As mulheres Combatentes da Liberdade da Pátria e as da UDEMU (organização das mulheres do PAIGC) foram impedidas na manhã desta Terça-feira (30) de depositar as coroas de flores na Praça Titina Silá, em homengem a heroína que tomou nessa dia há 51 anos. A caravana da homenagem chegou a Praça Titina Silá quando eram 9 horas e a frente estavam combatentes como Teodora Inácia Gomes, Zinha Sanca, Ulé Na Biotche, Francisca Pereira e Cadi Seidi, mas foi impedida alegadamente por ordem superior. Como a caravana era numerosa e mista, os promotores tentaram um plano B, enviando para a deposição apenas as mulheres combatentes Teodora e Francisca. Novamente os homens armados não só recusaram-lhes acesso, como não aceitaram que fossem eles mesmo a depositar. Teodora Inácia Gomes revelou a imprensa ter alertado aos mesmos que, fará o necessário para perguntar a Umaro Sissoco Embaló, Presidente da República se sabe desse atentado contra às datas históricas.
Como saída, as mulheres combatentes voltaram a sede do PAIGC e novamente a caravana da UDEMU rumaram ao Cemitério Municipal onde depositaram todas as coroas que tinham. No local, a primeira a usar de palavra foi Zinha Sanca, Combatente que qualificou de triste o facto de terem dado vida para que o país tenha liberdade, mas que hoje não existe. “Essa coroa era para Praça do Heróis Nacionais, porque muitos ficaram no campo de batalha. Fomos impedidos de ir Amura. Por isso, optamos por Carmen Pereira. Não era este o destino. Mas, não queremos que isso continue. Todos os nossos sacrifícios eram para que haja liberdade. Hoje, não há liberdade. Ninguém consegue dormir tranquilo, nem fazer um gesto de homenagem”, lamentou a Combatente.
Por sua vez, Teodora Inácia Gomes, que acredita em Carmen Pereira como “boa portadora” e fez mesmo questão de dizer que foram socorrer-se na sua campa, também classifica de triste o comportamento das forças de ordem. “Devemos homenagear os combatentes. Aqueles que foram para a luta tinham idade jovem. Decidiram sacrificar de modo a poder ganhar a independência. O acto de depositar era para homenageá-los. Mas fomos impedidos. Tentamos que sejam eles a depositar. Recusaram. Tive ainda o cuidado de avisar aqueles jovens que, no dia em que encontrar Umaro vou explicá-lo e perguntar se na verdade sabe disso”.
A seguir ela perguntou o que é que está a acontecer no país com tantas agressões e tentativas de matar a história. A combate assegurou que, a sua determinação neste momento é fazer Umaro Sissoco saber da presente situação, porque está-se a matar a história. “Eu e Titina Sila, fomos das primeiras a fazer acção política. Sou das poucas sobreviventes. A camarada Francisca já estava lá e foi ela quem nos recebeu. Tudo isso é histórico. A mobilização que fizemos. As medinas que orientamos. É história”.
Ela explicou que, a heroína Titina Silá nasceu em Catió e foi criado em Bissau. Mas regressou para Sul e foi lá é que entrou para a luta. “Teve mudanças para norte a pedido de Nino Vieira. Foram para o Estágio um total de 20 pessoas. Carmem tinha 20 pessoas e Francisca tinha 30. Todas estas meninas quando regressaram estavam nas nossas mãos. Na luta a mulher fazia tudo. Fazia a política, tratava feridos, cozinha etc… Titina Silá foi comissaria política de Frente norte, responsável de saúde e formadora das milicianas. Ela é o nosso orgulho”.
Sem nunca perder de vista as barreiras que têm sido colocadas as acções políticas do PAIGC, Teodora Inácia falou das Leis do país. Criticou o facto de um decreto do PR estar a suplantar a lei da Assembleia Nacional Popular. “Disseram-nos na Amura que foi o Presidente Sissoco é que deu ordem. Agora vamos marcar audiência com Sissoco para poder superar esta situação. Esta vergonha tem de sair. As datas históricas não podem acabar. Qualquer um deles não aceitaria que os seus familiares não sejam visitadas”, rematou.