A nova Directora de Serviço do Banco de Sangue quer que aquele o mesmo seja realmente considerado como tal e digno de nome. Numa entrevista concedida ao UH, Cadi Colónia Sanhá considerou ser urgente a solução do problema daquele serviço para ser adoptado de materiais de qualidade, para nos próximos tempos, poder implementar mesmo o sistema de análise, para evitar de testes rápidos, mas de análise de materiais para analisar vírus. Ainda Conforme Colónia Sanhá também o Serviço de Banco de Sangue precisa de implementar nos próximos tempos uma sessão denominada de controlo de qualidade, para a verificação de células do sangue em estado de conservação e funcionalidade. Sanhá admitiu que, implementação também vai permitir a diminuição de número de transfusão de sangue total, que actualmente se faz. “Nem todos os pacientes precisam de sangue total. Pode precisar dum ou outro componente”, assegurou salientando da necessidade de criar um sistema de separação de componentes sanguíneas, para permitir a reduzir gasto de bolsas de sangue num só paciente permitindo o Banco ter stock.
Última Hora (UH) – Directora gostaria que me fizesse a sua apresentação, enquanto técnico de saúde?
Dirctora – Sou Cadi Colónia Sanhá (CCS) licenciada em Biomédica, técnico de laboratório desde 2017 e supervisora do laboratório do extinto projecto “Médico Sem Fronteiras” de 2017 a 2020 e há dois meses atrás fui nomeada como directora do Banco de Sangue.
UH – Foi recentemente nomeada para as funções da directora do Banco de Sangue. Logo no exercício das suas funções, o quê que tem deparado no serviço de Banco de sangue?
CCS – Quando cheguei deparei com situação um pouco complicado, que não devia estar acontecer. Ou seja, pelo aquilo que tenho conhecimento não é situação adequada para um serviço de banco de sangue. Porque para tirar sangue a um doador, existem critérios e condições mínimas que ele deve ter para ser tirado o sengue. Quero dizer que, a primeira situação é falta de sistema de triagem. Deparei com um doador que tinha a crise de hipotensão. Perguntei quanto é que tem de tensão para poder-lhe tirar o sangue? Recebi como resposta: não sei. Fiquei assustado porque não é habitual fazer. Isso espantou-me porque não deve acontecer. Perguntei do aparelho para o efeito e disseram que não existe. Então percebi que é uma situação para resolver, porque são dos mínimos que o serviço do Banco de sangue precisava. Porque se o doador tiver tensão baixa e retirar dele o sangue, pode baixar ainda mais e provocá-lo o desmaio. Foi uma preocupação que me levou a procura do aparelho e consegui.
UH- Depois de conseguir o aparelho qual foi a inovação?
CCS – No dia seguinte criámos o sistema de triagem, onde passamos a preencher todos os requisitos, a começar da primeira fase que é a pré-doação, entrevista, para saber qual o seu estado físico, se passou febre uma semana ou 15 dias atrás, ou algum problema crónico que tem conhecimento, mas que não sabia que o impeça doar sangue. Todo um conjunto de requisitos, porque se vais tirar sangue a alguém, deves também preservar a sua vida. Era o que o Banco de Sangue tinha em falta e graças a Deus actualmente já funciona. Faltava também o conforto do aparelho de ar condicionado e agora tem na sala de colecta, laboratório e estão a acontecer algumas melhorias no serviço de Banco de Sangue.
UH – Como é que o Banco funciona actualmente?
CCS – Graças a Deus funciona bem. Prova disso foi confirmada pelos doadores que doavam sangue algum tempo atrás, mas que agora realçaram que, houve mudança. Isso porque, já passam por todo o sistema de triagem, que confirma a sua aptidão. Também a partir de agora para tirar sangue podes passar para outra fase de teste, para descartar possibilidade de contaminação de vírus de HIV, hepatite-B ou C ou disicífiles. Só quando um doador passa por tudo isso é que vai para a sala onde será retirado o sangue, para a próxima transfusão.
UH – Se fala de venda de sangue até ao preço de 35 mil Francos/bolsa. Como é que ocorre esse fenómeno? É o preço oficial ou são actos isolados?
