sexta-feira, outubro 31, 2025
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Tanzânia impõe toque de recolher após protestos eleitorais

A polícia da Tanzânia declarou hoje um toque de recolher na maior cidade do país, depois de centenas de pessoas protestarem, derrubando cartazes da Presidente Samia Suluhu Hassan e incendiando uma esquadra, no dia em que terminaram as eleições, marcadas pela ausência dos principais candidatos da oposição, presos ou impedidos de concorrer.

Apesar da forte presença militar em Dar es Salaam, com tanques posicionados em pontos estratégicos, centenas de jovens saíram às ruas a cantar “Queremos o nosso país de volta”, segundo um jornalista da AFP. Um grupo incendiou uma esquadra na estrada Nelson Mandela, a principal via que liga ao porto da cidade.

A polícia lançou gás lacrimogéneo, mas acabou por recuar perante os manifestantes que atiravam pedras. Um veículo militar atravessou a multidão, mas não interveio. A organização NetBlocks reportou uma “interrupção nacional da internet”.

O chefe da polícia, Camillus Wambura, anunciou o toque de recolher na televisão estatal TBC, avisando que “todos devem estar em casa a partir das seis da tarde”, com patrulhas militares e policiais nas ruas.

O dia começou calmo, com assembleias de voto praticamente vazias, ao contrário das eleições anteriores. Um dirigente do partido no poder, Chama Cha Mapinduzi (CCM), admitiu antes dos protestos que iria mobilizar eleitores “para salvar a situação”.

 

Oposição silenciada e denúncias de abusos

A Amnistia Internacional denunciou uma “onda de terror” antes das eleições, incluindo desaparecimentos forçados, tortura e execuções extrajudiciais de opositores e ativistas. A Presidente Hassan, de 65 anos, procura consolidar o poder com uma vitória esmagadora, segundo analistas.

O principal adversário, Tundu Lissu, está a ser julgado por traição e pode enfrentar pena de morte. O seu partido, Chadema, foi impedido de concorrer. Outro candidato relevante, Luhaga Mpina, do ACT-Wazalendo, foi desqualificado por questões técnicas.

Hassan, que assumiu a presidência em 2021 após a morte de John Magufuli, inicialmente foi vista como reformista, mas organizações como a Human Rights Watch acusam o Governo de sufocar a oposição, controlar os media e comprometer a independência da comissão eleitoral.

Há também relatos de perseguição a membros do próprio partido no poder. Humphrey Polepole, ex-porta-voz do CCM e embaixador em Cuba, desapareceu este mês após criticar Hassan. A família encontrou manchas de sangue na sua casa. A Ordem dos Advogados da Tanzânia confirma 83 raptos desde que Hassan assumiu o cargo, com mais 20 casos recentes.

Em Zanzibar, a situação manteve-se calma, embora analistas prevejam uma disputa mais equilibrada devido à maior liberdade política na ilha.

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