A corrida para a liderança do Parrtido de Renovação Social (PRS) está cada vez mais renhida. Mais de 8 dirigentes acham que Alberto Nambeia não tem condições para continuar pelo que, na corrida estão 9 pré-candidatos, mas o destaque maior vai para Florentino Mendes Pereira que deverá apresentar a sua candidatura no próximo dia 14 de Agosto na cidade de Gabú. O Congresso tem ainda a particularidade de Certório Biote, um dos vices ser candidato e Domingos Quadé que desde sua chegada a data presente ser sempre Conselheiro de Alberto Nambeia decidirem avançar para a corrida. Cada um destes candidatos tem os seus argumentos e seus motivos para afastar o presidente do PRS das funções.
O VI º Congresso vai ter lugar de 16 a 19 de Setembro próximo, mas os pré-candidatos já são conhecidos e outros inclusive já apresentaram os documentos na Comissão Organizadora do Congresso (COC). Um daqueles que já avançou inclusive com a deposição da candidatura, foi o agora ex-Conselheiro, Domingos Quadé cujo mandatário Raimundo Ialá já disse no acto da entrega que, o PRS assumiu, a curto prazo vai desaparecer como partido, pelo que urge mudar a liderança de Alberto Nambeia, presidente cessante.
O discurso destes pré-candidatos neste momento no terreno é quase semelhante e um dos mais críticos foi de Augusto Poquena. O ex-Secretário-geral, já disse que o partido precisa de ser resgatado do lamaçal em que foi metido, porque o desgaste em que foi submetido por Alberto Nambeia e o seu staff “é irrecuperável”, se ele continuar a frente.
Um outro Secretário-geral que tem sido o mais crítico é Artur Sanhá. Opositor declarado de Alberto Nambeia nios últimos 10 anos, Sanhá entende que o PRS perdeu com os seus princípios devido a estratégia clientelista adoptada pelo presidente na gestão partido.
Artur Sanhá acha que o PRS tem de ser mais democrático e independentemente e jamais permitir ser atrelado por outras formações políticas. O discurso crítico de Artur Sanhá é exactamente contra o envolvimento do PRS nas conspirações ou ainda ir atrás dos outros partidos políticos em momentos de instabilidade política. Artur Sanhá defende um PRS a andar com os seus próprios pés e que jamais seguirá a linha de nenhum partido político.
Falando dos candidatos, Mário Fambé, vai liderar o projecto ‘Geração Nova’, que visa romper com todos os vícios criados pela actual liderança. Primeiro a colocar-se no terreno em campanha para o Congresso, o líder da Geração Nova, embora ponderado nas críticas ao presidente, Mário Fambé pediu aos militantes do PRS para buscarem alternativas ao Presidente actual, que para além de desgastado, já não dispõe de argumentos para enfrentar a actual realidade.
O projecto de Mário Fambé tem uma particularidade de prometer a fusão do PRS com a Assembleia do Povo Unido, Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) liderado por Nuno Gomes Nabian, actual Primeiro-ministro.
Essa proposta eleitoral, consiste naquilo que a Nova Geração chama de “PRS mais forte”, porque o grosso da APU é composto pelos ex-militantes do PRS e de Nuno Nabian ter sido lançado por Koumba Yalá líder carismático do PRS. Com algum respeito para Alberto Nambeia, Mário Fambé acha que, Alberto Nambeia deve ser reservado um lugar no partido em função daquilo que fez e não continuar a disputar ou a dirigir, ficando praticamente fora de todas as ideias novas.
Em todos os candidatos a liderança do PRS, o nome mais mediático foi de Dionísio Cabi. O ex-Presidente do Tribunal de Contas foi visto em tempos como um dos colaboradores de Alberto Nambeia, mas depois de assumir a intenção de se candidatar, tudo mudou. Dionísio Cabi, faz parte dos dirigentes que denunciam a estratégia de corrupção adoptada pelo actual presidente com a facilitação de emprego a alguns dos dirigentes.
O facto de Alberto Nambeia ter um grupo de jovens a nível do partido como fiéis, acaba por ser uma faca de dois gumes para o seu projecto, tendo em conta que, os mesmos ajudam as suas estratégias, mas também tornam-se em motivo para a sua contestação. Dionísio Cabi promete um PRS mais nacional, virado para políticas públicas capazes de promover o desenvolvimento.
Um dos vices é candidato
Nos últimos dois mandatos, Certório Biote acompanhou Alberto Nambeia como um dos vices da direcção. Os dois entraram em ruptura nos últimos tempos, porque tiveram divergências durante a formação do último Governo. Certório Biote, daí a esta parte tornou-se num crítico de Alberto Nambeia o que fez com que fosse afastado da Direcção e das funções que exercia na empresa Petroguin, conforme as denúncias do próprio em pré-campanha eleitoral.
Para além de desmentir todas essas denúncias e afirmações, Certório Biote acusa Alberto Nambeia de querer monopolizar po parte para os interesses próprios. É o único que faz as nomeações para o Governo; é o único que indica as pessoas para os Conselhos da Administração e Direcções-Gerais e é o único que chama as pessoas no ‘bongolo’ da sua casa para deciudir sobre o partido.