CCS – Bem como guineense ou todos nós ou vizinho podemos deparar com essa situação, onde o sangue nos custou um valor para conseguirmos uma bolsa de sangue. Hoje mesmo essa manhã, alguém veio a mando do seu irmão para vir saber o valor duma bolsa de sangue, para poder comprar, para seu paciente. Bem, não vou falar no indivíduo a quem iniciou, se existir ou deixou de existir. Acontecia no passado. Mas actualmente não posso afirmar que acabou por completo. Pode até existir, mas reduziu bastante, mas a nossa determinação é acabar com a especulação do preço do sangue. Porque, quem veio doar sangue, faz a oferta gratuita. Desta feita, quem o recebe também ser de forma gratuita. Porque, se formos ver, ninguém pode comprar sangue, porque é vida que Deus nos oferece. Doar sangue é um acto de solidariedade. E acto da solidariedade não espera nada em troca. Podia estar acontecer por um lado com os próprios técnicos afectos a esse serviço. Por outro, é a própria negociação que as famílias fazem com certos doadores de forma isolada., e que no final acabam revelando que compraram ou pagaram tanto para obter sangue. A prática de ligar a doador conhecido como voluntário, que determinou por sua vez que, se me vir doar sangue, tens que me dar um determinado valor, é isolada. Quando assim acontece, se for o necessitado a ligar é porque combinaram um determinado valor e o doador vem depois dos exames é retirado o sangue, para efeito e depois. É isso que resulta em dizer comprei sangue. Dizer nas mãos de quem ou como, não dizem nada”. Tudo entra na história de compra de sangue.
UH – Tendo esse conhecimento, como controlar a situação?
CCS – Adoptei uma política actualmente como sistema de controle. Tudo o que está a ser feito no serviço de sangue será de forma gratuita. Não existe a forma de recuperação do custo do valor, pago no Banco da sangue. Todo o doador que doar e que fazer o acompanhamento para certificar se o sangue que doou foi vendido, vai ser facultado o código que cada bolsa de sangue é fixado. Assim como o contacto de quem recebeu o referido sangue, para em caso de querer aprovar se o dono recebeu sangue de forma gratuita. O que por vezes de forma estranha podes dizer que compraste, é o sistema de transfusão, porque temos a falta. É único que pode gerar algum custo no serviço de Banco de Sangue e mais nada. Para que haja compra, tem de ser perante uma receita, para a farmácia, mas se o técnico pedir um valor, para ser ele a ir comprar, diga não ou denuncie através do Gabinete de Utente e este por sua vez entra em contacto comigo, para podermos corrigir.
UH – Em dois meses a testa da direcção do serviço de Banco de Sangue, qual é o número de transfusão de sangue já feita?
CCS – Não posso precisar número exacto, porque tudo se faz de forma manual. E as vezes um paciente precisa mais de número de bolsa em relação a outro. O que contabilizamos é o número total de bolsas de sangue utilizado.
UH – Neste caso qual é o número de bolsa que sai mensalmente?
CCS – Números de bolsas que sai estão entre 500 a 600 bolsas mensais, porque não somente para o o Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM) que o Banco de Sangue faz a transfusão. Faz para o Hospital Sino guineense vulgo Hospital Militar, Clínica de Bor, Hospital de Cumura, Clínica de Madrugada, Centro Renato Grandi, e as regiões que não tem serviço de transfusão de sangue.
UH – Como é que fazem chegar sangue as regiões?
CCS – Sim, é outra situação que deve ser melhorada, porque se faz de forma inadequada. Quando é para um hospital regionais, são os familiares a procura do nosso serviço. O que significa que não vai de forma adequada. Tudo deve ser transportado numa caixa bem protegida e de segurança. Infelizmente não temos condições para envio de sangue condignamente. E também os hospitais regionais não enviam os técnicos, o que facilita a envolvência de familiares no processo.
UH – E aqui no HNSM não envolvem familiares no processo de transfusão?
CCS – Não envolvemos as famílias. Em algum momento envolvemos, mas no processo de transfusão, não. Assim devia ser com os hospitais regionais. Mas por falta de condições e de recursos humanos acontece. Continuo a insistir qwue não deve ser e tantamos no máximo para o sangue não esteja exposto ao sol, por causa de temperatura muito elevado. Então andamos a condicionar a sua protecção numa caixa esvaziada de algum teste , ou no saco que vem as bolsas para recolha de teste.
UH – Qual é o número de solicitação diária?
CCS – Em média 25 a 30 solicitações.
UH – Consegue satisfazer?
CCS – Não conseguimos na sua totalidade, devido o número reduzido de doadores voluntários e a reposição. Porque na regra do funcionamento de um Banco de Sangue, cada saída de uma bolsa de sangue, tem de se fazer a reposição de uma ou duas no seu lugar. O que não se verifica. Quando fizemos a campanha, a quantidade que entre e sai até acabar, porque não tem a reposição, até porque das bolsas que os familiares precisam, damos em parte precisado e os familiares completam o resto.
