A Coligação Eleitoral, Aliança Patriótica Inclusiva (API – Cabaz Garandi) está tremida e pode a qualquer momento conhecer crise e cisões. Os dirigentes das duas alas do Partido de Renovação Social (PRS), estão em negociações para reunificar o partido e uma das condições na mesa é o abandono a Coligação API, caso a outra parte anule o seu Congresso. Essas negociações inicialmente patrocinadas por um Conselheiro do Presidente da República, estão a ter um impacto brutal na luta da oposição, nomeadamente Aliança Patriótica Inclusiva (API – Cabaz Garandi) que tem demonstrado algum abrandamento na sua luta.
Fernando Dias disse no dia 12 de Fevereiro corrente que, informou a Braima Camará que estão a negociar “com os seus irmãos” e que “antes de iniciarem as negociações”, informou todos os responsáveis da API. O presidente de uma das alas do PRS afirmou ter ouvido acusações em como tem aparecido na Presidência da República nos calares das noites na tentativa de reconciliar-se com o Chefe de Estado, mas responde que, se quiser reconciliar com o Chefe de Estado, a sua movimentação será em pleno dia. “O Coordenador do MADEM-G15 na conversa que tivemos, disse-nos que falou com o Coordenador da Plataforma Republicana sobre a busca de solução para a situação prevalecente no país. Também como membro da API, somos pela busca de solução por via do diálogo desde que o actual poder instalado tenha vontade para que haja este diálogo, porque é ele quem deve liderar este processo com honestidade. Havendo honestidade e sinceridade, encontraremos solução. Porquê? Por a solução vem da classe política”.
Nas suas declarações, Dias disse que para que haja saída, o PR tem de convocar os partidos e coligações para que apresente a sua proposta. “Aproveitamos para informar ao Coordenador do MADEM de que, os nossos irmãos do outro lado convidaram-nos para um debate de ideias sobre possíveis saídas da crise interna. Estamos a conversar. Mas é bom que todos saibam que, antes de partirmos para o encontro com eles, informamos aos membros da nossa coligação de que vamos reunir com os nossos colegas. Mas, aceitamos dialogar com eles, porque estamos num regime democrático. Na ditadura, a força é única via de resolver os problemas. Na democracia, o que resolver os problemas é o diálogo.
É por isso que, em cada momento defendemos que as pessoas priorizem o diálogo para a busca de solução. Diálogo sem prepotência, sem arrogância. Alguém até pode ter mais força, mais dinheiro e não tem pessoas”, explicou.
Dias defende o diálogo entre os militantes do PRS, porque o partido é um projecto enorme e, vale a pena dialogar, porque a sua preocupação é para que torne num partido sólido. “Uma vez, o Engº. Alamara Nhassé disse que, as pessoas estavam a cortar ramos da árvore que nos garantia sombra. Mas estas pessoas não sabiam que, se a árvore desaparecesse, todos nós seríamos atingido pelos raio de sol. É isso que está a acontecer: estamos a cortar a nossa árvore, mas só no dia em que queimar ou secar é que vamos perceber que não estávamos a fazer bom trabalho e será tarde. Aproveitamos para informar a Braima Camará que, estamos num debate interno”, alertou.
Quanto as especulações sobre estar a mudar de posição, Fernando Dias em resposta a aqueles que chama de seus detractores, disse que o PRS é um partido liberal com o direito de iniciativas internas desde que não põem em causa, o projecto comum com API. “Dizer que fomos reunir com o PR no calar da noite, não é verdade. Porque se eu pedir ao PR para encontrarmos no Hotel império, ele não aceita. Será que ele vai a minha casa para encontros daquela natureza a noite!? Por favor! Existem questões que nem podem ser colocadas e essas especulações não devem ser valorizadas”.
Já de forma musculada, Fernando Dias assegurou que, no dia em que precisar de falar com o PR, vai ao Palácio em pleno dia. “Onde está o problema de eu ir a Presidência”, questionou para mais adiante assegurar que, se tiver que ir, vai acompanhado da sua delegação para discutirmos os assuntos do país.
