O Coordenador do Movimento Alternância Democrática (MADEM) ausente do país há quase 9 meses supostamente por questões de segurança, deverá regressar ao país. O regresso de Braima Camará tornou-se agora uma das prioridades do partido e os dirigentes decidiram que deve acontecer a curto prazo, independentemente das relações com o Presidente da República, Umaro Sissoco. UH sabe de fontes dignas de crédito no partido que, Braima Camará já foi abordado pelos seus camaradas do partido que concluíram que, já não existem motivos para se continuar ausente. Essa ausência, segundo os dirigentes do MADEM, está a ser bastante prejudicial para o partido. Noutra perspectiva, o PR reuniu com os dirigentes do MADEM onde teceu severas a forma como o partido tem actuado em relação a sua pessoa. A reunião decorreu há cerca de uma semana na casa de um dos veteranos dirigentes, com intuito de evitar às acusações de participação do Chefe do Estado nos encontros políticos.
Mas o tema dominante da actualidade no MADEM é mesmo o regresso de Braima Camará ao país e alguns dirigentes estão mesmo a exigir que isso aconteça o mais rápido possível para evitar as especulações sobre a crise de relacionamento com o Chefe de Estado. Em virtude dessa exigência com carácter de solidariedade, terá ficado acordado que, Camará vai regressar ao país assim que terminar o período do jejum, islâmico. E, a acontecer será o mais «cedo em Maio» e serão praticamente, 10 meses de ausência.
Braima Camará deixou o país depois do polémico Conselho Nacional do MADEM em Julho de 2021 e muito se falou na altura sobre uma eventual crise entre ele e o Presidente da República. Embora os dois não assumiram publicamente a crise, a verdade é que Umaro Sissoco Embaló exigiu de imediato que fosse organizado um outro Conselho Nacional onde teria a oportunidade de dissipar as dúvidas sobre as acusações que foi alvo.
O Conselho Nacional não teve lugar, mas houve uma reunião restrita em que Umaro Sissoco participou e rebateu todas as acusações de que foi alvo. No final da referida reunião e no mesmo dia, Braima Camará saiu do país e jamais voltou. Meses depois, fontes próximas ao Coordenador dom MADEM invocaram questões ligadas a segurança de Camará como motivos da ausência prolongada na Guiné-Bissau.
A medida em que o tempo passa crescem inquietações sobre a ausência e os dirigentes do partido acabaram por chegar a conclusão que, Braima Camará deve ser convidado a regressar, porque estando fora, não é bom para a imagem do MADEM. Ele terá aceite, mas ficaram promessas que isso só pode acontecer depois do Ramadão, quando as condições de segurança forem criadas.
Hás cerca de duas semanas (1 de Abril), num Comício Popular no Círculo 24 em Bissau para apresentação de novos aderentes do partido, Fidélis Forbs, dirigente do MADEM e próximo de Braima Camará apelou o regresso do Coordenador do partido ao país.
Umaro Sissoco Embaló denuncia falta de apoio político do MADEM
Entretanto na última semana, cenários mostraram novamente o azedar de relações entre o MADEM e o Chefe do Estado. Ocorreu uma reunião que juntou altos dirigentes do MADEM e o PR na Casa de Luís Oliveira Sanca. Um dos elementos que participou na reunião disse ao UH quer a ocasião serviu para o PRE mostrar a sua posição «de revolta» face ao relacionamento com o MADEM. O Chefe de Estado terá feito certas críticas sobre a forma como o partido está a funcionar em relação a sua figura, alegando claramente falta de apoio político. Sissoco Embaló foi bastante crítico ao partido, denunciando claramente uma falta de apoio do partido que ajudou a criar.
A acutilância das críticas do PR e essa vontade de ver o Coordenador regressar, acabaram por deixar o partido numa situação complexa. O mau clima de relacionamento entre as duas figuras com mais peso no partido é do conhecimento dos altos dirigentes, pelo que tudo estão a fazer para que não haja explosões. Aliás, no aludido Conselho Nacional de 2021, alguns dirigentes do MADEM foram severamente atacados, por supostamente serem informantes internos de Umaro Sissoco Embaló.
A única coisa que os dirigentes do MADEM conseguiram salvaguardar foi o espaço do encontro. Em vez da sede do partido, a reunião decorreu na casa do veterano do MADEM, Luís Oliveira Sanca. “Não podemos reunir na sede, porque diriam depois que o PR costuma tomar parte nos encontros do MADEM”, afiançou ao UH, um alto dirigente do partido.
O PR que sempre reclamou ser ele o criador do MADEM, decidiu não poupar os colegas do partido desde Conselho Nacional em que ele e alguns dos seus colaboradores foram fortemente atacados. A situação agravou, quando o ministro do Interior, Botche Candé fundou o seu partido. Dirigentes do MADEM acusaram o PR de estar por detrás daquela formação política. Em reacção, o PR negou o seu envolvimento no partido, mas advertiu aos dirigentes do MADEM sobre o risco do partido desaparecer caso continuar com essa postura.