O ex-Conselheiro para a defesa do presidente interino do PRS, Alfredo Malú, actual ministro de Cultura e Desportos disse que integrou ao Governo de Braima Camará a título pessoal, porque as lideranças de Fernando Dias e Nuno Nabian autorizaram o Presidente da República a escolher. Em conferência de imprensa para esclarecer as circunstâncias da sua presença no Governo, assegurou que, houve mais de quatro negociações entre Nuno Nabian e Fernando Dias com a parte da Presidência da República e só não se entenderam por “não revelação do número de pastas”.
“Nuno Nabian negociou com Soares Sambú e Botche Candé e concluíram que haveria remodelação governamental e queriam dois nomes. No caso de Nuno Nabian, recusou comprometer-se, porque não disseram quais eram as pastas que seriam afectados à APU. O mesmo foi feito com Fernando Dias. Dias terá recusado dar dois nomes, porque precisava de concertar com Nuno Nabian. O que não posso aceitar é que as negociações foram no sentido de ser formado um Governo de Inclusão como disse Fernando Dias. Não é verdade. Não aceitaram, porque o Presidente da República não revelou quais as pastas”.
Nas suas revelações, Malú adiantou que houve um encontro no Palácio da República onde Nuno Nabian foi com Augusto Gomes e Fernando Dias levou Lassana Fati. “Na Presidencia para além do PR estavam Soares Sambú e Botche Candé. O PR informou que iria demitir o Governo de Rui de Barros e queria dois nomes. Tiveram a mesma reacção em perguntar sobre o número de pastas. Na altura o PR recusou revelar os nomes. Quando o PR disse que queria apoio de 2019, acordaram, um documento para fazer com base numa comissão. Indigitaram inclusive pessoas”.
Segundo ele, numa terceira reunião onde juntaram o pessoal da Presidência, a parte do Nuno e do PRS, instalou-se uma Comissão. Contudo, reuniram e não houve consenso, porque não revelaram quais as pastas. Como não se entenderam, Soares Sambú sugeriu um acordo. Entregou um manuscrito, enquanto que API apresentou a sua proposta. Nessa óptica, concluíram que não haveria entendimento, porque o PR não revelou o nome das pastas. Depois, chegaram a um entendimento, de que, se o PR não vai revelar os nomes que, a título pessoal escolha nos partidos. Isso é oficial. Eu nunca vou mentir. Peçam a cada um, se na verdade não foi isso que passou, que desminta”, desafiou Alfredo Malú.
Conforme explicou, com este posicionamento de Nuno Nabian e Fernando Dias em dar resposta só quando souberem das pastas que iriam receber, o PR reagiu mal e colocou ponto final nas negociações. “O Primeiro-ministro, Braima Camará que já havia sido nomeado no dia anterior, perguntou a Nuno qual o documento que deu ao PR; Nuno respondeu que, deu documento a Soares. Braima lhe perguntou, então não discutimos isso na API. Braima Camará ainda aconselhou Nuno Nabian a esclarecer a situação. Que foi do meu conhecimento, Nuno Nabian e o PR falaram mais de 50 minutos e ele foi bastante duro com Nuno. O PR manteve decisão de que não iria revelar nomes e, se quisessem que deixassem, de integrar o Governo. Mas a verdade em todo este processo é que, tanto Fernando Dias como Nuno Nabian aceitaram ma nomeação de Braima Camará na expectativa de que, iriam, entender-se”, frisou.
Numa conferência que terá certamente a sua réplica, Malu disse que estava apenas para dizer a verdade, porque o seu nome estava a ser bastante badalado. “Nós de API Cabaz Garandi a partida estávamos de acordo com a nomeação de Braima Camará, com excepção de Baciro Djá e Jorge Fernandes. Depois de Braima ser nomeado, reuniu connosco. Braima pediu-lhes para lhe acompanharem, porque acompanhou Nuno durante quatro anos. Quando o Braima Camará se apercebeu do comportamento deles, disse que iria sair da API, porque estavam a fazer o que não foi combinado”.
Braima Camará ameaçou que não tem condições de continuar na API
Com o recado de Braima Camará foi reunir com Nuno e Dias na casa de Nuno, Alfredo Malú revelou a posição do agora Primeiro-ministro. “Na casa de Braima Camará, Dias chegou com a sua equipa. Transmiti recado da forma como Braima disse. Eles acharam que, Braima nunca foi justo com eles. Quando era Grupo do 15, foram amparados e traiu. E, no final disseram que, não vão acompanhar Braima Camará, enquanto não revelar o nome dos Ministérios. E, acrescentaram que, o PR pode escolher. Perguntei se os escolhidos iriam engajar os partidos. Lassana Fati respondeu que não. Retorqui, se não vão engajar, porquê é que vão escolher”.
Antes, disse que o PR lhe convidou para estar na Indústria ou Saúde e recusou. ”Pedi para consultar a minha mulher e minutos depois, o PR lhe ligou para confirmar o Ministério da Cultura. Existem momentos em que, as pessoas erram e são perdoadas, mas outros não. Koumba Yalá nunca fez isso. Da minha parte, Fernando Dias pecou ao incitar jovens para me atacar. Triste. Como é que ataca um dirigente do PRS. Fernando Dias precisa de saber de que, quando ataca Alfredo, ataca a sua pessoa. O mesmo número de voto que pode conseguir, se passar, faço o contrário”.
Quanto as funções de Conselheiro do Presidente para serviços de segurança e defesa, disse que não pediu e nunca tomou posse, porque se trata de funções que lhe iriam comprometer. “Mais grave é que, Fernando Dias passa o tempo a atacar o Chefe de Estado-maior das FA. Uma figura que conseguiu garantir em segurança, o mandato de dois Presidentes da República. Como General na reserva e alguém que trabalhou anos e anos na contrainteligência militar e jamais podia aceitar. Para mim, são funções inexistentes, até porque nunca tomei posse”.
No que concerne a suspensão da API, disse que é ilegal, porque a coligação não tem estrutura para isso. Pediu Dias para recuar, porque se não, vai continuar com as derrotas no caminho que está a seguir.