Nacional Política

Aliança PRS-APU denuncia a existência de droga e sinais de ditadura na Guiné-Bissau

A recente aliança política entre o PRS e APU já começou a dar frutos, mas numa persapectiva diametralmente oposta a presumida aquando da sua assinatura da mesma. No dia 27 de Janeiro em Bissorã, no quadro da sua apresentação na nova frente política aos militantes dos dois partidos, os líderes da Aliança, Fernando Dias, 1º vice-Presidente da ANP e Nuno Gomes Nabian, ex-PM e Conselheiro Especial do Presidente da República apareceram em ataque ao regime de Umaro Sissoco Embaló. Fernando Dias disse que “não se pode aceitar a implantação da ditadura” e que os prisioneiros do caso 1 de Fevereiro de 2022 “estão sequestrados”, enquanto que Nuno Nabian denunciou existência de “muita droga” e que “o país precisa de ser urgentemente salvo”.
Foi sem dúvidas uma aparição inesperada, acutilante e direccionada. Na sua intervenção, Fernando Dias negou qualquer incentivo de terceiros para que APU e PRS pudessem aproximar. “Ninguém impôs-nos a união. Nós é que decidimos. Foi o PRS e APU que decidiram por vontade própria andar na mesma frente”, disse o presidente em exercício do PRS, contrariando claramente as recentes declarações do Presidente da República aquando da assinatura do acordo entre os dois partidos onde revelou ter aconselhado a fusão por serem partidos que partilham a mesma base.
Dias denunciou interferência de terceiros nas lideranças dos partidos políticos e avisou que, aquilo jamais trará paz na Guiné-Bissau. “O ex-PM vos falou de vários cenários. É verdade. A democracia é feita no parlamento. Por isso, os partidos devem ter unidade e coesão. Não podemos permitir que haja alguém a instrumentar e a desestabilizar as lideranças. Isso é mau. Porque, quando assim acontece, não há paz. Não se pode criar problemas no partidos. Se continuar assim, não haverá estabilidade. Se vierem brigar comigo, não ficarei de braços cruzados, brigarei com eles e quem perde é o país”, afirmou para mais adiante gritar “abaixo princípios antidemocráticos; abaixo ditadura; abaixo a tentativa de implantar a ditadura no país,
Fernando Dias afirmou no seu discurso que, se quisesse dinheiro, não haveria sequer o Governo do PAIGC recentemente demitido, mas não entrou em detalhes. “O que ganho, enquanto quadro da ASECNA dá para viver com a minha família. O problema é que, ao dissermos a verdade a certas pessoas, não gostam e aparecem com essas acusações. Tornam-se nos nossos adversários”, denunciou.
Sobre a questão dos prisioneiros do caso 1 de Fevereiro, afirmou que tanto ele como o ex-PM não são contra ninguém, mas a verdade e a justiça precisam, de ser afirmadas.
“O Estado está estruturado com poder judicial, executivo, legislativo. Está tudo separado. Agora, quando deixarmos as pessoas nos calabouços sem contar o que fizeram ou o tempo que vão ter na prisão, será que os outros não podem dizer nada? Então vamos continuar a luta. Quando não há julgamento, é sequestro. Ao falarmos do assunto, dizem que somos contra fulano ou beltrano. Sequestro das pessoas que estão a passar mal na prisão, não pode ser denunciado. Não há nenhum ser humano que deve ficar na prisão sem saber o dia em que vai sair”.
Dias aconselhou as pessoas para deixarem de aplicar leis das suas cabeças, porque se assim for, quando o outro chegar ao poder também aplica a sua lei. “Hoje, temos problemas um pouco por todo o lado. Porque os partidos políticos não estão bem. Porque existem, aqueles que querem estar em todos os partidos. Não vamos aceitar a interferência de mãos ocultas nos nossos partidos. Ou morremos todos, ou vivemos em paz permanente”, avisou Fernando Dias, portando o seu barrete vermelho.

Nuno Nabian: “há muita droga neste momento na Guiné-Bissau”
Por sua vez, o ex-Primeiro-ministro e Conselheiro Especial do PR, Nuno Gomes Nabian centrou a sua intervenção naquele que é, segundo ele a situação dramática e perigosa, capaz de colocar em risco a existência do Estado. “Hoje todo político guineense quer ser bilionário. Hoje há sinais de droga no país. Como PM, trabalhei com parceiros internacionais, ONU incluída, para informar que, não temos a capacidade de controlar o país. Digo que, se não empenharmos, a Guiné-Bissau será palco do negócio de droga”, avisou Nuno Nabian. O Conselheiro Especial do PR manifestou a sua inquietação com a droga na Guiné-Bissau porque, segundo as suas palavras, sabe dos seus efeitos. “Por isso, devemos reforçar o controlo e a vigilância. Tudo indica que neste momento há droga um pouco por todo o país. Os sinais são evidentes. Apelamos a Comunidade Internacional para nos assistir, porque sozinhos, não temos a capacidade de controlar o contrabando de droga no nosso Aeroporto ou no Porto”, insistiu Nuno Nabian.
Reiteradas vezes na sua intervenção, Nabian apela a CI para ajudar a Guiné-Bissau a combater este fenómeno. “Não podemos deixar o país que vá o caminho em que está a andar. Temos que desenvolver o país. É preciso criar um clima de confiança entre os guineenses”, frisou Nuno Nabian.

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