quarta-feira, julho 30, 2025
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Confirmada “a morte brutal e obscura de Tanu Bari” a LGDH e exige a libertação de Tcherno Bari e mais 8 pessoas

A família de mamadú Tanu Bari deslocou-se a sede da Liga para confirmar que, o cadáver em petrufação encontrado pelos pescadores no Rio Mansoa em João Landim do malogrado. A família confirmou a ocorrência, após constatarem junto da PJ, algums pertences pessoais do malogrado, principalmente os seus calçados. A Liga Guineense dos Direitos Humanos promoveu uma conferência de imprensa para condenar a morte brutal e obscura de Tanu Bari e denunciar que, nas celas do Ministério do Interior, estão seis militares detidos em regime de clandestinidade. A LGDH denuncia o silêncio cúmplice e ensurdecedor das autoridades nacionais perante este eventual crime de execução extrajudicial premeditada.

 

Na íntegra, o COMUNICADO DE IMPRENSA da LGDH

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) recebeu com profunda dor e consternação a confirmação, por parte da família de Mamadu Tanu Bari, agente de segurança afeto à Presidência da República, de que o corpo encontrado no passado dia 23 de julho de 2025, em João Landim, corresponde, tragicamente, ao seu ente querido.

Segundo relatos familiares, Tanu Bari viu-se obrigado a fugir do país após um violento assalto perpetrado por homens armados à residência do seu irmão mais velho, Tcherno Bari, no dia 21 de junho, tendo-se refugiado em Lisboa por receio pela sua vida e integridade física.

Ainda segundo a família, Tanu Bari regressou discretamente ao país, pela zona de São Domingos, no norte, no dia 19 de julho, tendo feito contacto telefónico com um familiar. A partir desse momento, desapareceu sem deixar rasto, até ao trágico momento em que pescadores encontraram um corpo em João Landim, mais tarde identificado pela família pelas roupas e calçado que envergava.

Esta morte brutal e obscura insere-se num contexto de perseguições sistemáticas, detenções arbitrárias e um clima cada vez mais sufocante de repressão.

Importa recordar que o seu irmão, Tcherno Bari, antigo chefe de segurança da Presidência da República, se encontra ilegalmente detido no Estado-Maior General das Forças Armadas desde o dia 22 de junho de 2025, sem qualquer acusação formal nem apresentação a uma autoridade judicial competente.

Na sequência do misterioso e perturbador “Caso Tcherninho”, a Liga Guineense dos Direitos Humanos apurou, com base em informações fornecidas por fontes familiares, que cerca de uma dezena de militares afetos à segurança da Presidência da República, bem como um cidadão civil, se encontram detidos há mais de um mês, sem qualquer base legal conhecida, em total violação da Constituição e dos princípios fundamentais do Estado de Direito.

Aliás, sabe-se que, só no Ministério do Interior, oito cidadãos permanecem detidos de forma arbitrária e em condições desumanas, concretamente os senhores Ussumane Baldé, Braima Baldé, Malam Djassi, Adriano Lopes, Braima Conté, Eduardino Espencer, Braima Daramé e Ubambo Nanque.

As presentes detenções encontram-se envoltas num silêncio absoluto e numa opacidade institucional manifesta, configurando uma omissão grave por parte do Estado-Maior General das Forças Armadas, que persiste numa inadmissível recusa de prestar esclarecimentos públicos. Tal conduta configura uma violação flagrante dos princípios da transparência e da legalidade administrativa, comprometendo gravemente a confiança pública nas instituições democráticas e fomentando um estado de tensão social insustentável, bem como um clima generalizado de medo que põe em risco as liberdades fundamentais dos cidadãos.

Como se não bastasse, o país foi brutalmente abalado por mais um ataque à liberdade de imprensa: o jornalista Waldir Araújo, delegado da RTP-África na Guiné-Bissau, foi selvaticamente agredido na madrugada de 27 de julho de 2025 por indivíduos não identificados, que o acusaram de “denegrir a imagem da Guiné-Bissau no exterior”. Um atentado cobarde à liberdade de expressão e ao direito à informação.

A suposta execução sumária de Mamadu Tanu Bari, a selvagem agressão ao jornalista Waldir Araújo e as sistemáticas e ilegais detenções arbitrárias de inúmeros cidadãos não são meros episódios isolados – são manifestações gritantes de uma escalada intolerável de violência institucionalizada, que revela a acelerada desintegração do Estado de Direito e afunda a Guiné-Bissau numa crise devastadora, dominada por uma impunidade corrosiva, um clima de terror generalizado e a destruição progressiva das liberdades mais básicas.

Perante esta realidade grave e alarmante, a LGDH decide o seguinte:

  1. Condenar a hipotética execução sumária de Mamadu Tanu Bari, exigindo a abertura imediata de uma investigação independente, imparcial e transparente, visando a responsabilização criminal dos autores morais e materiais;
  1. Denunciar o silêncio cúmplice e ensurdecedor das autoridades nacionais perante este eventual crime de execução extrajudicial premeditada;
  2. Instar o Ministério Público a agir de forma célere e determinada, iniciando processos criminais contra todos os envolvidos na suposta morte de Tanu Bari;
  3. Condenar severamente a agressão violenta e cobarde ao jornalista Waldir Araújo, um ataque claro à liberdade de imprensa e ao Estado de Direito;
  1. Exigir, com a máxima urgência, às autoridades judiciárias a pronta identificação e a severa responsabilização criminal dos autores da agressão hedionda e intolerável perpetrada contra o jornalista Waldir Araújo, em estrita observância dos princípios da justiça e do Estado de Direito;
  1. Exigir a libertação imediata e incondicional de Tcherno Bari e de todos os cidadãos detidos ilegalmente no âmbito de um caso envolto em total opacidade, em violação flagrante dos direitos fundamentais;
  2. Reiterar o apelo urgente ao fim de todas as formas de perseguição política, detenções arbitrárias, tortura e execuções sumárias, sejam as vítimas civis ou militares;
  3. Reiterar a sua inabalável e irrevogável determinação em prosseguir, de forma intransigente e implacável, na salvaguarda dos direitos humanos e dos princípios estruturantes que consagram e garantem a supremacia do Estado de Direito.

Pela Paz, Justiça e Direitos Humanos

Feito em Bissau aos 28 dias do mês de Julho de 2025

A Direção Nacional

 

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