Nascido em Cabo Verde, Dany Silva é referência no panorama cultural dos países de língua portuguesa. Para comemorar 40 anos de carreira, compositor apresenta em Lisboa uma compilação dos seus maiores êxitos musicais.
Os anos 60 também foram marcantes devido ao surgimento dos movimentos de libertação que lutaram pela independência das então colónias portuguesas em África. Dany Silva chegou a Lisboa em 1961 quando começava a guerra em Angola, recorda sublinhando a aspiração que tinha em relação a Cabo Verde.
“Eu sempre pensei nisso. Sempre pensei num Cabo Verde independente, um Cabo Verde que não tivesse os problemas que tinha na altura do colonialismo”, como a fome que matou muitas pessoas, sublinha o artista.
Dany Silva lembra dos ensinamentos através dos livros que lia e as mensagens de líderes como Amílcar Cabral, o que ajudou a pensar no futuro das então colónias numa época em que a luta clandestina exigia muitos cuidados dos nacionalistas africanos por causa da polícia política portuguesa, a PIDE, “que não perdoava”.
É muito mais tarde que surgem canções como Mamã África ou Cabo Verde, Terra Estimada, Terra de Paz. “Portugal é o meu país de eleição por viver aqui, ter cá os meus filhos e a minha profissão. Sou acarinhado, mas, apesar de tudo, o meu coração foi, é e será sempre de Cabo Verde”, afirma o cantor e compositor que faz anos a 4 de julho, véspera da independência do seu país natal.
Influências musicais
Dany Silva é influenciado por mornas e coladeiras, mas também por outros sons das músicas do mundo, da salsa ao blues, passando pelo semba e o bolero angolanos. Das canções que gravou no último CD, As Canções da Minha Vida, diz que gosta de todas, porque são temas dos clássicos obrigatórios nos seus concertos.
“As canções que eu gravei nesse CD são referência para mim. Por exemplo, Branco, Tinto e Jeropiga foi o tema que divulgou o meu nome na lusofonia. Foi o primeiro que eu gravei em português. É um quotidiano a contar uma história de uma paródia e de repente enfrento um sucesso enorme. Vendeu naquela altura 50 mil unidades de um single”, lembra.
“É um balanço bastante positivo, embora em 40 anos tenha tido altos e baixos, momentos bons, momentos menos bons. Mas isso é experiência. Quando as coisas correm mal nós aprendemos para correrem muito melhor no futuro”, acrescenta.
Depois deste ano dedicado à celebração dos seus 40 anos de carreira a solo, Dany Silva não vai cruzar os braços. “Há sempre projetos, mas neste momento estou já a pensar e a fazer pouco a pouco maquetes para um novo trabalho discográfico, que será quase totalmente de temas inéditos”, afirma o cantor e compositor. Como diz ser um homem de fé, Dany Silva acredita que o futuro ainda será risonho: “Espero que sim. Há que ter esperança”.
Referência incontornável da música há quatro décadas, Dany Silva junta este sábado (08.06), em Lisboa, vários cantores e amigos convidados, entre os quais Rui Veloso, Luís Represas, Kátia Guerreiro, Tito Paris e Nancy Vieira. Este é o ponto alto das celebrações dos 40 anos de carreira a solo, com produção de Barry Marshall e do próprio Dany Silva. Dos temas emblemáticos, enumera títulos como A Banhada, Branco, Tinto e Jeropiga, Crioula de São Bento, Lua Nha Testemunha, Badjo na Fazenda, Farra na Sanzala, entre muitos outros.