UH – Aqui dentro, quais dos serviços que mais fazem a solicitação?
CCS – Aqui dentro faz-se mais a solicitação a Maternidade e depois vem os outros serviços como Banco do Socorro, Bloco Operatório e a Pediatria.
UH – De quando em quando fazem a campanha para a doação?
CCS – Todos os meses fazemos a campanha. Em cada terceiro Sábado do mês, fazemo-la no Centro Cultural Português que nos cede o espaço e garantem lanche para doadores. É o sangue ali angariado que gerimos para em caso de emergência.
UH – E qual é o vosso relacionamento com o com os doadores?
CCS – Temos ainda dificuldades, porque não temos nada como oferta para eles. É uma situação sob alçada dos nossos superiores. Digo isso, porque existe uma política já elaborada, mas falta a sua aprovação, por isso não se tem verificado. O que temos começado como regalia ou benefício para quem doa sengue regularmente, certa isenção , em caso da doença conceder-lhe a consulta, análise, e medicamentos disponíveis no hospital, e nada mais. Basta dizer que, quem vem doar sangue, por vezes até receber lanche ou dinheiro de transporte para o regresso, torna difícil.
UH – Qual é o pedido que gostaria de fazer a favor do Banco de Sangue?
CCS – O pedido que tenho para fazer, é para que o serviço do Banco de Sangue seja tido em consideração como outros bancos de sangue do mundo. Mesmo que não possa ser igual, mas pelo menos como dos países da Sub-região. Por exemplo o de Dakar. Para que o nosso serviço de Banco de Sangue seja chamado propriamente banco de sangue, precisamos ainda muito para fazer. Podia ser chamado Serviço de Transfusão de Emergência, porque falta muito. Se notarmos aqui trabalhamos somente com testes rápidos. Quando que num banco de sangue não devia acontecer. O Banco de Sangue precisa trabalhar com exames que vão indicar a certeza absoluta que o doador está isento de qualquer situação de perigo. Porque testes rápidos todos são íntimas do corpo. O que significa que, tem limitação. Por isso que o período da janela, para ter resultado positivo no teste é de três meses. Imagina quem contaminar a um mês atrás, pode vir hoje e doar sangue, porque o teste mostrou resultado negativo. Mas, pode passar três meses e voltar a fazer teste e mostra o resultado positivo, porque não tinha o tempo suficiente para o efeito. São dos problemas urgentes para resolver. É preciso investir para termos o Banco de Sangue. Também a maneira que fazemos a transfusão, com a disponibilidade de sangue que temos ficamos sem tempo para testes mais específicos que duram algumas horas. Porque, para garantir sangue limpo e ideal para a transfusão, no mínimo são 72 horas para fazer tudo os exames necessários numa bolsa de sangue, para poderes afirmar que este sangue está apto para a transfusão. Aqui tudo é a transfusão de emergência, até por vezes meia hora será muito tempo de espera para o dono. Mas se tivemos equipamentos, doadores regulares, tiramos sangue no momento preciso, teremos tempo suficiente, fazemos análise de forma adequado, para depois disponibilizamos, mas com período de antecedência de três dias antes.
UH – O quê que essa situação pode vir a provocar mais a frente?
CCS – Para frente vai corrigir problema a curto prazo e levar problema a longo prazo. Porque se alguém que ontem foi testado e o resultado apresentar tudo negativo, mas daqui a três meses vier a queixar-se de algum problema de saúde e voltar a fazer aquele análise, e vier a ser dito que tem hepatite B, quem ele foi doar sangue a um mês a trás vai contaminar com hepatite B. E hepatite B viral não tem cura, fica para toda vida. Por isso é urgente a solução desse problema. Como responsável estou a fazer alguns contactos para, no próximo ano, poder implementar mesmo o sistema de análise, para não continuar a ser testes rápidos, mas sim de análise de materiais e os vírus, para quando lá estiver que nos diga, e se não estar que também nos diga. Também precisamos de implementar uma sessão denominada de controlo de qualidade. Ver se células do sengue estão bem conservadas e funcionais. Também a diminuição de número de transfusão de sangue total. Nem todos os pacientes que precisam de sangue total. Pode precisar dum ou outro componente. Por isso temos que criar um sistema onde vamos fazer a separação. Cada paciente passa a receber o que realmente precisa, ou de acordo com a necessidade. Fazendo isso, vai ajudar a reduzir gasto de bolsa sangue para um paciente que precisava de um componente e até vai permitir ter stock. Porque o Banco de Sangue deve arrecadar sempre o sangue e não aquele que fica somente a fazer a transfusão.