O Contra-Almirante José Américo Bubo Natchuto suspeito de envolvimento no suposto golpe de 1 de Fevereiro encontra-se doente e internado. No dia 11 de Abril, Bubo Natchuto deu entrada e devidamente registado no Hospital Nacional Simão Mendes, mas à madrugada foi retirado. Uma fonte familiar avançou ao E-Global que, o Contra-Almirante se apresentou com alguma inflamação nos pés e o médico que o atendeu ordenou o imediato internamento. Só que, acabou por sair a madrugada contra a sua vontade e da família, porque haviam orientações nesse sentido.
No entanto, uma segunda versão adianta que, a saída do hospital tem a ver mais com questões psicológicas e ligadas a outros doentes. É que, com a sua presença no Hospital, o espaço foi patrulhado por militares fortemente armados. Por ser um ambiente propenso a traumatização dos demais doentes, a opção de transferi-lo já para um hospital de caris militar foi equacionada e executada.
Mas a versão dominante é mesmo da saída forçada. Uma fonte familiar revelou que, quando começaram a criar condições para a sua permanência, chegaram “ordens superiores” em como devia mudar do Hospital. A fonte conta que ao receber informações desta decisão, Bubo Natchuto resistiu a mudança, alegando preferir ficar no Hospital Simão Mendes.
Na segunda vaga para a sua saída, aqueles que vieram com informações garantiram que tinham ordens para retirá-lo, mesmo contra a sua vontade. Ao mantiverem essa disponibilidade, a resistência da família e do próprio caíram.
Foi perante esta ameaça do uso de força que, Bubo Natchuto saiu do Hospital Simão Mendes directamente para Sino-guineense, vulgarmente conhecido como hospital militar. Antes, a família inclusive ensaiou interná-lo numa Clínica, mas essa possibilidade foi rapidamente recusada pelos responsáveis pela sua detenção.
Os oficiais militares do país não dão cara num processo altamente controverso. Porque ao invés de ser tratado no Tribunal Militar, foi levado para civil. E, a abordagem do Ministério Público tem saldado em quase libertação de todos os detidos. O Tribunal Militar em claro litígio com o CEMGFA, Biaguê Na Ntan, por não ter detido os primeiros suspeitos há quase um ano, ficou afastado deste processo e recentemente admitiu-se mesmo a possibilidade do seu Presidente, Daba Na Walna ser demitido das suas funções.
Neste momento, a única certeza existente é que o Estado de saúde de Bubo Natchuto inspira alguns cuidados e a maior preocupação da família neste momento é ter uma autorização para poder tratá-lo onde existir mais condições.
O processo militar ligado ao golpe continua a ser objecto de discussão. Os militares detidos ainda não foram libertados na totalidade. Ainda não existe uma acusação definitiva, mas informações dignas de crédito dão conta que certos militares “neste momento detidos” deverão parar ao Tribunal para o julgamento.
LGDH preocupada com a situação dos detidos
A Liga Guineense dos Direitos Humanos alega que vários detidos na sequência da tentativa de golpe de Estado de fevereiro passado se encontram doentes. A organização pede a intervenção do Procurador-Geral da República no sentido de transferir aquelas pessoas para centros médicos ou para outros estabelecimentos melhores. O caso mais grave será o dos detidos na 2ª Esquadra de Bissau.
Ao certo, a Liga desconhece o número exato de pessoas detidas, entre militares e civis. A Liga dos Direitos Humanos apenas sabe que as condições de detenção na 2ª Esquadra em Bissau são desumanas. Citado pela RFI, Turé diz que, se alguns dos detidos não forem transferidos para outros estabelecimentos de reclusão poderão morrer. Bubacar Turé, vice-presidente da Liga dos Direitos Humanos, apresenta aqui a preocupação da organização sobre a situação dos detidos em conexão com a tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro passado. “Nós, enquanto organização, somos contra a impunidade, mas também somos contra tratamentos cruéis e desumanos e, por isso, vamos continuar a monitorizar a situação destes detidos e exigir ao Estado para cumprir com as suas obrigações internacionais na matéria de tratamento digno dos reclusos. A Guiné-Bissau, enquanto país, assinou vários instrumentos internacionais sobre esta matéria e, por conseguinte, deve cumprir as suas obrigações”, começou por referir. Bubacar Turé evidenciou ainda a necessidade de um esclarecimento acerca das “circunstâncias do caso 1 de Fevereiro, mas também não podemos esquecer, de forma alguma, que todos os detidos são inocentes, até ao trânsito em julgado ou uma sentença condenatória“.