A destituição do presidente Umaro Sissoco Embaló na Guiné-Bissau mergulha o país numa grave incerteza política, apenas algumas horas antes da proclamação dos resultados oficiais das presidenciais de 23 de novembro de 2025.
Segundo o Dr. Aristides Gomes, antigo Primeiro-Ministro e presidente do Diretório de Estratégia e Comunicação Internacional (DSCI) do candidato Fernando Dias da Costa, este golpe constitui um «simulacro orquestrado por Embaló» destinado a contrariar a vitória esperada do seu candidato. O Observador relata que o Dr. Gomes considera esta situação «trágica para a Guiné-Bissau» e que poderia ter sido evitada se o presidente cessante tivesse reconhecido a sua derrota na noite das eleições.
O Dr. Gomes insiste que o candidato Fernando Dias da Costa e a sua equipa nunca consideraram um golpe de Estado, apesar das numerosas irregularidades eleitorais que denunciaram. Segundo ele, os homens de Sissoco teriam preparado esta ação desde a véspera da proclamação dos resultados, na esperança de manipular o desfecho do escrutínio a seu favor. O Observador refere que, perante este contexto, Fernando Dias apelou ao respeito pelo processo eleitoral e pela proclamação dos resultados pela Comissão Nacional Eleitoral, antes de ser detido com o opositor Domingos Simões Pereira do partido PAIGC.
Para o Dr. Gomes, está claro que o golpe é cuidadosamente orquestrado: «Pela primeira vez na história, um chefe de Estado sofre um golpe de Estado e vê-se a chamar a imprensa e os chefes de Estado para anunciar a sua prisão. Esta farsa mergulha a Guiné-Bissau em dias incertos», sublinha, citado pelo L’Observateur. O antigo Primeiro-Ministro rejeita qualquer lógica segundo a qual o exército agiria para garantir uma liderança consensual, lembrando que Fernando Dias da Costa foi eleito e que o povo já conferiu a sua legitimidade. «O presidente eleito não precisa do exército para ser empossado. A Guiné-Bissau não precisa de um presidente de transição», acrescenta.
O Dr. Gomes defende a finalização imediata do processo eleitoral e recorda que o Supremo Tribunal é o árbitro legal da eleição. Apela também a um envolvimento activo das autoridades senegalesas e da CEDEAO para restaurar a estabilidade e garantir a integridade do escrutínio. Segundo ele, «o lugar do exército é nas casernas. Eles não têm nada a ver com uma eleição», conclui.



