A situação política da Guiné-Bissau está tensa. Ganha força a possível crispação entre o Presidente da República, umaro Sissoco Embaló e o Primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian. Há duas semanas, aquando da participação de Umaro Sissoco Embaló na posse do reeleito presidente do Ghana, Samuel Nana Kofou, os dois não se haviam cumprimentado. Uma fonte admitiu que, depois de receber honras militares, o PR, Umaro Sissoco Embaló se dirigiu direcatamente para as escadarias do aparelho que lhe transportaria para o Ghana, sem no entanto prestar qualquer atenção ou cumprimentar o Primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian que estava ali a sua espera. Como forma de replicar esta atitude dee Umaro Siossoco Embaló, Nuno Gomes Nabian abandonou o local mesmo antes do PR fazer o habitual aceno.
A situação terá passado despercebida para alguns, mas aqueles que conhecem regras protocolares concluíram de imediato que algo estava errado entre os dois. Foi abafado, mas estava a arder.
Uma semana depois, o mal-estar tornou-se impossível de disfarçar. A constante permanência do PR na reunião do Conselho Ministros acabou por trazer a público, o que muitos já suspeitavam. Por discordar com Umaro Sissoco Embaló, Nuno Gomes Nabian abandonou a reunião do Conselho de Ministros. No momento apenas aqueles que estavam na reunião se apercerberam devido as discussões que antecdderam a saída justificada com alguma indisposição.
Acontece que, duas horas depois de ter abandonado o Conselho de Ministro no passado dia 14 de Janeiro, Nuno Gomes Nabian apareceui como convidado de honra nas celerações do 29º aniversário do PRS. Para além de estar presente, Nuno Nabian teve a honra de usar de palavra cerca de 10 minutos e com uma intervenção cheia de indirectas para o Presidente da República.
Primeiro disse que é importante que as pessoas respeitem o princípio de seperação de poderes e que nem o PR, nem o presidente da ANP ou qualquer outro titular de órgão de soberania pode intervir nas comopetências do outro. Depois disse mais. Disse que nem ele, nem Alberto Nambeia do PRS ou Braima Camará estão a perseguir algum político guineense. E que quem eventualmente tiver algum problema que ajuste com a justiça. Essas indirectas são clara alusão à afirmações recentes de Umaro Sissoco Embaló contra Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC a quem disse que, se voltar ao país, vai ajustar contas com o Ministério Público. Antes, Umaro Sissoco Embaló disse que Aristides Gomes e o Primeiro-ministro do Xº Governo Constitucional era o único que sabia as razões do seu refúgio na sede das Nações Unidas. E por fim, Nuno Gomes Nabian afirmou que não podemos aceitar que nasçam novos super-homens.
Motivos da crispação
Os motivos para crispação entre o PM, Nuno Gomes Nabian e o PR, Umaro Sissoco Embaló, são tantos e capazes de ganhar novas proporções. O PR, Umaro Sissoco Embaló não acredita na seriedade do Primeiro-ministro, Nuno Gomes na gestão de coisa pública e como forma de controlar decidiu avocar o Conselho de Ministros (CM), aproveitando-se de um preceito Constitucional do PR presidir o CM quando entender para justificar as suas atitudes.
O PR, Umaro Sissoco Embaló presidiu todos os Conselhos de Ministros sempre que esteve no país. E em certios casos, quando sabe da existência de dosseirs importantes para se tratar na sua ausência, o que faz é ordenar o adiamento da plenária governamental. Disfarçadamente e para o público parece que nada acontece, mas no seio do Governo, para além do PM, muitos membros do Executivo mostravam alguma discordância com o PR.
Portanto, o primeiro motivo da divergência é a autoridade de Nuno Gomes Nabian enquanto PM que nunca sentiu como tal.
O segundo elemento da divergência entre os dois tem a ver com a exploração de recursos naturais e a gestão das finanças públicas. Há cerca de seis meses, a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau desencadeou uma campanha de averiguação e apreensão da madeira. O cúmulo dessas acções foi o desmantelamento de uma fábrica de transformação de madeira, suposta propriedade de Nuno Gomes Nabian e Braima Camará. A situação foi gerida, mas terá abrandado quando Nuno Gomes Nabian terá prometido contra-ataque com factos de negócios obscuros que supostamente envolvem o Presidente Umaro Sissoco Embaló. E uma das possibilidades de denúncia é um suposto acordo de exploração petrolífera entre Umaro Sissoco Embaló e Macky Sall do Senegal.
O PR terá mudado da estratégia apertando nas finanças públicas ao ponto de, depois de uma visita nas Alfândegadas, anunciar que nenhuma empresa seria insetada tanto na exportação como na importação. Diz-se na altura que os visados com a decisão de Umaro Sissoco Embaló eram Nuno Nabian e Braima Camará.
Nomeação de um novo vice-PM
A seguir, Umaro Sissoco Embaló ensaiou à capacidade de resistência de Nuno Nabian, quando decidiou a titítulo unilateral nomeou, o seu Conselheiro Político, Soares Sambú para às funções de vice-Primeiro-ministro. O PR fez essas nomeações sem qualqwuer consulta à Nuno Nabian e muito menos os demais parceiros de coligação. Prova de que a decisão tinha oposição de todos, nenhum dos líderes dos partidos integrantes da actual coligação governantiva (PRS e MADEM) marcou presença na tomada de posse de Soares Sambú, enquanto vice-Primeiro-ministro. Nota negativa nessa luta foi que, Nuno Gomes Nabian de quem todos queriam apoiar para evitar a alteração da orgânica do Governo, apareceu na posse, embora seja radicalmente contra o que aconteceu.
A turbulência continuou. Soares Sambú, como vice-Primeiro-ministro, assumiu praticamente a área económica e passou a ser ele a decidir questões do Governo. No dia 14 de Janeiro corrente, o PR Umaro Sissoco Embaló foi presidir o Conselho de Ministros, onde decidiu que a Comissão Instaladora da Autoridade Reguladora do sector de Combustível (CI-ARSECO) seria extinta. Nuno Nabiam se mostrou descontenta com a decisão e na incapacidade de mover o Chefe de Estado preferiu invocar a indisposição para abandonar a reunião. Apesar do seu abandono, Umaro Sissoco avançou com a decisão de extinguir a Comissão Instaladora.
Consumada a extinção da Comissão como ficou expressa no Comunicado do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian decidiu elevar a voz para dizer não.