A detenção de três ex-responsáveis da Direcção-Geral de Floresta está eivada de várias irregularidades e muito dinheiro envolvido, segundo fontes da Polícia Judiciária (PJ) guineense que investiga o caso “Operação Bissilon”. A PJ apresentou os três detidos ao Tribunal de Bissorã no dia 31 para requerer a prisão preventiva, mas as buscas continuam, tendo em conta o que consideram de “falta de colaboração dos detidos”. Contudo, os dados preliminares da Polícia Judiciária na ‘Operação Bissilon”, indiciam a circulação de muito dinheiro, mas sobretudo muito fraude administrativa e financeira, sobre o que realmente se determinou na altura. A PJ começou por identificar uma autorização de exploração de madeira emitida para cinco empresários do sector. A irregularidade começou no acto a seguir, conforme fontes da Polícia Judiciária guineenses e até prova em contrário, facilitada pelos suspeitos. É que, os suspeitos detidos aproveitaram para emitir autorização de exploração.
“O que é grave é que eles desrespeitaram o despacho, depois autorizaram a exportação. É de lei que não se pode exportar e mais agravante não se pode exportar em toro”, disse um agente da PJ que acompanha o processo.
Chegadas estas informações a PJ, a investigação iniciou com a detenção do Director-Geral da Floresta, a seguir ao responsável financeiro. Sobre este último, a detenção é fundamentada com a contradição nas explicações que deu, após a emissão de um recibo de recebimento do dinheiro e depois argumentações em como foi em crédito.
“Portanto muita coisa não bate certo. Como é que, um responsável financeiro pode aceitar emitir um recibo em nome de crédito? Estranho. Quando foi confrontado pela Polícia Judiciária, disse que, a autorização de exportação foi em crédito. Não está correcto”, revelou.
Neste processo, a PJ anda com um misto de sentimento de falta de colaboração com a ocultação da verdade. Por exemplo em público, fala-se apenas de 8 camiões envolvidos neste processo. Os dados apurados pela PJ são largamente superiores a estes. Por exemplo, da madeira apreendida, só em Djeguê (Fronteira entre a Guiné-Bissau e o Senegal), foram apanhados 9 camiões. Em Ingoré outros 9, e dois camiões todos cheios de madeira em Bissorã.
“Mas o problema é que, por aquilo que podemos apurar há camiões escondidos e há madeira escondida. O ex-DG, o financeiro e o outro detido disseram a PJ que não sabiam de nada. Aliás, disseram que se limitaram apenas a emitir as autorizações e mais nada. O que é que pode ser entendido nisso: falta de colaboração”, garantiu.
No dia 31 de Agosto, a Polícia Judiciária guineense tentou apresentar os detidos ao juiz para efeito de legalização da prisão. Acontece que, em Bissau o Tribunal alegou-se incompetente, pelo que o assunto devia ser tratado na área de jurisdição onde aconteceu o acto.
Obedecendo a esta orientação, através da PJ, os suspeitos foram de imediatos transportados para Bissorã onde foram apresentados ao juiz. A PJ entende que, a gravidade da situação justifica sem dúvidas a legalização da detenção.
“Há muito dinheiro em jogo neste processo. Avaliações já feitas demonstram que podem estar em causa mais de 200 milhões de Fcfa. Não estamos em condições de avançar dados, mas acreditamos nos valores estimados”, referiu.
Sabino Santos