“Só isso. Não adianta pensar nisso. Aceitei os sacrifícios desde primeira hora e não será no momento em que tudo está prestes a terminar é que vou mudar. O que apelo a todos é unidade nacional, porque o povo espera de nós, respostas sobre os problemas do país. Por isso, a API- Cabaz Garandi tem muita responsabilidade. Aquilo que Braima disse, subescrevo. Estamos aberto para um diálogo franco, aberto e baseado nos princípios de honestidade e transparência no tratamento dos assuntos sérios”.
Nos últimos tempos na Guiné-Bissau, o debate tem sido tanto sobre o dia 27 de Fevereiro corrente, que marca o fim do mandato do Presidente da República. “Todos ouviram a posição da API sobre isso. Não estaremos aqui para revelar o que vai acontecer. Aguardem! Individualmente não podemos revelar o que será feito sem concertação. A nossa posição sobre esse dia será novamente conhecida. O que queremos aqui é convidar o poder instalado para convocar um encontro nacional com as lideranças e as partes interessadas para podermos encontrar uma saída para a crise”, apelou.
Reconciliados o PRS sai da API
Enquanto isso, o Jornal Última Hora sabe de fontes do PRS que, as duas alas já reuniram duas vezes e, mesmo antes de um acordo formal, chegaram a um consenso para “estabelecerem tréguas” e alguns condicionalismos impostos já estão a serem observados. A ala do PRS liderada por Fernando Dias, por exemplo, exige que os seus opositores internos renunciem o Congresso extraordinário que levou Felix Nandunguê a liderança reconhecida pela justiça guineense através da anotação do Supremo Tribunal de Justiça. Em consequência, a ala de Fernando Dias se comprometeu em cessar todos os ataques aos seus opositores, incluindo o Presidente da República, enquanto as partes estiverem a negociar para a realização de um congresso extraordinário.
Um dos maiores impactos dessa fase inicial de negociações, embora ainda sem qualquer acordo formal, é a fraca presença da ala de Fernando Dias nas lutas políticas em que ambos estavam envolvidos, contra o regime instalado.
Neste momento praticamente a ala de Fernando Dias, para além do silêncio, parece estar a cumprir a letra o pré-acordo verbal de cessação de hostilidades porque, para além de não aparecer ao lado de Braima Camará na promoção da API, não participou recentemente na reunião online da Comissão Permanente da ANP, alegando questões de conexão da rede internet. Um argumento facilmente atacável, por ser ineficiente, tendo em conta que, dos 12 participantes, 9 estavam na Guiné-Bissau e a rede de conexão funcionou plenamente. Aliás, também não participou na reunião, Mário Siano Fambé, outro dirigente do PRS da ala de Fernando Dias e acredita-se é no quadro de cessação de hostilidades políticas.
Coincidência ou não, o Presidente da República já havia garantido que, não se sente preocupado com a coligação API, porque a ala do PRS de Fernando Dias é do seu campo e, no dia em que quisesse, iria destruir “Cabaz Garandi”. Certo ou não,. a destruição da Coligação API parece estar em andamento, tendo em conta que, a mesma deixou de pronunciar há cerca de duas semanas e o presidente da APU-PDGB, Nuno Nabian, também, se mostra ausente na arena política. Braima Camará, o mais determinado nos últimos na luta contra o PR e que reiteradas vezes fala no fim do mandato em 27 de Fevereiro, parece estar a andar só. depois de sair do luto da morte da mãe há quase dois meses, Braima Canmará fez uma intensa campanha política de agradecimento durante quase uma semana, sem que se veja ao lado dele, nenhum dirigente da API. Paradoxo é que, apesar de intitular a sua movimentação de agradecimento0 de todos aqueles que lhe cumprimentar durante a morte da mãe, Braima Camará andou com “Cabaz Garandi”, falou das eleições, disse que era apoiante de Umaro Sissoco Embaló, mas agora não, porque sentiu-se traído por aquele que, recusou cumprir o acordo que tinham de lhe apoiar para ele também (Braima Camará) ser Presidente da República. Em mais de 7 zonas de concentração de votos do seu partido, Braima Camará apresentou Cabaz Garandi, falou de Fernando Dias, de Nuno Nabian, de Baciro Djá, mas nenhum, deles estava presente.