A Guiné-Bissau assinala hoje (24 de Setembro) o 48º aniversário da sua independência. A data não tem acto comemorativo oficial, mas os titulares dos órgãos de soberania deixaram as suas mensagens a Nação. Numa iniciativa inédita, o presidente da ANP falou a Nação e disse que o país está mergulhado em crise profunda, fruto de divergência permanente na classe política. Para Cipriano Cassamá a realidade vigente na Guiné-Bissau desde independência a data presente “é inadmissível”, porque já era tempo, segundo ele, de se dar “bem-estar ao povo”. O Presidente da República, embora tenha protelado a data das celebrações para 16 de Novembro, disse na sua mensagem que o país está bem, recuperou a credibilidade a níveis interno e externo e está empenhado na consolidação dos ganhos alcançados pela sua presidência. Umaro Sissoco fala de um país que se ergueu, graças as acções da sua “Geração de Concreto” que, como disse, está a lutar arduamente contra a corrupção no aparelho do Estado.
O 24 de Setembro do presente ano, é celebrado num contexto de muita polémica no seio da classe política, em consequência da decisão do Presidente da República, apoiado pelo Governo, em protelar a data com alegações de época chuvosa e necessidade de melhor organização. Nas duas mensagens ouvidas pelos guineenses, o presidente da ANP parece ter abordado a situação do país numa perspectiva mais realista, tendo em conta que fez referência ao fenómeno de boicote dos técnicos de saúde que tem provocado e de que maneira mortes nos diferentes hospitais do país. Cipriano Cassamá convidou a classe política para uma “maior e melhor reflexão” nesse dia, de forma a corresponder os desígnios do povo da Guiné-Bissau que tanto almeja a paz e estabilidade. “Não soubemos, enquanto legítimos representantes do povo guineense, congregar toda a nação à volta dos ideais que serviram de mote à proclamação da independência nacional. Perante este quadro assombroso em que nos encontramos, impõe que trabalhemos todos juntos, superando as nossas clivagens políticas e diferenças pessoais, em prol da realização do bem comum”, afirmou.
A prevalecente crise no aparelho do Estado, não escaparam a visão de Cipriano Cassamá, que citou greves por causa de salários em atraso. Ele defende uma inflexão do rumo no relacionamento com os cidadãos e acha que a gestão da coisa pública deve ser melhorada. “O percurso coletivo foi manchado devido aos sobressaltos ocorridos no país da independência a esta parte, o que colocou em causa as conquistas dos combatentes pela liberdade da pátria. Pedimos ao povo que confiasse em nós a sua representação, mas imediatamente à nossa eleição esquecemos o nosso papel de o representar condignamente”, finalizou Cassamá.
“Tudo está bem”
Na sua mensagem, Umaro Sissoco Embaló convida a todos os guineenses a uma reflexão profunda e permanente sobre a forma de melhor preservarem a unidade e a coesão nacional. Essa reflexão deve ser extensa a estabilidade políticas, o fortalecimento das instituições democráticas, a melhoria dos indicadores socio-económicos, nomeadamente os do desenvolvimento humano e de crescimento económico, em prol do bem-estar da população.
“É por esta razão que coloquei toda a minha energia ao serviço do povo guineense, com os objectivos definidos por ocasião da minha investidura ao mais alto cargo da nação guineense, fruto da confiança que depositaram em mim. Essa é, e continuará a ser, a minha nobre missão enquanto Chefe de Estado, para a qual não pouparei os esforços”, disse Umaro Sissoco Embaló.
Segundo ele, em 2020, a Guiné-Bissau iniciou a mudança de ciclo que coincidiu com clara mudança de geração. De uma geração que enfrentou os fracassos registados nos 48 anos de independência, para uma geração que hoje está determinada em, traçar um novo rumo para a Guiné-Bissau. “Não é por acaso que chamei a esta geração, que é a minha, a Geração do Concreto”, sintetizou.
Conforme o PR, hoje os guineenses estão mais orgulhosos do que nunca de verem resgatada a credibilidade interna e externa do país, através de uma plena integração sub-regional, regional e internacional do nosso Estado, com destaque para a dinâmica da nossa diplomacia que visa aumentar o nível de responsabilidade e de confiança do país no mundo. “Associado a uma estabilidade política institucional e contínua consolidação do Estado de Direito democrático, esta realidade faz da Guiné-Bissau um país potencialmente atractivo para o investimento estrangeiro directo, com impacto sobre o seu desenvolvimento social e económico”, destacou na sua mensagem, o PR guineense.
Defensor de preservação das conquistas e o respeito que o país vai granjeado em África e no mundo, o PR defende a implementação de acções enérgicas e eficientes no plano interno com especial destaque para a luta sem três contra a corrupção e a injustiça.
“Se assim for, estaremos todos nós, em conjunto e numa sinergia para criar as condições necessárias e indispensáveis para a promoção e valorização do capital humano que constitui o motor principal para o desenvolvimento dos sectores sociais como a saúde e a educação, das infra-estruturas, do sector produtivo e da economia digital”, frisou.
Referindo-se a Pandemia, o PR sublinhou que ela ensinou-nos que há desafios inesperados e que, nos devem incentivar a aumentar a nossa capacidade de organização e de resiliência. “Razão pela qual, tomamos, juntamente com o Governo, medidas institucionais e sanitárias que visam melhorar e combater esta ameaça à saúde pública e à economia nacional”.