, não obstante liderarem o Círculo na legislatura anterior, ficaram agora nessas posições em que, o MADEM elegeu com enormes dificuldades, apenas um deputado no último escrutínio.

A escolha de candidatos a deputado no MADEM, não foi uma tarefa fácil para a Direcção. No Conselho Nacional do passado dia 1 de Abril, a Direcção decidiu mesmo não definir os candidatos do Círculo 7 (Mansabá, alegando tratar-se de “um assunto de tratamento estratégico” que será resolvido pelo partido. O Círculo está com graves cedências onde na falta de consenso, o partido tentou impor, mas para evitar rupturas, decidiu pela via de negociações.

É que, Bernardo Mané (Braima Cubano) deverá entrar para este Círculo como cabeça de lista em detrimento de Bamba Banjai, deputado eleito pelo partido em 2018 no mesmo Círculo. O MADEM até parece ter conseguido contornar a resistência de Bamba Banjai, que em princípio figura como segundo no Círculo 29, atrás de Marciano Barbeiro, Director Nacional da Campanha do partido. O que é certo é que, há outra resistência em ver, Braima Cubano como cabeça de lista do MADEM em Mansabá. Nhalin Sanó, antes segundo no mesmo Círculo atrás de Bamba Banjai, tem reclamado à ascenção ao primeiro lugar.

De resto, os candidato a deputado pelo MADEM apresentam poucas novidades mesmo. Por exemplo, a actual ministra dos Negócios Estrangeiros, Suizi Barbosa, entrou no Círculo 14 como segunda colocada atrás de Braima Camará, ela que em 2018, foi cabeça de lista do PAIGC no mesmo.

Tomane Baldé, ex-deputado do PRS que se transferiu para o MADEM já nos finais do ano passado, ficou na quarta posição no mesmo Círculo. Outra dissidência não tão feliz, foi de Paulino Ié. O deputado que foi eleito em 2014 nas listas do PRS e apareceu no parlamento no dia da investidura vestido da tradição pepel, apareece agora no Círculo 9 na segunda posição.

A maior novidade é a colocação de Herson Vaz, filho do ex-Presidente da República, José Mário Vaz, como segundo no Círculo 21. Pela primeira vez numa corrida política, Herson Vaz terá mesmo beneficiado do apoio do pai, tendo em conta que, nesse Círculo, os anteriores candidatos reclamaram tanto as suas continuidades.

No Círculo 8, Fernando Vaz, actual ministro do Turismo e ex-presidente da UPG, vai ser cabeça de lista. Hussein Farath, ex-deputado do PAIGC que, prometeu não ser candidato, apareceu na segunda posição do MADEM no Círculo 24, atrás de Fidélis Forbs, actual ministro das Obras Públicas. No Círculo 4 (Tite/Fulacunda), o MADEM faz aposta nova e recaiu no empresário Fodé Djassi.

Sabino Santos

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