Certório Biote defende um PRS deliberativo e capaz de trabalhar para os interesses do país e dos seus militantes e não cobrir apenas um grupo de pessoas com interesses inconfessáveis. Certório Biote, discordou das posições de Alberto Nambeia desde início da legislatura, quando na constituição das listas para deputado, o seu nome passou para o segundo no Círculo 5. Certório Biote não conseguiu eleger como deputado e consequentemente ficou fora do parlamento.
Nestes candidatos, falta falar de Ribana Nguek, é certamente um dos candidatos com menos peso na pré-lista conhecida. Activo como militante, este deve ser o terceiro aparecimento de Ribana Nguek como candidato, mas nunca consegue expor as suas ideias junto dos militantes. Ou porque desiste antes do Congresso, ou junta-se a um outro candidato, como aconteceu no Congresso de 2017. Depois de muita façanha e promessas de um congresso jamais visto, Ribana Nguek decidiu finalmente juntar-se a candidatura de Alberto Nambeia que foi a vencedora do Congresso na altura.
O que justifica a candidatura de Florentino Mendes Pereira?
Desde que Alberto Nambeia foi presidente em congresso, Florentino Mendes Pereira foi o seu Secretário-geral. Nunca concorreram em lista, mas no Congresso de 2017, os dois aproximaram-se contra os seus adversários de então. Porém, o Secretário-geral, máquina do partido, é visto como muitos como a figura que devia ter maior destaque e no caso de Florentino Mendes Pereira, por ter mais preparação que Alberto Nambeia.
No entanto, a ruptura entre Alberto Nambeia e Florentino Mendes Pereira começou nas últimas eleições legislativas. Durante o Congresso de 2017, ficaram as promessas em como, três meses antes das legislativas de 2019, o partido reuniria o Conselho Nacional para escolher o seu candidato a Primeiro-ministro. Tudo apontava que a promessa seria cumprida e deveria acontecer apenas uma legitimação de Florentino Mendes Pereira, tendo em conta que, durante o Congresso negociaram para que não ficasse nos estatutos que o Secretário-geral é cabeça de lista do partido nas legislativas.
O incumprimento da promessa instalou uma polémica entre os dois, e a participação de Florentino Mendes Pereira, nas legislativas de 2019 segundo os próprios dirigentes do PRS foi monótona, ele que é considerado um dos maiores impulsionadores dos jovens. E terá sido por isso que o partido se fracassou em termos eleitorais saindo de 41 para 21 deputados. Com a perda de espaço no partido, o Secretário-geral quase que desapareceu no espaço mediático da política guineense. Em consequência da situação, a imagem do PRS se tem degradado, preferindo aliar-se ao PR e aos partidos MADEM e APU para poder sobreviver.
Ao longo dos anos, Florentino Mendes Pereira é visto no seio dos renovadores como a única figura capaz de demover do lugar Alberto Nambeia, condição que quase iria conseguir no Congresso de 2017. O agora Secretário-geral cessante ainda não se pronunciou sobre a sua candidatura, mas fontes do PRS asseguraram que, no dia 14 de Agosto deverá fazer a apresentação do seu manifesto político em Gabú.
Liderar para congregar: voto de paz e união
A contestação de Alberto Nambeia, não é nenhuma novidade, nem para ele e muito menos para os seus apoiantes. Os seus opositores põem em causa o seu nível académico com argumentações que a liderança da actualidade exige outros níveis de liderança. Quem apoia a recandidatura de Alberto Nambeia entende que a sua continuidade visa dar mais credibilidade do PRS junto dos parceiros, mas também manter autoridade nos militantes.
Considerando candidato de paz e união, Alberto Nambeia tem vantagem nesta corrida por ser um dos mais respeitados líderes, sobretudo depois de Koumba Yalá o único que consegue congregar todas as sensibilidades do partido.
Fernando Dias que tem feito a pré-campanha de Alberto Nambeia acha que, entregar partido a figuras sem expressão eleitoral, isso numa clara alusão aos serus adversários, seria afundar ainda mais o PRS. Dias defende que a liderança do PRS tem de ter uma figura com moral, respeitada por todos os militantes e que consegue representar o PRS em todas as estruturas sejam elas públicas como locais.
Mas o próprio Alberto Nambeia tem pronunciado sobre os ataques que tem sido alvo. Uma das vozes mais críticas a sua presidência é Ibraima Sori Djaló. O fundador do PRS acha que Namberia não pode continuar a frente do partido, porque o PRS tem sido apenas para satisfazer os seus interesses. “Tornou-se no homem mais rico da Guiné-Bissau”, disse numa das três conferências de imprensa que fez no príncípio do corrente ano.
O PRS considerou todas as saídas de Ibraima Sori Djaló eram uma estratégia do Presidente da República de desestabilizar Alberto Nambeia como forma de ter outros militantesa a frente do partido. Orlando Viegas, actual presidente da Comissão Organizadora do VIº Congresso afirmou na altura que, o que aconteceu com o grito dos fundadores é um problema de barriga.
Aliás, tem sido este o último argumento dos apoiantes de Alberto Nambeia sobre o que chama de proliferação de candidatos. Segundo eles, a intenção de Umaro Sissoco é afastar Alberto Nambeia e ter a frente do PRS uma figura que pode manietar.