sábado, setembro 13, 2025
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Guiné-Bissau: Sissoco rompe com a Plataforma e lança “Nô Ndianta” para as presidenciais

No dia em que conferiu posse a Braima Camará como Primeiro-ministro, o Presidente da República anunciou que será candidato independente nas próximas presidenciais, apoiado por um movimento ainda por criar, mas que se denominará “Nô Dianta”.

O anúncio de Umaro Sissoco Embaló surge como consequência da “ingovernabilidade reinante na Coligação Plataforma Republicana”, tendo sublinhado que pretende estar à margem da pressão dos partidos políticos e dos seus dirigentes.

O impasse na coligação pré-eleitoral, que em 2024 tentou concorrer às legislativas mas foi travada pelo Supremo Tribunal de Justiça, está ligado a disputas de liderança e, sobretudo, à falta de consenso sobre as listas de candidatos a deputado por círculo eleitoral.

No plano da liderança, os nomes de Botche Candé e Satú Camará, figuras de maior peso na coligação, estão longe de gerar consenso. Botche Candé, líder do PTG, o partido mais coeso da Plataforma, sente-se desrespeitado e ignorado dentro da organização. Há dois meses, lançou duras críticas a José Carlos Macedo, do MADEM, acusando-o de ter convocado uma reunião da Plataforma sem o informar e apenas através do seu secretário-geral.

Embora seja actualmente coordenador da Plataforma Republicana, Candé vê o seu poder constantemente contestado, sobretudo por dirigentes ligados ao MADEM. Em resposta, o PTG tem ameaçado repetidamente concorrer sozinho, como forma de se afirmar perante o que classifica como desrespeito. Recorde-se que, em 2024, quando foram entregues candidaturas para as adiadas legislativas, o PTG avançou de forma independente em protesto contra o posicionamento dos seus militantes nas listas conjuntas.

Outro ponto de discórdia diz respeito à definição das listas eleitorais. Apesar de reunir partidos que desde cedo apoiaram Umaro Sissoco Embaló no seu percurso presidencial, a Plataforma Republicana nunca conseguiu criar espaço para uma verdadeira reorganização interna.

 

Tentativas falhadas de unidade

Perante a gravidade da crise, o Presidente da República tentou adestrar soluções de compromisso antes da sua decisão final. Sissoco propôs aos integrantes da Plataforma o “reagrupamento” em três blocos. Um em torno do MADEM, outro liderado pelo PTG e um terceiro pelo PRS. A ideia revelou-se inviável, não só devido às rivalidades já instaladas entre o PRS e o MADEM, mas também pela oposição dos partidos de menor expressão, que invocaram divergências ideológicas para rejeitar a proposta.

 

Novo Governo agrava tensões

A formação do novo Governo, liderado por Braima Camará, agravou ainda mais as divisões internas. A Plataforma Republicana corre o risco agora a implosão, após acusações de favorecimento ao MADEM.

Segundo os críticos, o partido de Sissoco Embaló assegurou, em conjunto com aliados como Braima Camará e Satú Camará, um total de 21 pastas ministeriais. Já o PTG de Botche Candé, que alegadamente receberia seis ministérios, ficou limitado a três (Interior, Agricultura e Turismo), que na óptica de Candé é “insignificante”, tendo em conta a expressão eleitoral do partido.

Fontes do PTG confirmaram que, antes da demissão do anterior executivo, o Presidente da República prometera maior representatividade ao partido. A manutenção das mesmas três pastas acabou por gerar um descontentamento interno. Botche Candé terá instruído a direcção do PTG a reagir, mas não conseguiu reunir consenso suficiente para uma posição concertada.

 

Sissoco rompe com a coligação

Cansado de gerir uma crise sem fim à vista, Sissoco Embaló decidiu abandonar a coligação. Durante a tomada de posse de Braima Camará, foi taxativo, não terá o apoio de nenhum partido e quem quiser apoiar a sua reeleição “terá de aderir ao Movimento Nô Djunta”.

A decisão terá consequências profundas na Plataforma Republicana, já que o novo movimento contará com o apoio de dirigentes influentes dos partidos que a compõem, sobretudo do MADEM. Soares Sambú regressará como director de campanha, acompanhado por figuras como Sandji Fati, José Carlos Macedo, Marciano Barbeiro, Viriato Cassamá e Nelson Moreira, que poderão imprimir uma nova dinâmica à candidatura presidencial de Sissoco.

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